4 de dezembro de 2009

NOS CORREDORES DO PODERIO EUROPEU

REPORTAGEM:

Imprensa local e regional convidada pelo Bloco de Esquerda a conhecer os meandros do Parlamento Europeu

Cerca de 40 jornalistas e directores de vários órgãos de comunicação social de imprensa local e regional, espalhados um pouco por todo o país, foram convidados, por um período de três dias, a visitarem o Parlamento Europeu e a cidade que o acolhe, Bruxelas.
O avião partiu de Lisboa às 19:40 do dia 19 de Novembro, para chegar ao Aeroporto Internacional de Bruxelas próximo da meia-noite. Uma responsável da organização esperava pelos jornalistas e foi aí que começámos a ver quem era quem e a organizarmo-nos para seguirmos para o hotel HUSA President, ao qual chegámos quase à 1h da manhã.

Como era tarde, decidi permanecer no hotel, ao contrário de alguns colegas meus que, por bem, decidiram aventurar-se na noite belga. Nesse dia, tinha acordado cedo, mais duas viagens de avião, Bragança-Lisboa e Lisboa-Bruxelas, e uma tarde passada a divagar no aeroporto do ponto de partida do meu último voo. Estava cansado, admito! O pequeno-almoço, no dia seguinte, estava marcado para as 8 horas, não esquecendo o "pequeno" pormenor de que a Bélgica significa uma hora a menos de um “precioso sono”. Por isso, apontei o norte ao meu quarto e adormeci pelas duas e trinta da manhã.
Sexta-feira, sem imprevistos. O dia madrugou cedo. Desci e na sala sentei-me na mesa com uns jornalistas, na altura, ainda desconhecidos. Numa conversa animadamente matutina, deliciei-me com um pequeno-almoço apetrechado. Éramos tantos que uma tentativa de nos organizarmos a todos teria sido em vão. Assim, eu e uma colega do Leiria Económico traçámos uma rota plausível. “De táxi não, que ainda temos tempo. Vamos antes de metro e aproveitamos para conhecer”, disse ela com o mapa na mão. Eu concordei, mas não fosse uma simpática estrangeira emigrada em Bruxelas a orientar-nos com a sua companhia e tínhamos ido parar a Amesterdão. Depois de 3 estações de metro e 2 trocas de linha, agradecemos-lhe e seguimos a pé. Em 15 minutos, avistámos o Parlamento Europeu e, à hora prevista, 9:30, marcámos o ponto.
Depois de aguardarmos pelos restantes colegas, fomos identificados e entrámos no majestoso edifício, pela porta lateral. “Este é o local por onde entram as visitas”, alguém disse. Seguiu-se uma revista minuciosa a detector de metais, não levássemos nenhum cocktail molotof. Seguimos para uma sala onde se deu o encontro entre “nós” e os bloquistas, mais precisamente, Miguel Portas e Marisa Matias, eurodeputados pelo Bloco de Esquerda e co-financiadores desta visita. Com a presença de Rui Tavares e o trio estaria completo!
Em debate com os “eurobloquistas” sobre a arquitectura europeia, as alterações climáticas e a Conferência de Copenhaga, a Linha do Tua e o Plano Nacional de Barragens

Em conversa demorada, com direito a perguntas e respostas, satisfiz a minha curiosidade em rasgada discussão. E a visita que estaria programada para terminar por volta das 11:30, conheceu o seu fim já perto das 14 horas. E o tão desejado almoço? Uns decidiram ficar na “cantina europeia”, outros nem sei, mas dentro do nosso precioso grupo, um dos jornalistas, José Vinhas, tem um irmão, o Aureliano, que é dono de um restaurante em Bruxelas, o ”Penafidelis”. Prometeu-nos "boa chicha", "boa pinga" e tudo isso a um “preço reduzido”. Nós fomos! Umas estações de metro, mais umas linhas e seriam umas 15 horas quando conhecemos o apetecido destino. Costeletões regados a cerveja belga que, por sinal, é de eleição. Comemos muito bem e pagámos melhor, 20 euros. “Uma refeição na Bélgica por esse preço é quase dada”, avançou um membro honorário do grupo com a certeza europeia de quem já tinha estado em Bruxelas por diversas ocasiões, sempre a convite de um qualquer partido político.

