30 de janeiro de 2011

LER O MUNDO


FACTOS

Nomeado: José Manuel Anes
Cargo: Presidente do Observatório de Segurança, Crime Organizado e Terrorismo
Local: Museu Abade de Baçal

ENTREVISTA

1 @ Como é que vê a utilização de Portugal como base terrorista e operacional do crime organizado? Quer pela ETA, quer pelas máfias de Leste...

R: As bases da ETA foram uma preocupação, pois eles tinham aqui muito material explosivo para os seus atentados. Não em Portugal, mas em Espanha. Agora, nós temos um dever de solidariedade para com o povo e o estado espanhol. Nós somos um país europeu, um país que quer que a Europa tenha segurança, tranquilidade e progresso. Logo, cumprimos com a nossa obrigação. Não somos vítimas do terrorismo, esperamos que nunca venhamos a ser. Mas, temos o dever de lutar e cooperar com os outros países europeus contra esse fenómeno.
O crime organizado é um problema como disse, de facto. Nós temos em Espanha, dezenas de máfias dos mais diversos países: russas, albanesas, magrebinas, colombianas, e elas vêm, depois, até aqui...


2 @ Mas porque é que continuam a escolher o nosso país? Por ser mais seguro para eles, por estarem mais à vontade...

R: Em Espanha, há mais atenção por haver, precisamente, mais assaltos. Eles estão lá e, daí, haver muitos assaltos. Por vezes, quando se sentem muito acossados, vêm a Portugal fazer um assalto e depois regressam. No caso das máfias romenas, tiveram alguma permanência aqui. Especializaram-se no assalto a residências, de algum prestígio e dinheiro e assaltos, também, a ourivesarias. Levando, depois, o ouro para a Roménia. É evidente que nós temos o problema do Espaço Xengen, que é uma conquista de liberdade, de circulação dos cidadãos europeus dentro da Europa, mas também põe problemas de segurança. Eles estão ali ao lado e vêm fazer aqui 2 ou 3 ou 4 assaltos e regressam outra vez. Há que resolver isso... Há que fazer mais operações Stop. Aliás, elas têm sido feitas. Há que fazer uma maior vigilância das fronteiras terrestres e, talvez, nas identificações possamos apanhar mais esses visitantes indesejados que vêm cá prejudicar os nossos cidadãos.

3 @ Eles vêm, cometem o crime e regressam?

R: É verdade! Nós temos os nossos gangues locais de alguns bairros problemáticos. Isso sempre exsitiu. Mas facto é que tem havido várias incursões de Espanha, estão aqui algum tempo e voltam com o produto dos seus roubos. Isso, não podemos permitir! Logo, tem de haver maior vigilância nesses percursos intra-fronteiriços.

4 @ Pensa que o actual panorama de crise poderá fomentar outro tipo de criminalidade?

R: Tem havido algum aumento de pequenos furtos. Isso aí está directamente ligado com a crise e é inevitável. Tipo furto de supermercado. As pessoas não têm o que comer e têm essa tentação que se pode compreender socialmente, mas, que face à lei, têm que ser sancionadas. Agora, o crime violento não é pela crise que vai aumentar.

5 @ Mas os pequenos furtos poderão funcionar como uma escola de crime para algo maior?

R: O primeiro passo para... Sim! Há aquela dona de casa ou aquele pai que querem alimentar os filhos e não passam daí. Mas há outros que começam com o pequeno furto e vão, claramente, aumentando na progressão da via criminosa. Ainda não se vê um grande aumento nesse tipo de ascensão criminal devido à crise, mas pode acontecer. E é preciso estar atento. Temos, sobretudo, de perceber que muitos desses gangues de bairro às vezes evoluem para formas mais elevadas do crime organizado, formando verdadeiras máfias. É um fenómeno para o qual as autoridades policiais estão atentas, mas que tem de ser visto com muita atenção. A liberdade é muito importante, mas a segurança também é um direito dos cidadãos.


6 @ Lisboa acolheu, recentemente, a Cimeira da Nato. Portugal saiu bem na fotografia?

R: Foi excepcional! Tivemos um desempenho ao mais alto nível, indiscutivelmente. Os responsáveis decidiram actuar como de resto se faz na Europa, quando há riscos em jogo. E só há um processo, é fazer dissuasão. Falar das potenciais ameaças, mostrar a força da polícia, o seu treino contra os desordeiros e isso funcionou a 100 por cento. Juntamente, com o fechar temporário das fronteiras. O que evitou que algumas centenas entrassem em Portugal, que eram os tais que vinham provocar distúrbios e isso nós não podíamos consentir.

