25 de maio de 2011

UM EXEMPLO DE VIDA

Incapacitado, mas não incapaz, Joel pedala 10 mil quilómetros pela paz no mundo e pela “causa dos deficientes”

Era uma vez um desportista. Oriundo de uma típica região vinícola, Joel de Bermond vivia entretido no seu pequeno reino, onde se dedicava à agricultura. Já naqueles tempos, aspirava ser um porta-voz da paz aos homens de boa vontade espalhados pelos quatro cantos do mundo. Para concretizar tamanho sonho, organizou um longo périplo, em bicicleta, através da Ásia, para chegar a Pequim. Ele treinou arduamente para esse grande momento, os Jogos Olímpicos de 2008. Mas, uma reviravolta atroz do destino fez com que o sonho fosse interrompido. E pelos piores motivos.
Em pleno treino, enquanto pedalava, foi colhido por um condutor embriagado e deixado para morrer na berma da estrada. Corria o ano de 2006, aquando do trágico acidente que o deixou gravemente ferido e com o crânio desfeito.
Menosprezando todo e qualquer estereótipo, Joel empenhou-se arduamente num corajoso processo de reeducação. Uma habilitação surpreendente que durou mais de 15 meses, em que conseguiu reaprender a usar os joelhos. Perdido para sempre ficou o seu sentido de equilíbrio. Com tremores incontroláveis, o seu lado esquerdo sofre uma semi-paralisia e a mão esquerda inutilizada. O Síndroma de Raynaud também o ataca, um problema vaso-motriz que dá às mãos e aos pés um aspecto frio e pálido.
Sem poder pedalar na sua bicicleta, após aquele ano de esforço intenso, Joel adquiriu uma bicicleta com três rodas ou trike. E deu-se, então, o retomar dos treinos. E com a preparação física crescente, a possibilidade do sonho voltar a ocupar o seu lugar.
Sentindo-se, então, na sua melhor forma, viajou até ao Hemisfério Norte. Na Noruega, foi homenageado pelo governo com uma estátua em sua memória, que Joel inaugurou. Percorreu 14 mil quilómetros, em sete meses, mais concretamente até ao Cabo do Norte, no Círculo Polar Árctico para, depois, regressar a casa.

Bragança fez parte do roteiro deste sexagenário, que só terminará na Coreia do Sul

Neste seu segundo empreendimento, depois do acidente, Joel partiu de Narbonne, uma pequena povoação entre Toulouse e Montpellier, donde é natural, há um mês e meio. Passou por Santiago de Compostela, Chaves e, agora, por Bragança. “Empreendi esta jornada pela Humanidade. Pela paz no mundo e porque sou inválido, pretendo transmitir a todos aqueles que se encontram na mesma situação que é possível”, assegurou o francês, de 63 anos.
De Trás-os-Montes, região que não conhecia, destaca a sua beleza natural com paisagens de cortar a respiração. Mas não lhe agradam as encostas íngremes, que dificultam imenso a sua travessia.
Casado e pai de uma criança, o ciclista dirige-se, actualmente, para a capital, Lisboa, depois, seguem-se os Açores, Canadá, Alasca e Coreia do Sul. Onde dará por terminada a sua longa jornada de 10 mil quilómetros.
Joel de Bermond considera-se a si próprio um “modesto embaixador da paz”. Mas, este antigo alpinista, antes do acidente, havia já percorrido meio mundo. Desde os Himalaias, à Índia, passando por Itália, Croácia, Hungria, Eslovénia e restantes países europeus. Sempre, de bicicleta. A única diferença é que, agora, pedala numa trike. No entanto, a motivação é a mesma. E a força de vontade, cada vez maior. Aos locais que visita, Joel transporta as suas histórias, partilha as suas experiências, conforta todos os deficientes com excelentes motivos para continuarem a lutar e, essencialmente, acreditarem nos seus sonhos. “O meu objectivo é levar uma mensagem de esperança a todos os deficientes do mundo. Em particular, àqueles que sofreram traumas cranianos”, confidencia este símbolo vivo.




 

UM DESFILE SEM PARALELO

Estreia de luxo com os Homens da Luta, a desfilarem diante de um povo que tomou de assalto as ruas

Na tarde de segunda-feira, último dia da Semana Académica de Bragança, registou-se a maior enchente de que há memória na Avenida Sá Carneiro. O sol e o calor serviram de pano de fundo a uma “movida” onde o espírito académico paralisou parte da cidade. O Desfile multicolor dos Finalistas, regado a álcool quanto baste, fez-se ao rubro e em plena diversão. Sobressaíram os carros alegóricos dos respectivos cursos e os estudantes trajados a rigor.
A Associação Académica do Instituto Politécnico de Bragança (AAIPB) conseguiu envolver, pela primeira vez, a população brigantina. Algo pretendido há muito e constatado, agora, pelo seu presidente, Rui Sousa. “Normalmente, as pessoas vêem-nos passar e brindam os finalistas com um adeus. Desta vez, não só fizeram o mesmo, como participaram no desfile. Aproximaram-se para verem os Homens da Luta, divertiram-se e isso deixa-nos felizes”, assegurou o responsável.
Uma multidão de curiosos, lojistas, trabalhadores e, inclusive, de turistas, pararam, literalmente, nas imediações e por entre o desfile, na esperança de observarem os irmãos Vasco e Nuno Duarte, os protagonistas dos bonecos do PREC.