Restavam 180 minutos para um jantar marcado para as 20 horas, escurecia e as meninas ainda suspiravam pelo Átomo. Um poiso turístico longínquo às portas da cidade, alcançado num autêntico contra-relógio. Primeiro fomos de autocarro, mas chegámos à conclusão que era demasiado lento, demasiado tarde para uma sexta-feira, e mudámos de transporte. Decisão sábia, para o entra e sai do “trem” subterrâneo.


Chegados ao Átomo, começou a chover intensamente, tanto que a maioria do grupo decidiu permanecer na estação, à espera dos restantes. Neste caso, eu e mais três jornalistas. O acordo era simples, 5 minutos para o objecto de visita, que incluíam, sensivelmente, umas dez fotografias. E não havia tempo para mais! Entretanto, regressámos ao hotel, preparámo-nos a preceito e fomos ao jantar promovido pelo Bloco de Esquerda num restaurante chamado “Amadeus”. Era principesco, forrado a livros, tipo biblioteca do século XVI, e com música ambiente. Ao fundo, uma sala só para nós. A comida era estranha, talvez devido ao molho agridoce. Salvou-a o vinho, a sobremesa e a companhia. Seguiu-se uma visita pelo movimentado centro de Bruxelas a servir de digestivo, depois um bar com aroma internacional, onde reinavam estrangeiros e a simpatia local, mais uns retratos típicos de turistas num regresso ao hotel demasiado antecipado.


No dia seguinte, sábado, acordámos cedo para o pequeno-almoço, seguiram-se umas compras pelo centro, sobretudo, chocolates, um “fast-lunch” em que comi o kebab mais delicioso que podem imaginar e siga, rumo a Portugal.

Hora de chegada ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro, 19 horas, conforme previsto. Em stand-by, a família! Não demorei, cumprimentei e afaguei, matei saudades porque à minha espera estava a boleia que me traria a Vila-Real, Luís Mendonça, director da Rádio Universitária daquela cidade. Seguiram-se duas horas de viagem no autocarro, tempo mais que suficiente para combinar com amigos a noite que me esperaria na cidade que me adivinha. A viagem: Saldo sinceramente positivo!

OPINIÕES FORMADAS
João Fernandes, director do "Falcão do Minho"

Da visita ao parlamento em Bruxelas, é sempre útil sabermos como tudo funciona, e o que fazem o deputados junto da Comissão e no Plenário, ao discutirem e proporem assuntos de interesse para as regiões e povos.
Do que gostamos mais foi do debate que se estabeleceu com a coordenadora da Informação do Bloco de Esquerda, Carmen Hilário, onde pudemos dar a nossa opinião e reivindicarmos as verbas que são destinadas aos jornais de proximidade, através de vários programas dos Fundos Estruturais que vão desde a água que bebemos à investigação científica, passando pelas pequenas e grandes obras públicas, dinheiros que deveriam ser distribuídos pelos nossos jornais para publicitar os investimentos locais e regionais, que são desviados para outros fins, o que tem originado, com essa fraude, ao definhar economicamente a imprensa local e regional do nosso País, reflectindo-se no fracasso dos actos eleitorais pouco participados, para o
Parlamento Europeu.
A população do nosso País desconhece o papel da União Europeia no nosso desenvolvimento local e regional, e por isso ignora a União Europeia, nos actos eleitorais.
Este é um assunto que toda a imprensa de proximidade deveria ter em conta e reclamar junto de todas as Instituições que recebem dinheiros comunitários, das Câmaras ao Poder Central, o não cumprimento das directivas comunitárias, com a gravidade que representa o desvio de muitos milhões de euros que nos pertencem e são desviados para sectores diversos.

Miguel Almeida, director Jornal "Vivacidade"

São iniciativas como estas que proporcionam à comunicação social regional um maior e melhor conhecimento daquilo que é feito no parlamento europeu . Quanto maior for esse conhecimento , mais e melhor informados serão os nossos leitores. O Vivacidade felicita e agradeçe a oportunidade .

Cátia Castro, jornalista da Rádio Universitária do Minho

Foi útil, na medida em que tivemos acesso a ferramentas que colocam os jornalistas mais próximos do Parlamento Europeu. Nomeadamente, através do site www.europarl.europa.eu ou do Parlamento TV. Outro ponto positivo foi o contacto directo com os actores principais da UE, os eurodeputados. Este tipo de viagem são uma forma de acabar com a ideia de que a "instituição" Europa é um meio muito fechado, sobretudo aos jornalistas dos media locais e regionais.



Na zona turca, em Bruxelas, prestes a entrar no metro com o intuito de visitar o Átomo


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