7 @ Num cenário de política internacional, o Nobel da Paz foi atribuído em 2010 ao dissidente chinês Liu Xiaobo. O seu país de origem, uma das maiores potências mundiais, ameaçou largas dezenas de países para não comparecerem a uma cerimónia de “cadeira vazia”. Como é que vê a pressão da China e a cedência de outros países aos seus caprichos?

R: A China tem muito poder, tem muito dinheiro. E quem tem poder e dinheiro, pode ditar regras de política internacional. Antigamente, era só um bloco, depois, dois, e, agora, já aparece um terceiro. E esse quando não gosta das coisas, naturalmente, faz sinais e as pessoas obedecem. Infelizmente, é assim. É a regra do mais forte e do que tem mais poder. Obviamente que não acho correcta essa atitude. Muitos países vão ter que ter um jogo de cintura porque precisam do dinheiro da China e esses apoios financeiros pagam-se. Esses apoios financeiros da China vão ter um preço político e já está aí a primeira prova do preço político desses apoios. É assim a vida!

8 @ O Irão tem-se vindo a revelar como uma autêntica ameaça, quer a nível do Médio Oriente, instigando a instabilidade, quer a nível mundial com o seu programa nuclear. Quais os perigos que poderão daí advir?

R: O Irão é uma dor de cabeça, claramente. De facto, precisamos de contar com a Rússia, uma vez mais, para conter o Irão. A Rússia tem boas relações com o Irão e a Rússia precisa do Ocidente por causa do terrorismo e do narcotráfico no Afeganistão. Logo, a moeda de troca será a Rússia ajudar a conter o Irão. E eu penso que isso será possível. Há ali um louco (presidente do Irão, Mahmoud Ahmadinejad), que está à frente daquele país. Mas a sua população é culta, não é uma ordem de selvagens. É um homem problemático, que tem uma classe dirigente complicada, mas que é possível ser travado por acções e pressões diplomáticas. Evitando as intervenções militares, tenho a impressão de que se conseguirá. Sem dúvida!


9 @ Coreia do Norte / Coreia do Sul, o eterno problema... Um fim anunciado para quando?

R: Aí já não é uma pessoa desequilibrada (Kim Jong II), é uma família inteira. Aquela dinastia é completamente desequilibrada. “Os loucos” como os próprios chineses dizem, discretamente. Por um lado, a China só não acaba com aquilo porque lhe convém manter alguma pressão sobre os outros países na região. Mas, por outro, ela tem capacidade de os conter. E precisamos da China para conter, claramente, a Coreia do Norte

10 @ No Brasil, o recente reforço armado contra o crime organizado / favelado tomou proporções hercúleas. Na sua opinião, pode o Brasil tornar-se um país mais seguro?

R: Será muito difícil eliminar o crime! Mas é possível conter... Não só pela intervenção militar, mas também porque um dos chefes da polícia do Rio de Janeiro era antropólogo e fez uma intervenção social e educacional muito importante, cheia de êxito. Enfim, temos de perceber que aquilo é complicado. Esse crime organizado já está instalado há muitos anos e domina vastas regiões do Rio de Janeiro. É como o México! Esse é outro grande problema que não sei como é que se vai conseguir resolver.

11 @ Refere-se à emigração ilegal e ao narcotráfico proveniente do México com destino aos Estados Unidos?

R: Precisamente! Só pode haver tráfico de droga quando há clientes que compram e os Estados Unidos representam um grande mercado. Logo, o México está continuamente a fornecer os seus cartéis do outro lado da fronteira. O crime organizado vai ter de ser uma preocupação da comunidade internacional. Até agora, o terrorismo e os crimes entre países, sem dúvida nenhuma, agora o crime organizado vai crescer, vai ter cada vez mais influência e de minar as sociedades e ter aspectos, umas vezes violentos, outras subterrâneos, também perigosos, o crime organizado vai ser um problema da agenda já neste começo do século XXI.

12 @ Temos assistido ao longo das últimas décadas à confluência entre o crime organizado e o crime de colarinho branco. Como é que preconiza essa aliança?

R: Essa confluência normalmente acontece. O crime organizado tem duas valências: a da violência, mas tem uma mais permanente que é essa actividade silenciosa, subterrânea, que vai minando a sociedade, vai tomando conta das instituições, dos seus representantes, da economia e esse é um enorme problema que temos por resolver.