“Eles chegaram enquanto estávamos a meio de avaliar os carros. Então, fizeram uma brincadeira com os finalistas, onde se juntou a cidade em peso. Foi uma coisa impressionante, bárbara… Nunca tínhamos visto um desfile assim. Sem palavras!”, contou Rui Sousa, orgulhoso.
Outra novidade foi o patrocínio de uma marca de bebidas, que ofereceu “favaitos” aos finalistas. Alguns destaques deste ano seriam repetições de 2010, mas que nem por isso deixaram de ter mais sucesso. Foram os casos do Trio Eléctrico e da Festa da Espuma, com direito a um canhão extra, subindo para dois e que motivaram os estudantes para o banho antecipado num final de cortejo que decorreu sem incidentes.
Ao serão, depois do concerto do suspeito do costume, Quim Barreiros, e da enérgica e bem disposta actuação dos representantes de Portugal no Festival da Eurovisão, os resultados do desfile foram anunciados por Rui Sousa. Assim, o grande vencedor do Desfile de Finalistas 2011 foi Enfermagem. Depois, como houve um empate entre o segundo e o terceiro classificados, a AAIPB decidiu atribuir dois segundos lugares, repartidos entre Gestão e Fitofarmacologia e Plantas Medicinais. O Núcleo vencedor foi brindado com 150 euros e cada segundo lugar com 100 euros.


Um balanço mais que positivo

Na noite de sábado, a quantidade de pessoas presentes no Pavilhão do NERBA superou até as expectativas mais optimistas. Um número igualável só, talvez, pela actuação dos Xutos e Pontapés em 2010. O concerto de Pedro Abrunhosa arrastou um mar de gente que ouviu o artista em palco durante duas horas e meia.
Para o presidente da AAIPB, o destaque vai para dois dias, apesar dos restantes terem apresentado, também, “agradáveis surpresas”. Sábado, pela emotividade da Missa da Bênção das Pastas, pela Queima das Fitas e pela noite em si. E segunda-feira, pelo desfile e pela “ansiedade” de todos em verem os Homens da Luta, naquele que foi o primeiro concerto depois do Festival da Eurovisão.
Quanto aos 200 mil euros gastos no cartaz da Semana Académica, Rui Sousa é apologista de que se deve apostar em grande para obter um melhor retorno ou encaixe financeiro. “Não quisemos cortar no orçamento do cartaz e acho que fizemos bem. Se calhar é ao investirmos mais que conseguimos manter as coisas ou evoluir. Foi o que fizemos este ano. Mantivemos um cartaz caro numa altura difícil e as pessoas recompensaram-nos”, sustentou o presidente da AAIPB.


23 de maio de 2011

AMÍLCAR CORREIA


“Meios humanos e materiais são sempre escassos”


Nota Prévia: Todos os dados expressos nas respostas às questões colocadas são relativos a 2010, comparativamente a 2009, e dizem respeito, apenas, à área de responsabilidade da PSP, que são as cidades de Bragança e Mirandela.


FACTOS

Entrevistado: Amílcar Correia
Cargo: Comandante da PSP
Tópico: Relatório Anual de Segurança Interna 2010
Cidades: Bragança e Mirandela


ENTREVISTA

1) Houve mais ou menos participações de natureza criminal do que em 2009? Em que números?

R: Em 2009, a PSP registou 1192 crimes. Enquanto que, em 2010, registou 1147. Ou seja, menos 45, o que corresponde a uma diminuição relativa de 3,8 por cento.

2) Em 2010, houve mais ou menos furtos a residências do que em 2009? Quais os números por detrás dessa realidade?

R: Houve mais 30 furtos em residências. Em 2009, registaram-se 60 e, em 2010, 90 furtos.

3) Já no ano de 2011, têm-se registado imensos furtos. Alguns, bem recentemente. Como é que explica o aumento considerável desta tipologia de crime?

R: Ainda é prematura fazer-se esse tipo de afirmação. Tanto assim é que, no que se refere a furtos com arrombamento, escalamento e chave falsa em residências e outros, nos primeiros quatro meses de 2010, foram participadas 16 ocorrências. Em igual período, no corrente ano, foram participadas 14. O que corresponde a uma diminuição relativa de quase 12,5 por cento.

