3 de março de 2010

MEDO NO CENTRO HOSPITALAR

Medo de falar, de dar a cara, de represálias, medo de perder o emprego, enfim, medo das administrações

No dia 25 de Fevereio, pela manhã, cerca de 50 enfermeiros e auxiliares de Acção Médica reuniram-se junto à estação dos correios, em greve pela falta de estabilidade na carreira profissional e por lhes terem sido retirados os suplementos. “Há 10 anos que somos licenciados e não recebemos como tal. As actualizações, em termos de carreira, não estão a ser feitas, nem tão pouco sabemos como vamos transitar para ela”, refere Elizabete Barreira, a trabalhar como enfermeira, há 10 anos, na Unidade de Bragança do Centro Hospitalar do Nordeste (CHNE).
Segundo esta profissional de saúde, “os salários estão cada vez mais baixos e soubemos, no dia anterior a recebermos, que nos iriam suspender os suplementos de horário nocturno das tardes, noites e fins-de-semana aos enfermeiros que estão em regime de contrato. Isso significa que a mim, este mês, pagaram-me 730 euros, quando devia era ter recebido cerca de 1100”, comenta indignada.
Quando confrontada com o número reduzido de manifestantes, Elizabete Barreira não considera sequer que tenha havido qualquer tipo de adesão, afirmando que, “as pessoas têm medo de falar e não dão a cara porque têm receio de perder o emprego, pois isto mexe com profissionais que dependem de um contrato de trabalho temporário.”

“As pessoas têm medo de comparecer numa reunião de rua porque estamos a ser totalmente oprimidos e não podemos falar”

Na última greve convocada pelos enfermeiros, em Lisboa, estiveram perto de 20 mil, numa classe que ronda os 50 mil profissionais. No entanto, os sindicatos falaram numa ordem de adesão de 90%. A nível regional, as pessoas não se mobilizam porque têm medo de represálias, conta Elizabete Barreira. “Existem pessoas de Trás-os-Montes que vão a Lisboa manifestar-se, de boa vontade, porque lá sentem-se realmente livres, mas aqui não o fazem com medo das administrações”, conclui a porta-voz do grupo.

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