José Manuel Anes foi eleito presidente da OSCOT a 20 de Janeiro de 2010

29 de janeiro de 2011

MÚSICA COUNTRY NO NORDESTE

Os Dixie Boys não compareceram, mas os Country Dust não deixaram os créditos em mãos alheias

Pela primeira vez em Bragança, os Country Dust animaram a noite brigantina de sexta-feira. Formada no Verão de 2004, a banda oriunda de Matosinhos subiu ao palco do Vitória Pub misturando os estilos Country, Folk e Bluegrass. Músicas do baú das memórias como Folsom Prison Blues, de Johnny Cash, Just Because e Viva Las Vegas, ambas do falecido rei do Rock, Elvis Presley, Sweet Home Alabama, de Lynyrd Skynyrd, e Country Rose, de John Denver, foram apenas alguns dos temas que ecoaram nas mentes dos entusiastas dos concertos ao vivo. Uma tradição a que o Vitória Pub tem habituado os seus clientes.
Constituídos por quatro elementos, os Country Dust não puderam contar com a inspiração do seu baterista, Francisco Coelho, que faltou por motivos familiares. Mas os restantes três elementos ritmaram o pulsar dos amantes da música norte-americana. Pedro Moreira, vocalista, harmónica e guitarra acústica; Mário Morais, na guitarra eléctrica; e José Leite, mais conhecido por Xinas, no contra-baixo.
Actualmente, Xinas integra, ainda, o grupo Clash City Rockers. Um projecto com Zé Pedro dos Xutos e Pontapés, Marco Nunes, guitarrista de Pedro Abrunhosa, Pedro Vidal, guitarrista dos Blind Zero e André Nunes, baterista dos Boitezuleika. O contrabaixista recorda Bragança, há 15 anos atrás, mais precisamente o antigo Bô de Baixo, onde esteve com a sua banda, na altura, os Rocking Cats. “Aquele bar era a loucura! Muito bom mesmo! Fiquei surpreendido com esta cidade pelo andamento que tinha”, relembra.

Xinas, no contra-baixo, instrumento que domina


COESÃO SOCIAL

Autarquia vinhaense apoia a reinserção profissional beneficiando cerca de 70 munícipes

A Câmara Municipal de Vinhais tem-se mostrado empenhada em encontrar estratégias com vista à inserção profissional da população activa em situação de desemprego. Face à tendência gravosa da economia nacional, que se tem vindo a traduzir progressivamente numa crise social, e num aumento considerável do desemprego no concelho vinhaense, a autarquia efectuou múltiplas candidaturas ao Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) no ano de 2010. Designadamente, aos programas Contrato Emprego Inserção, Contrato Emprego Inserção + e Estágios Qualificação Emprego. Estas candidaturas aos programas do IEFP tiveram custos na ordem dos 90 mil Euros e beneficiaram cerca de 70 munícipes.
“O emprego é um factor fundamental de inclusão social, não só porque gera rendimento, mas também porque pode promover a participação social e o desenvolvimento pessoal”, declarou o presidente da Câmara Municipal de Vinhais, Américo Pereira. “A melhor maneira de ajudar os desempregados é estimular a reinserção profissional”, sublinhou o edil.
O conjunto de todas estas medidas permitiram aos desempregados do concelho o exercício de actividades permanentes consideradas “socialmente úteis”. Um factor de promoção concelhio e de enriquecimento pessoal que, de acordo com a autarquia, envolve a melhoria das suas competências sócio-profissionais e um contacto directo com o mercado de trabalho.

INCONSOLÁVEL POVO IRMÃO

Municípios mostram-se solidários para com a tragédia brasileira decretando Dia de Luto Nacional resumido no hastear da bandeira a meia adriça

Quase um milhar de mortos, 500 pessoas desaparecidas e outras 20 mil desalojadas, são os números provisórios da tragédia na região serrana do Rio de Janeiro. Numa decisão tomada por sugestão da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), várias autarquias do distrito de Bragança decretaram Dia de Luto na sexta-feira passada. A acção concretizada através do hastear da bandeira municipal a meia adriça visou, assim, em memória das muitas vítimas, demonstrar um voto de solidariedade para com o “povo irmão”, afectado pela pior catástrofe que até hoje se abateu sobre o Brasil. A título de exemplo, Macedo de Cavaleiros, Bragança e Alfândega da Fé foram, apenas, alguns dos concelhos a aderirem a esta “iniciativa nobre”, “com a mais profunda convicção”.
Em comunicado, a ANMP declarou-se profundamente chocada “com as imagens de horror da destruição indizível; incrédula perante a realidade brutal que a todos afecta; vergada perante a mágoa de tantos mortes e tamanhas perdas materiais”.


Trata-se de “reiterar o sentimento de solidariedade e comunhão de afectos para com o povo brasileiro”, anunciou a Câmara Municipal de Bragança, através do seu site.
Para lá do Atlântico, o vice-governador do Rio de Janeiro e secretário estadual de Obras, Luiz Fernando Pezão, afirmou a possibilidade de serem encontrados mais corpos durante as tarefas de limpeza onde o acesso já é possível. Sendo que existem, ainda, áreas isoladas pelas toneladas de terra, pedras e lama que deslizaram das montanhas.
E se no Rio de Janeiro a água das chuvas e a lama imperam, no Sul, a situação é caótica devido à seca que se faz sentir desde Dezembro de 2010. No Estado do Rio Grande do Sul, 12 municípios já decretaram estado de emergência e estima-se que cerca de 350 mil pessoas tenham sido afectadas pela seca.