Se se refere à totalidade de crimes contra o património, nos primeiros quatro meses de 2011, então, verificou-se um aumento de 11 casos, o que corresponde a um aumento de 6 por cento.

4) Em 2010, verificaram-se mais ou menos casos de violência doméstica contra cônjuges em relação a 2009?

R: No geral, houve menos 16 participações criminais de violência doméstica. Isto é, de 135 passaram para 119, o que corresponde a uma redução relativa de 12 por cento. Especificamente, contra cônjuges ou companheiros, em 2009, foram 72 casos (53% do total), enquanto que, em 2010, foram 64 (quase 54% do total).

5) E em termos de tráfico de estupefacientes, em 2010. Registaram-se mais ou menos detenções relacionadas com este tipo de crime do que em 2009? Quais as quantidades apreendidas e quantos pessoas detidas em 2010?

R: Houve menos seis detenções. Em 2009, a PSP deteve 18 indivíduos e, em 2010, 12. Mas, em 2010, houve mais quatro pessoas identificadas, relacionadas com o consumo de estupefacientes (23/27).
Relativamente à quantidade de droga apreendida, em 2010, o valor foi superior: 3149 doses (1947 doses de heroína, 276 de cocaína e 926 de haxixe). Em 2009, a PSP apreendeu 2727 doses.

6) A nível de acidentes rodoviários, houve um aumento ou uma diminuição de sinistros? E quanto a mortos e feridos graves?

R: A PSP registou um aumento de 10% no número de acidentes participados – de 333 para 349. As vítimas passaram de 127 para 137, o que significa um aumento de 8%. Entre as vítimas, destaque para as duas mortes. Já em 2009, a PSP não havia registado qualquer morte. Feridos graves, em 2010, tivemos 28 e, em 2009, apenas se registaram 17. Ou seja, houve um aumento de 64% no que concerne aos feridos graves.


Criminalidade registada pela PSP no distrito de Bragança na última década indica que 2010 é o segundo ano com menor número de crimes, seguindo-se a 2002. Um paradoxo, visto que 2010 foi o ano em que “a crise” se começou a manifestar de forma mais evidente

7) Quais foram os cinco delitos mais participados em 2010?

R: Os 5 delitos mais participados foram: ofensas à integridade física voluntária simples, com 146 casos denunciados; outros furtos, com 122 casos; condução de veículo em estado de embriaguez, com 103 casos; ameaças e coacção, com 96 casos; e outros danos, com 94 situações.

8) Qual foi a maior investigação em curso durante o ano transacto e que tenha dado frutos?

R: Para responder à sua questão, recordo os dois artigos escritos por si para o mesmo jornal. O da edição de 10-08-2010, com o título de “Mega apreensão da PSP”, sobre a operação “Castelo”, que culminou com a intercepção de um casal por suspeita de tráfico de substâncias estupefacientes e a identificação de um menor. E a detenção do “assaltante aracnídeo”, da edição de 31-08-2010, ficando este, ao contrário do outro casal, em prisão preventiva. Ambos os casos aguardam, ainda, julgamento.

9) No actual contexto de crise política, o que é que mais preocupa a “sua” força de segurança?

R: Recaem sobre nós preocupações múltiplas. Em primeiro lugar, preocupamo-nos com questões de carácter social. O desemprego e a crise económica provocam um aumento considerável da pobreza e da exclusão social. Factores que, necessariamente, se repercutem na segurança e bem-estar das comunidades, aumentando a conflitualidade e afectando as relações de vizinhança, com reflexo da e na actividade policial. A polícia tem de estar preparada para ser capaz de providenciar resposta de qualidade. Não só em termos de segurança e tranquilidade públicas, mas, sobretudo, adoptando uma conduta de proactividade e prevenção, mais próxima dos problemas. Para, em parceria com outras instituições, poder detectar e reconhecer os problemas previamente, na tentativa de conjugar esforços para encontrar soluções. Esta problemática, leva-nos directamente à segunda preocupação, que tem a ver com os meios disponíveis, quer humanos, quer materiais. E esses, são sempre escassos.