COMPETIÇÃO ESCOLAR

A Escola Secundária Abade de Baçal classificou 41 alunos para o Campeonato distrital de Corta-Mato

Na terça-feira feira passada, decorreu no Polis de Bragança o Corta-Mato anual da Escola Secundária de Bragança. Foram cerca de 170 os estudantes a correr nas proximidades do rio Fervença, mas apenas 41 se apuraram para o Campeonato Distrital de Corta-Mato do Desporto Escolar. “Apesar de já sermos agrupamento Abade de Baçal, ainda fazemos algumas actividades separadamente. Nós, aqui, e os de Izeda fizeram em Izeda”, afirmou o professor de Educação Física, Carlos Fernandes.
Em 2010, houve 48 classificados. O normal, já que são quatro escalões dos dois sexos e em cada, são apurados os seis primeiros, o que totaliza 48. No entanto, nesta prova, a Abade de Baçal classificou somente 41 dos seus alunos, pois nos escalões de juniores masculino e feminino os candidatos foram escassos ou, então, desclassificados.
Dado o elevado número de atletas que singraram passar à fase seguinte, destacamos, apenas, os dois primeiros de cada escalão e género. Assim, temos: Infantis B Masculino - Rui Dias e Ruben Ferreira; Infantis B Feminino - Maria Ferreira e Maria Pereira; Iniciados Masculinos - Bruno Palmeiro e Leandro Monteiro, Iniciados Femininos - Vera Vicente e Inês Fernandes; Juvenis Masculinos - Carlos Praça e João Vaz; Juvenis Femininos - Helena Gonçalves e Marta Balesteiro; Júnior Masculino - Luís Miranda e Diogo Alves; Júnior Feminino - Adriana Silva e Adriana Fernandes. A antiga Escola Industrial e Comercial de Bragança apurou, assim, os seus representantes para o Campeonato Distrital de Corta-Mato do Desporto Escolar, que acontecerá a 24 de Fevereiro.
Esta prova decorreu, pela segunda vez consecutiva, no Polis de Bragança. “O ano passado realizámos o corta-mato neste espaço magnífico e como correu bem, este ano, decidimos repetir a experiência”, revelou Carlos Fernandes, um dos grandes responsáveis pelo fomento do Desporto Escolar na região.

Carlos Fernandes, docente de Educação Física
 

VINHAIS EM ALTA VELOCIDADE

Comboio espanhol de Alta Velocidade poderá ter paragem em A Gudiña, a 30 quilómetros de Vinhais

O concelho de Vinhais também poderá vir a beneficiar com o comboio de Alta Velocidade (AVE) espanhol. Isto porque o governo do país vizinho pondera construir uma estação do AVE na localidade de A Gudiña, situada a 30 quilómetros a norte de Vinhais, na província galega de Ourense. A decisão é confirmada pelo próprio ministro espanhol, José Blanco, no portal oficial do Ministerio de Fomento, acessível em http://www.fomento.es/. A linha que ligará Madrid a Ourense beneficiará, assim, de uma estação intermédia, que favorecerá todo o sudoeste da Galiza, sustenta o executivo de Zapatero.
O ministro anunciou ainda que, até o final do mês, irá convocar uma reunião entre as três administrações (Cidade, Governo Regional e Ministério) para fazer avançar o protocolo de integração e da estação ferroviária.
Quem mostra o seu contentamento é o presidente da Câmara Municipal de Vinhais, Américo Pereira, para quem a curta distância desta estação vizinha conseguirá oferecer vantagens notórias ao nível do tempo de viagem, fiabilidade, segurança, comodidade e acessibilidade, competindo eficazmente com outros modos de transporte. “Esta ligação de alta velocidade, que sempre defendi, é uma rede vitalizadora que vai dar um valor acrescentado ao concelho, gerando movimento de pessoas e de mercadorias que irão contribuir para o impulso económico do concelho”, declarou o edil.

As estações da AVE de Otero e A Gudiña poderão abrir novos horizontes ao motor da economia transmontana

Recorde-se que o Jornal Nordeste havia já adiantado, em Setembro do ano passado, que a Puebla de Sanabria iria ter, também, uma estação da AVE. Estará concluída em 2014 e ficará situada em Otero, um pequeno povo situado a 4 quilómetros da Sanabria, num espaço onde funciona, actualmente, uma quinta de criação de ovelhas, sendo que as obras estão já adjudicadas. Isso mesmo garantiu, na altura, o Alcalde da Puebla de Sanabria, José Blanco. “O projecto da Estação do AVE na Puebla está a correr muito bem. Não formou parte das restrições impostas pela crise e trabalhámos muito na sombra com o Governo de Espanha e graças à sua receptividade, mantêm-se as obras do AVE”, afirmou. Questionado sobre o andamento das obras Galiza – Zamora, o responsável afiançou: “em 2014 contamos já ter tudo pronto, inclusive a estação do AVE na Puebla”. Contudo, a ligação da AVE Zamora – Madrid espera-se concluída já em 2012.
O distrito de Bragança, depois de anos a fio negligenciado por sucessivos governos, no que diz respeito ao transporte ferroviário, vê agora a possibilidade de ter não uma, mas duas estações de Alta Velocidade,a poucos quilómetros da fronteira. “Vinhais é hoje um local de excelência no que diz respeito ao investimento, uma vez que fica servida por uma Auto-Estrada (A-52) e pelo TGV espanhol, o que abre a porta para a Europa e para o Mundo”, considera Américo Pereira, aproveitando para lançar um recado ao Governo. “Pena é que Portugal não tome o exemplo espanhol, mas como vivemos mais na Europa das Regiões do que dos países, é uma vantagem estarmos encostados à Espanha”, afirmou.


28 de janeiro de 2011

UMA MADRUGADA SANGRENTA

Jovem estudante de Erasmus no IPB esvai-se em sangue numa avenida de Bragança após acto de vandalismo

A estudar no Instituto Politécnico de Bragança (IPB) ao abrigo do programa Erasmus, um jovem polaco terá partido um vidro da entrada de um prédio com um pontapé na madrugada de quinta-feira passada. Segundo o presidente da Associação de Apoio ao Aluno Estrangeiro, Vítor Laranjeira, o jovem de 21 anos passou a noite em festa num apartamento de uns colegas, situado no Edifício Translande. Entre as 3 e as 4 da manhã, o estudante de Desporto da Escola Superior de Educação ter-se-á despedido dos seus colegas, já bastante alcoolizado. Ao chegar à porta de saída, esta encontrava-se fechada e o jovem, não a conseguindo abrir, partiu o vidro com o pé. Ao fazê-lo, cortou uma artéria e um tendão. Como mora em frente ao Viaduto Bar, tentou chegar ao apartamento que partilha com uns colegas, perdendo uma quantidade absurda de sangue durante o percurso e deixando um rasto bem visível, bem como algumas poças de sangue.
Já em casa, os seus colegas tentaram auxiliá-lo fazendo pressão na perna. Os Bombeiros foram chamados a intervir, mas, de acordo com Vítor Laranjeira, demoraram cerca de 15 minutos. Uma situação que o responsável pela associação considera inadmissível. O estudante foi, depois, transportado para o hospital de Bragança, um pouco antes das sete da manhã, onde foi submetido a uma intervenção cirúrgica no próprio dia, ao final da tarde. O jovem polaco deverá, no entanto, ter alta hospitalar ainda hoje (terça-feira).
O derrame de sangue foi tanto que muitos comerciantes daquela artéria da cidade de Bragança ficaram alarmados. A limpeza dos passeios foi executada pelos Bombeiros, mas só aconteceu ao final da manhã.

"UMA ALDEIA DE VERÃO"

Entre uma população envelhecida, todos cuidam uns dos outros e juntos tomam conta de S. Martín del Pedroso

“Aqui já restam poucas pessoas. Talvez, não chegue às trinta… A gente jovem saiu para trabalhar para o estrangeiro, em países como a França ou a Suíça. Isto é muito pobre e partiram daqui”, admite Edmundo Lombo Garcia, nos alto dos seus 57 anos, enquanto, no centro de uma aldeia solitária, guarda o seu rebanho. S. Martín del Pedroso descansa a 15 minutos das imediações de Bragança. É uma aldeia espanhola fronteiriça, logo após Quintanilha. No centro daquele que é considerado o elo de ligação mais importante entre o Nordeste Transmontano e a província de Zamora, situada em Castela e Leão.
Com, aproximadamente, duas dúzias de habitantes, os raros afazeres das suas gentes imprimem cor e movimento a uma terra de si demasiado tranquila. Um sentimento silencioso, uma presença monótona que, por vezes, se esbate com a passagem de um animal solto ou de uma sombra humana.
As serpenteantes águas do Maças banham aquelas paragens. Onde, outrora, imperava um rio respeitado, de caudal distinto, o campismo era permitido. O que atraía muitas pessoas a escolherem esta pequena localidade, situada a seis quilómetros de Trabazos, como destino turístico de referência. Sobretudo, as da região. “Antes, muitas pessoas venham para aqui fazer campismo. Agora, já não é permitido. Ficavam na zona do rio. É internacional! Vai para Portugal. Metade do rio em Espanha, metade em Portugal”, afirma, categórico, Edmundo.
Só por altura do Natal e do Verão, nos meses de Julho e Agosto, é que o pequeno povo zamorano, conhecido pela sua união e hospitalidade, consegue reunir uma quantidade considerável de pessoas, conta uma idosa da aldeia, Adelaide Fernandez. A imperdível Festa de S. Martín del Pedroso, com o mesmo nome da aldeia e do seu padroeiro, é a 11 de Novembro e traz gente oriunda de várias paragens. “Há missa, procissão com o Santo, orquestra, baile, e vem muita gente jovem das aldeias mais próximas. Inclusive, portugueses”, garante a octogenária.