19 de maio de 2011

CATEDRAL TRANSBORDOU DE FIÉIS FINALISTAS

O IPB conseguiu formar 770 finalistas em 2010/11,  reunidos na cerimónia da Bênção das Pastas

Nunca antes se havia registado tamanha enchente na Catedral de Bragança, por ocasião da Missa dos Finalistas. Se dentro não se cabia, fora, a confusão não era menor. O calor apertava e aos estudantes mais afligia, com as suas longas capas negras e camisas abotoadas. Já nos últimos dois anos, a missa havia atingido a célebre marca de lotação esgotada, em todas as frentes. Mas, este ano, a multidão conseguiu ser, ainda, mais numerosa. A solenidade de sábado passado demorou, aproximadamente, duas horas, perante uma audiência constituída por 770 finalistas do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), mais alunos, colegas, amigos e respectivas famílias.
Apesar de um cenário de crise cada vez mais acentuado, o Padre Octávio Sobrinho não permitiu à fé esmorecer, tentando transmitir uma mensagem de coragem e esperança. A motivação e o optimismo foram notas predominantes do presbítero, numa interpelação de confiança e convicção no futuro.
Do alto do púlpito clerical, um porta-voz dos finalistas testemunhou: “em primeiro lugar, queremos agradecer à nossa família, pais, irmãos, tios e avós. Agradecer o vosso empenho, a vossa dedicação, mas, sobretudo, e porque temos noção da realidade, os vossos sacrifícios para nos possibilitarem o acesso e a manutenção no ensino superior”.

A saudade e o companheirismo marcam, intrinsecamente, os estudantes que passam por Bragança

O estudante aproveitou, ainda, para agradecer ao IPB, que considerou como sendo uma “grande instituição”, aos docentes, “pela sua capacidade na transmissão de conhecimento”, e aos discentes, pela disponibilidade e ajuda prestada aos mais diversos níveis. Por fim, no culminar do curto, mas conciso discurso, o elogio recaiu sobre a própria cidade e as suas gentes, que o jovem caracterizou de “fácil trato”, destacando o facto de saberem receber.
Procurando falar por todos os outros finalistas, o estudante mostrou-se ciente das dificuldades que o futuro lhe reserva, a si e aos seus colegas, aquando da sua tentativa de penetração no já saturado mercado de trabalho. No entanto, apesar das contrariedades que denuncia, procurará encara-las de forma positiva, usando tudo aquilo que aprendeu no Politécnico “para alcançar o sucesso”. O mesmo tipo de sucesso que o presidente da Associação Académica do IPB, Rui Sousa, desejou a todos os Finalistas no encerrar da homilia.






TESTEMUNHOS

Judite Fernandes, Engenharia Zootécnica, Chaves


“Estou muito feliz por terminar o curso! Sinto-me concretizada, realizada. Gosto muito da cidade, do ambiente académico, dos amigos que fiz, de tudo! Quanto a trabalho, actualmente, há imensas dificuldades. Por isso, talvez parta para o estrangeiro”


Adriana Afonso, Gestão, Braga


“É um sentimento inexplicável! Extremamente forte! Este momento é algo único que acontece uma só vez na vida. Esta cidade é muito acolhedora e vai deixar saudades. Vou regressar a Braga, mas penso que, em termos de trabalho, será um bocado complicado. Nada que com força não se faça”


Diana Silva, Engenharia Alimentar, Coimbra


“É muito bom e muito mau, ao mesmo tempo, porque deixar Bragança é complicado. Gosto de tudo nesta cidade! Tanto que vou ficar cá mais dois anos a tirar o mestrado. Mas é complicado, só de saber que, depois, posso ter de ir embora”


Luís Neto, Gestão, Macedo de Cavaleiros


“Missão comprida! É esse o sentimento, sem dúvida. Estive aqui quatro anos, a cidade é porreira e continua a crescer. Aquilo que eu gostei mais foi dos amigos que fiz e da instituição por si só. Tenho perspectivas de trabalho através do meu pai, que é empresário”








 

18 de maio de 2011

TRAJADOS DE GALA

O Baile de Finalistas serviu de anfitrião ao início das festividades académicas brigantinas

Segunda-feira, Lua Nova, prenúncio de uma festa, a primeira, de uma semana inteira. O destino, Mercado Club, depois do habitual corropio pelos vários bares da cidade. O ponteiro do relógio roçava a uma da manhã, quando começaram a chegar os primeiros finalistas. Cerca de 30, a conta-gotas, mas foram, gentilmente, impedidos de entrar. Era demasiado cedo, de acordo com as ordens dos “homens da paz”. O Baile teria início, apenas, a partir das duas. E assim foi! Chegaram Elas, bem perfumadas, melhor vestidas, acompanhadas por eles. Elas, de fino trato, de vestidos clássicos, de salto-alto ou raso, tão raso que algumas era de pé descalço. Cansadas, talvez, mais para o final da noite. Mas singelas, à sua maneira. A pista começou a encher, por volta das 3:33. A batida a subir! Do coração, convenhamos. A mistura de corpos era tão prenunciada que, em deslocação, roçavam uns nos outros. Às vezes, propositadamente. A música, essa, era, antecipadamente, de baile. Nenhuma surpresa, até aí. Todos bebiam, fumavam e dançavam freneticamente. Ou melhor, quase todos. A maioria, digamos assim. Era o Deus Baco servido disfarçado de bebidas brancas. Ou cerveja, para os mais puritanos. Uma vodka com limão e duas pedras de gelo. Mais vodka, por favor. E assim era. E assim foi. O pedido do costume. As simpáticas servem sempre. O álcool surtia o efeito merecido e era ver uma pequena multidão em delírio. Mas já quando entravam, dançavam. Ou será que já tinham bebido? Era o mais certo. Tão certo como o divertimento de tão elegantes momentos. Brutal! Diriam muitos, na primeira noite da Semana Académica.