A Festa de S. Martín é o cume revivalista do momento, o ponto mais alto do ano que traz de volta o movimento e o sabor de idos tempos

Para além destes momentos perdidos no tempo, este é mais um exemplo de uma fronteira que podia ter mais trânsito e constituir uma boa opção para aceder às regiões norte de Portugal, Espanha ou Europa. O IP-4 chega mesmo até Quintanilha e o projecto da Auto-Estrada Transmontana espera-se que venha a ser uma realidade já em 2011, embora com portagens nas circulares de Vila Real e Bragança. Pela parte espanhola, a auto-estrada A-11 chega até Zamora, mas não se sabe ainda quando se iniciarão as obras de Zamora até à fronteira.
Mas enquanto se aguarda pelo futuro, resta contemplar o passado desta aldeia pertencente à comarca de Aliste e que goza de uma tranquilidade inigualável. S. Martín possui o petróglifo mais importante daquela região pertencente à Idade do Bronze. O Castro del Pedroso é outra ponto de visita fundamental para quem queira conhecer um pouco de história. Trata-se de uma muralha em granito, dada a conhecer por Gómez – Moreno em 1927 no seu "Catalogo Monumental de Espanha". O recinto amuralhado ocuparia uma extensão de três hectares, mas, actualmente, encontra-se num estado de conservação muito deficiente. A uma altura máxima de 766 metros, no Castro sobressai a presença de una pequena cavidade onde se encontram gravadas um importante número de inscrições, esquecidas por quase todos.



TRANSPORTE PRECISA-SE

A Azimute presenteou a Obra Padre Miguel com material ortopédico angariado através da entrega de tampas

Com tem vindo a ser hábito, nestes dias de Reis, a Azimute – Associação de Desportos de Aventura, Juventude e Ambiente ofereceu mais material ortopédico. Desta feita, a escolha recaiu sobre a Obra Social Padre Miguel, que, no novo edifício da instituição, recebeu uma cadeira de rodas, uma cadeira de banho e três almofadas anti-escaras. A cerimónia de entrega do material angariado pela associação, resulta da campanha “Já deste muitas tampas?”, lançada em Outubro de 2006
O presidente da Azimute, João Cameira, justificou o porquê da escolha: “a Obra Social Padre Miguel contactou-nos, tem participado connosco na recolha de tampas e já nos tinha pedido algum material ortopédico”. Para esta doação, em particular, no valor de 450 euros, foram necessários 500 quilos de tampas. Quem mostrou o seu contentamento foi Nuno Vaz, da Obra Social Padre Miguel. “A Azimute tem já a sua marca e tem sido um exemplo, mesmo a nível nacional, porque todos os anos distribui vários equipamentos que são extremamente necessários às instituições”, declarou.
João Cameira aproveitou a presença da Comunicação Social, para deixar um apelo. “Esta entrega ainda faz parte de uma verba remanescente de 2010. Nós, este ano, já temos muita tampa, mas ainda não conseguimos arranjar ninguém que nos levasse as tampas até Lousada”, revelou o responsável máximo da Azimute. A associação necessita, assim, de um meio de transporte de média-grande dimensão para levar cerca de uma tonelada de tampas ao local onde reciclam o material plástico.

Num período inferior a 5 anos, esta associação transmontana já doou material ortopédico no valor de 7 mil euros, correspondente a dez toneladas de tampas

A campanha “Já deste muitas tampas?” tem permitido um vasto trabalho de solidariedade que, através do empenho dos mais diversos intervenientes, entre eles, pessoas anónimas, instituições públicas e privadas e escolas de vários graus de ensino, muito tem contribuído para a beneficiação da qualidade de vida de idosos, indivíduos portadores de deficiência ou com mobilidade reduzida. Com a recolha de quase dez toneladas de plástico, em forma de tampas, a Azimute adquiriu e entregou material ortopédico no valor de 7174 euros. Um montante repartido por 22 cadeiras de rodas, 3 camas ortopédicas, 3 colchões tripartidos, 5 colchões anti-escaras, 2 cadeiras de rodas em liga leve, 5 andarilhos, 3 pares de canadianas, entre outros equipamentos.
Com esta iniciativa, alcançou-se um outro objectivo, o crescimento de uma consciência ambiental em que se incutem rotinas de reciclagem, já que, o plástico, na natureza, levaria cerca de 150 anos a decompor-se. O que fragiliza o meio ambiental de formas tão danosas e distintas, como irreversíveis. Em Bragança, existem três locais privilegiados para a recolha de tampas. A saber, nas Piscinas Municipais, no Mercado Municipal e no Centro Hospitalar do Nordeste.

27 de janeiro de 2011

RITUAIS EM DISFARCE

Exposição “Rituais de Inverno com Máscaras” reúne acervo imaterial do Museu do Abade de Baçal

Abriu ao público, na terça-feira passada, a Exposição “Rituais de Inverno com Máscaras” no Museu do Abade de Baçal (MAB). Esta mostra artística e cultural, expressiva do complexo cerimonial festivo configurado pela presença de personagens mascaradas do Nordeste Transmontano, foi concebida e coordenada por Benjamim Pereira. Um projecto representativo das festividades de Inverno e como estas assumem um papel fundamental em termos de construção e projecção das identidades culturais em Trás-os-Montes. Trata-se, no fundo, da reposição da exposição que, em 2006, assinalou a última fase do processo de requalificação e ampliação do MAB. Para além de um documentário que, de certa forma, complementa a exposição, constituindo-se testemunho dos rituais abordados, os visitantes poderão contemplar fotografias, máscaras e trajes.
O autor deste projecto, uma das personalidades mais marcantes no panorama da museologia portuguesa e na área da etnografia, começou a trabalhar nesta temática entre as décadas de 1960/70. Culminando, depois, em 1973, no lançamento da obra “ Máscaras Portuguesas”. No período em que regressou ao terreno das máscaras transmontanas (1999-2001), Benjamim Pereira produziu, ainda, um conjunto de 500 diapositivos que documentam o fenómeno e que integram o arquivo do MAB. Um arquivo que manifesta um sólido conhecimento das festividades de Inverno em Trás-os-Montes e que se reveste de grande interesse cultural, considerando que o projecto foi exemplar no contexto do inventário do património imaterial do acervo do museu brigantino.

O MAB oferece, ainda, uma oficina de máscaras, promovida pelo artesão Amável Antão

No âmbito da divulgação e valorização do Património Cultural Imaterial (PCI), o Instituto dos Museus e da Conservação lançou, em 2008, a linha editorial “Arquivos do Imaterial”, que visa promover a edição de filmes que contribuam para a documentação dos múltiplos domínios do PCI, tais como tradições e expressões orais, expressões artísticas, manifestações de carácter performativo, práticas sociais, rituais e eventos festivos, concepções, conhecimentos e práticas relacionados com a natureza e o universo, ou processos e técnicas tradicionais.
Revisitar ou visitar, pela primeira vez, esta exposição, é uma ocasião que não se pode ou deve perder, de acordo com a directora do MAB. “Esta é uma oportunidade de revisitação destas festividades e, simultaneamente, uma oportunidade de nos interrogarmos, enquanto espaço identitários continuamente recriado, que políticas definir para o inventário do imaterial da região, a fim de não se repetirem as práticas menos felizes seguidas relativamente ao património material”, declarou Ana Maria Afonso.

CAVACO VENCE, MAS NÃO CONVENCE

 A maior anstenção registada numas eleições presidenciais ocorreu a 23 de Janeiro, com 53,37 dos portugueses a manifestarem o seu descrédito na política

Cavaco Silva foi o candidato mais votado nas eleições presidenciais de domingo passado, com 52.94 por cento. O dobro de Manuel Alegre, que alcançou, apenas, 19.75 das intenções de voto dos portugueses. Seguiram-se duas grandes surpresas, pelos apoios que conseguiram reunir: o candidato “pela mudança”, Fernando Nobre, com 14.10% J e o madeirense José Coelho, com 4.50%. Já Francisco Lopes teve 7.14%, enquanto Defensor Moura nem sequer atingiu os 2%.
No entanto, a grande notícia do dia 23 de Janeiro foi a abstenção massiva dos portugueses. Apesar do apelo ao dever cívico, por parte de Cavaco Silva, este não surtiu efeito. A percentagem de 53,37 foi a maior registada em eleições presidenciais, desde sempre. E Trás-os-Montes não foi excepção.
Os votos em branco cifram-se nos 4.26% e os nulos em 1.93%.
Na semana que antecedeu o acto eleitoral, Cavaco Silva veio ao distrito de Bragança. Depois de uma passagem por Mirandela, onde visitou algumas Unidades Agro-Alimentares de queijo, azeite e alheiras, e de uma visita relâmpago a Macedo de Cavaleiros, o agora presidente chegou à capital do nordeste. Depois de ter cancelado a visita à sede distrital de campanha, sediada no centro da cidade, alegando “algum cansaço”, seguiu para o jantar comício. O candidato a Presidente da República (PR) iniciou o seu discurso afirmando que não anda na política para insultar ninguém, porque não é o seu estilo. Seguiu-se “uma lição” sobre as qualidades pessoais que um chefe de Estado deve possuir. "Neste tempo de tão grande turbulência, é preciso que um Presidente da República olhe para os problemas de forma ponderada e com serenidade e que saiba daquilo que fala, que não diga apenas aquilo que lhe vem à cabeça, sem nunca ter estudado os problemas", declarou.
Cavaco aproveitou, ainda, para reagir à crítica do líder parlamentar do PS, Francisco Assis, que o havia designado como "provedor universal de todos os descontentamentos”. Na sua resposta, Cavaco atribuiu a força de um chefe de Estado à "força do povo", sublinhando que ele é "o provedor do povo, de todo o povo".