FESTA DE TAÇA MERECIDA


Sob a ameaça constante de chuva, que não se chegou a verificar, decorreu a final da Taça da Associação de Futebol de Bragança. Frente-a-frente, o primeiro e o segundo classificados do campeonato, Moncorvo contra Morais. A meia casa registada nas bancadas do Estádio do Bragança, deixou muito público à margem do jogo. Uma final de que não há memória, dada a sua escassa audiência. Mas o jogo valeu a vinda de ambas as massas associativas. Numa reviravolta surpreendente, o Morais a ganhar 2 – 0 foi perder por 4 a 2.
As bancadas manifestaram-se inúmeras vezes, maioritariamente contra o árbitro. Ou por excesso de zelo, ou por não apitar sobre determinados lances. Os jogadores, esses, viveram a partida até ao fim. Ninguém queria deitar a toalha ao chão, mas foi a equipa da capital do ferro a sagrar-se a justa vencedora.
No final, os jogadores do Morais estavam, essencialmente, frustrados por terem permitido a recuperação estrondosa do Moncorvo. Sílvio Carvalho e os seus jogadores fizeram a festa, mal o árbitro apitou no encerrar da partida. Eufóricos, abriram a garrafa de champanhe, bem antes de receberem a Taça, e foram comemorar com os adeptos.
Depois de receberem as medalhas, seguiu-se a Taça, efusivamente partilhada entre todos os jogadores que, orgulhosamente, regressaram à bancada dos adeptos moncorvenses, antes destes abandonarem o estádio. A festa foi meritória. Aliás, como o próprio treinador do Morais, Jorge Genésio, fez questão de sublinhar.
Quem não deixou de reconhecer a qualidade do adversário foi o técnico moncorvence, tecendo-lhe rasgados elogios. "Eu quando digo que o Morais é uma equipa de galácticos, eu não me lembra de uma equipa na distrital com tanto craque. Noventa por cento dos jogadores jogaram na 3ª Divisão. O Morais tem uma grande equipa! E soube fazer pela vida. Só foi pena subir uma equipa. Mas foi, apenas, um pequeno pormenor que nos deu o título a nós.”







Reacção dos treinadores:
Sílvio Carvalho

“Eu disse sempre aos meus jogadores: se dermos o máximo na primeira parte, seja qual for o resultado, nós podemos dar a volta. Isto porque temos uma equipa melhor preparada fisicamente e na segunda parte somos sempre muito fortes. É uma equipa muito jovem à base da formação do Moncorvo. Eu tenho aqui 9 atletas entre os 18 e os 24 anos. Mais que a preparação física, também é preciso ter carácter! E os meus jogadores têm carácter, pois deram a volta ao resultado. Mesmo assim, pensei que não conseguíssemos, depois de ver a equipa do Morais"

João Genésio

“Foi um bom jogo de Taça. Parabéns ao Moncorvo, foi um digno vencedor. Nós lutámos com as nossas armas, mas estávamos um bocado condicionados em termos físicos. Nós tínhamos a jogar quatro jogadores condicionados, não treinaram a semana toda. E isso reflecte-se, depois, nos níveis físicos da equipa. Acabámos, também, por não termos a felicidade do jogo. Mas o futebol é assim mesmo. Ganha quem marca mais.”



FIGURA DO JOGO: BRANQUINHO

Marcou o golo do empate ao Morais (2-2), naquele que pode ser considerado o momento do jogo


“É um jogo diferente. É uma final. É um jogo em que as emoções estão sempre mais à flor da pele. Mas não é uma vitória só minha. É uma vitória de um campeonato inteiro, de treinos, de jogos e é a continuação de uma grande vitória, que foi a vitória do campeonato. E provou-se, aqui, em campo, depois de estarmos a perder 2 – 0, conseguimos dar a volta ao resultado. Foi com muita paciência, muito trabalho e toda a gente ajudou. Isto funciona como uma equipa. É lógico que determinadas posições se destaquem mais que as outras, como é o caso de um extremo. Mas nós temos jogadores fantásticos: dois centrais espectaculares, um trinco que, apesar da idade, é um grande jogador, e todos os outros.
O meu golo do empate foi tentar fazer o melhor possível e, depois, houve a infelicidade do guarda-redes adversário. Mas isso é normal no futebol. A infelicidade de uns é a felicidade de outros”

 

 

UMA DÉCADA DE CONQUISTAS

Mós tem conhecido grandes desenvolvimentos infraestruturais e com o advento da Auto-Estrada sobe, agora, a fasquia dos sonhos

Saneamento, luz, uma igreja restaurada e um Museu Rural são algumas das conquistas granjeadas por Mós desde o virar do milénio. “Desde há oito anos para cá, houve uma espécie de revolução nesta aldeia porque se fizeram aqui obras muito importantes: nos caminhos, no saneamento, pusemos pontos de luz que existiam em pouco número”, afirmou Fernando Teixeira Vilela. O secretário da Junta de Freguesia de Mós (JFM) mostra-se bastante satisfeito com os progressos alcançados. “Começou-se a apostar na pedra à vista, uma aposta no rústico continuada pelos particulares. Restaurou-se a igreja, temos um Museu Rural, água com fartura, temos uma Associação”, continuou. De acordo com o entrevistado, em termos infraestruturais, Mós é, agora, uma “aldeia completa”.
Apesar do presidente da JFM ser Anselmo Martins, quem administra a aldeia é Fernando Vilela. O presidente rege a anexa, Paçó, donde é natural. Uma espécie de acordo tácito entre os dois, em que cada um é responsável pela sua aldeia. “Sou eu que trato aqui da aldeia. Isto é um bocado sui generis, mas o Anselmo gere Paçó e eu estou a gerir Mós. Chegámos a esse acordo. Aliás, isso já vem de antigamente”, explicou.


O Museu Rural de Mós, inaugurado a 6 de Agosto de 2006, tem trazido à aldeia um número significativo de visitantes. Enquanto que a Associação Cultural, Recreativa e de Melhoramentos de Mós, “Os Mochos”, viu as suas instalações inauguradas a 18 de Abril de 2004. Um porto de abrigo merecido para uma associação que tem desenvolvido diversas iniciativas em vários âmbitos, desportivos, culturais e ambientais.
Outro ponto que joga a favor da aldeia, é a Zona Industrial de Mós. Apesar da indústria instalada ser, ainda, escassa, Fernando Vilela vê as suas esperanças renovadas para a aldeia com o advento da Auto-Estrada Transmontana. “A ideia partiu da Câmara, mas a Junta de Freguesia teve um papel importante. Tinha lá terrenos e foi feita a proposta se queríamos negociá-los, se queríamos ir para a frente com a zona industrial e isso trouxe também o Nó à auto-estrada que, neste momento, está a ser feito”, desenvolveu o responsável. Na sua opinião, aquilo que mais falta faz a Mós são as pessoas. Uma situação que se poderá ser alterada com a promessa da auto-estrada. “Aqui só temos falta de gente, mais nada! Agora, o Nó pode trazer pessoas a fixarem-se aqui. As pessoas de cá, essencialmente. Se não fosse a zona industrial, não havia nó”, considerou.


Mós espera restaurar a forja comunitária e o moinho com as verbas dos terrenos cedidos para a construção da Auto-Estrada, cerca de 250 mil euros

Secretário da JFM há cerca de 10 anos, Fernando Vilela antevê o futuro com optimismo. “Eu acho que é uma aldeia com futuro. Embora haja pouca gente. Mas há muita casa a ser restaurada. É pena é a crise ter vindo nesta altura, que é o que está a atrapalhar as coisas”, declarou.
Quem não partilha de uma visão tão optimista é João de Deus Martins. “A continuar por este ritmo, não vejo grandes perspectivas para Mós. Como não há pessoal novo, não vejo que possa haver um futuro promissor, apesar de estarmos a 5 minutos da cidade de Bragança”, afiançou este habitante, natural de Mós, onde reside há 49 anos. Para João, o grande problema é o envelhecimento da população. “As aldeias estão cada vez mais envelhecidas e o pessoal novo quase não existe. Estão a ficar cada vez mais desertas. Aquilo que se nota mais é a falta de gente nova capaz de trabalhar. As pessoas aqui andam todas nos 70, 80 anos”, assegurou.


Lembrando outros tempos, surgiu Feliciana Augusta Queiroz. Tempos em que a escola primária ainda estava aberta e as crianças proporcionavam alegria, cor e movimento a uma aldeia onde, agora, simplesmente, não existem. Com uma carreira enquanto docente de 36 anos, 30 exerceu-os na escola primária de Mós, encerrada na década de 90. “Quando me aposentei, não era capaz de estar em casa. Chegava aquela hora e tinha que ir para a escola. Eu comecei com 41 alunos e acabei com 11”, contou a antiga professora, lembrando o declínio drástico do número de meninos. “Para mim, a aposentação foi um desgosto grande, grande…”, provou Feliciana, com um pesar que transparece nas palavras, com a mágoa da saudade no olhar e o rosto humedecido pelas lágrimas.


TESTEMUNHOS

Feliciana Augusta Queiroz


“ Fui professora na antiga escola primária de Mós durante 30 anos. Sinto muitas saudades desses tempos. Fui muito bem estimada e muito querida por todos. Dá para chorar até! Depois, namorei cá e casei cá. Sinto-me feliz aqui”


João de Deus Martins


“No Verão, vêm os emigrantes, principalmente, de França, que é onde estão a maior parte deles. Nota-se muita diferença porque trazem mais movimento. É um ambiente diferente, para melhor”


Fernando Teixeira Vilela


“Temos desenvolvido aqui algumas actividades interessantes como, por exemplo, de educação ambiental, inclusive com escolas primárias. Temos um percurso pedestre e um polidesportivo inaugurado, em simultâneo, com o Museu Rural, em 2006”



CAPELA DAS ALMAS

14 de maio de 2011

REVIRAVOLTA SURPREENDENTE

Num jogo impróprio para cardíacos, o árbitro mostrou demasiado serviço com ínúmeras expulsões

Numa tarde cinzenta, a chuva conseguiu afastar grande parte da massa associativa das bancadas da equipa da casa. No pelado de Morais, que virou um autêntico lamaçal, defrontaram-se duas equipas combativas que não pararam de mexer no marcador. Frente-a-frente, o FC Morais, contra o Vinhais FC. A equipa da casa entrou melhor na partida, sem dúvida. Motivada pela possibilidade de ganhar o campeonato, caso o Moncorvo empatasse ou perdesse contra o Mirandês. Algo que acabou por não acontecer, dado que a equipa do ferro, a jogar em casa, sagrou-se vencedora por 3 a 1. Passado o quarto de hora inicial, o Vinhais equilibrou o jogo, alcançando até um claro ascendente sobre o adversário. Para tal, muito contribuiu Rui, com uma exibição surpreendente. Do lado do Morais, o melhor jogador em campo, na segunda parte, foi mesmo o guarda-redes. Armando evitou, em ocasiões distintas, dois golos quase certos com defesas de alto nível, voando nos céus de Morais. Na primeira, aos 32”, os jogadores da casa pararam para reclamar um fora de jogo. Certo é que o árbitro não apitou e só não foi uma perdida incrível do jogador do Vinhais, isolado frente à baliza, dada a grande defesa de Armando. A segunda ocasião de golo aconteceu, apenas, 3” depois e mais uma vez, o guarda-redes da casa a provar o seu valor.


Mas nem a excelente exibição do keeper evitaria o golo do Vinhais, ao encerrar do pano da primeira parte. Tiago marcou, estreando as malhas adversárias aos 43”. O mesmo Tiago que viria a ser expulso aos 37” da segunda parte, por acumulação de amarelos. As equipas foram para o balneário e, no intervalo, o árbitro expulsou do banco o presidente do Morais. “Estou a achar isto uma palhaçada! Aliás, como achei desde sempre com a Associação de Futebol de Bragança. Mandaram para aqui estes três artistas, precisamente, para estragar o espectáculo. Só prejudicaram o Morais”, afirmou António Fernandes, prometendo revelar mais no próximo fim-de-semana. Aquando da Final da Taça, em Bragança, que colocará em disputa o primeiro e o segundo classificado do campeonato: Moncorvo – Morais. De salientar que, devido a esta última jornada, o Morais, por expulsão, não poderá utilizar duas das suas peças fundamentais: Karate e Gene. Mais um jogador, igualmente importante, por lesão.
Na segunda parte, foi quando tudo se complicou com várias expulsões de jogadores e várias reviravoltas no marcador. Logo no início, deu-se a expulsão do treinador do Morais, Marcelo Alves, por protestos contra o árbitro. Karate também foi expulso com vermelho directo numa clara agressão ao adversário, pontapeando-o sem bola. Aos 25”, Edu marca o golo do empate. O Vinhais volta a liderar a partida com o segundo golo e quando os adeptos do Morais pensavam que tudo estava perdido, Luís Paulo consegue marcar o 2 a 2. O último golo, ao fechar do pano, aconteceu de livre directo, dando a vitória ao Morais.

À CONQUISTA DO PÓDIO


Kickboxing, Muay Thai e Boxe abrem na capital de distrito pelas mãos do Mestre Luís Durão, um fazedor de campeões

Os desportistas e amantes das artes marciais, nomeadamente, do Kickbixing, Muay Thai e Boxe, têm, agora, em Bragança a oportunidade de levar a sério a sua paixão. Duas vezes por semana, quem assim o desejar, poderá treinar com autênticos campeões, liderados pelo Mestre Luis Durão.
As aulas decorrem segunda e quarta-feira, ao início da noite, no Pavilhão da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Bragança (IPB). Depois do sucesso alcançado em Macedo de Cavaleiros, através da escola, criada em Maio de 2006, em simultâneo com a Associação de Desportos de Combate de Macedo de Cavaleiros (ADCMC), o alastrar de tanta “disciplina, dedicação, humildade, lealdade, carácter, auto-controle” era inevitável.
O resultado da mestria de Luís Durão faz nascer entre os seus atletas uma autêntica equipa vencedora, com seis campeões de pura raça transmontana (ver caixa). “Eu fui atleta e combatia de uma forma diferente porque tive uma base distinta. Fiz artes marciais e consegui combinar várias técnicas e usá-las em competição. Resultou comigo e com algumas experiências e alterações, tem dado frutos. Mais dedicação e muito trabalho”, revelou o Mestre de Kickboxing e Muay Thai, naquela que compreende ser a receita para o sucesso. E justifica: ““Quem vê os nossos combates, vê os nossos atletas a combater de uma maneira completamente diferenciada dos outros. É ir a um campeonato e ver todos a jogar da mesma forma e quando entra um atleta nosso chama a atenção e todos querem ver esse combate por ser diferente”. O lutador acaba, desta forma, por adoptar diversas posições e estilos de combate. “Custa-me mais fazer um atleta de competição assim porque sou obrigado a treiná-lo em duas ou três vertentes. Mas quando o faço, é muito difícil sermos vencidos”, reconhece.
Nas palavras do cinturão negro, as expectativas para Bragança são: ““ter o máximo de inscrições, de atletas, poder dar-lhes formação e conseguir alguns para competição”.

Da combinação de diversos estilos, os atletas adoptam uma forma de combate singular e do treino nascem lutadores que, com esforço e dedicação, ganham o título de campeões

Antes da abertura da escola em Bragança, aquilo que acontecia era que os atletas da cidade eram transportados duas vezes por semana a Macedo de Cavaleiros. “Com as aulas a decorrer, também, no IPB, já não será tão cansativo para os meus atletas”, sublinhou Luís Durão. O, também, presidente da direcção da ADCMC, só lamenta a falta de apoios ao desporto que representa na região. Sobretudo, quando se trata de campeões regionais e nacionais que são verdadeiros lutadores. “Para a Grécia, pedi apoio a várias autarquias. Pedimos a Vimioso que apoiou, a câmara de Macedo apoiou novamente e a de Bragança disse-nos que não havia verbas. Então, eu prefiro que os atletas de cá representem Macedo”, destacou Luís Durão, aproveitando para agradecer à autarquia macedense pela sua disponibilidade financeira, pela cedência do espaço e pelo suporte prestado em múltiplas ocasiões, quer à escola, quer à associação presidida por si.
O mérito de tamanho treino e esforço é tanto que, de 25 alunos, só na Escola de MC, seis seguem o destino dos vencedores. Hélder Ferreira e Francisco Carvalho, a 27 de Março, e Carolina Cadavez, dia 10 de Abril, foram os últimos a sagrarem-se campeões.


DREAM TEAM


Franclim Fernandes, 34 anos, Categoria Seniores, menos de 74 Kg – Vice-campeão da Europa 2010, (único português medalhado prata em campeonatos Light internacionais); Francisco Carvalho, 25 anos, Seniores, menos 63 Kg – 1º Título de Campeão Regional de Light Contact 2010; Carolina Cadavez, 18 anos, Juniores, menos 60 kg – Campeã regional, nacional e vencedora da Taça de Portugal (ano de estreia 2010); Tânia Afonso, 19 anos, Seniores, menos de 55 kg – Bicampeã regional, bicampeã nacional e vencedora da Ladys Open (2010); Clicia Queiroz, 25 anos, Seniores, mais 65 kg – Pentacampeã regional, pentacampeã nacional, vencedora Ladys Open e Taça de Portugal (2010); Hélder Ferreira, 29 anos, menos 71 kg – Campeão regional de full-contact.
A 30 de Abril, em Anadia, na Taça de Portugal, Carolina Cadavez venceu em -60kg (juniores) e Clicia Queiroz em +65kg (seniores). Francisco Carvalho obteve um resultado notável traduzido em quatro vitórias que lhe valeram a conquista da categoria de -63kg (seniores).


Mestre Luís Durão (cinto negro), 33 anos
 

“Estou muito agradecido a Macedo porque a autarquia apoia-nos em tudo o que é possível. Nós participamos em várias provas a nível nacional e a verba, logicamente, que não dá para tudo. Mas se não fosse essa verba, nós não faríamos nada. Inclusive, apoiou-nos na compra de uma carrinha”


Francisco Carvalho, 25 anos


“É complicado arranjar palavras para descrever sensações, mas foi fantástico! Não estava à espera de conseguir o título, mas sempre tive essa vontade de ganhar o campeonato. Vi que tinha qualidade para o fazer e, felizmente, consegui, com a ajuda do Mestre e dos meus colegas”


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