Em Bragança, Cavaco Silva elogiou os produtos transmontanos e afirmou-se como “o maior defensor do interior”

Num comício que lotou o Pavilhão Municipal de Bragança, Cavaco Silva defendeu que o principal atributo de um chefe de Estado deve ser a capacidade de resolver problemas, até os problemas políticos. “O Presidente da República tem que ter a experiência suficiente para lidar com situações muito complexas, muito difíceis, imprevisíveis, com que pode ser confrontado, sejam questões políticos, económicas ou sociais”, afirmou o candidato apoiado pelo PSD e CDS-PP.
No seu discurso de 20 minutos, para cerca de 800 pessoas, Cavaco Silva mencionou, perto do fim, a qualidade dos produtos transmontanos, referindo-se, a ele próprio, como o maior defensor do interior.
No dia seguinte, foi a vez de Vila Real receber o presidente recandidato, onde se juntou o líder do PSD, Pedro Passos Coelho. Vila Pouca de Aguiar, Chaves e Valpaços foram os seus destinos seguintes no segundo dia dedicado a Trás-os-Montes.


TRABALHAR A TERRA

Apesar do envelhecimento demográfico e do abandono da agricultura, os idosos continuam ligados à terra

No dia 12 de Janeiro, o Auditório da Escola Superior de Saúde de Bragança recebeu a realização de uma conferência subordinada ao tema “Dinâmicas da actividade dos idosos agricultores em Trás-os-Montes”. A convite do Núcleo de Investigação e Intervenção do Idoso, Sílvia Nobre apresentou as conclusões de um estudo que correlaciona os idosos com a agricultura em Trás-os-Montes. A docente mostrou os resultados do trabalho que desenvolveu nos últimos anos relativo aos idosos em meio rural e aos idosos ligados à agricultura. “Eu resolvi estudar os idosos ainda activos, independentemente, de estarem reformados ou não, que estão ainda em actividade na agricultura, em Trás-os-Montes. Eu estudei dois aspectos de sucesso em Trás-os-Montes: a criação de vacas mirandesas e a florestação de terras agrícolas”, revelou a docente da Escola Superior Agrária de Bragança.
“Basicamente, as conclusões a que eu cheguei foram: eles trabalhavam bastante, estavam abertos à inovação, às novas técnicas, sobretudo, se lhes facilitassem o trabalho e em face das limitações físicas que progressivamente iam tendo. Apesar de não terem sucessores nas explorações agrícolas, gostavam de ter um património rural preservado para deixar aos descendentes”, continuou Sílvia Nobre.
“Também verifiquei que, a partir do momento que com a idade começavam a auferir de uma reforma eles tendiam a deixar produções muito mais trabalhosas como, por exemplo, a das vacas, e passavam a concentrar-se em produções mais de culturas permanentes, de árvores, castanheiros, e fazerem aquela florestação que lhes permitia um trabalho mais sazonal e que lhes dava algum rendimento”, concluiu.


De acordo com a autora do estudo, os temas do envelhecimento demográfico estão “em grande discussão”. “Cada vez as pessoas duram mais tempo, a população está envelhecida e ao mesmo tempo cada vez nasce menos gente. Nessa medida, a proporção de idosos é maior e isso tem repercussões em termos sociais. Desde logo, nas dificuldades de pagamento das reformas e na assistência aos idosos”, informou Sílvia Nobre.
Questionada sobre o destino do mundo rural, Sílvia Nobre afasta qualquer pessimismo ou cenário catastrófico: “há agricultores mais jovens, muito menos, é certo, mas também fazem uma agricultura de outro tipo e também está por provar se alguém não vai regressar”.

24 de janeiro de 2011

PONTO DE ENCONTRO INTERNACIONAL

Trinta anos de “fiesta motera” levam aos Pinguins mais de 30 mil pessoas para uma das maiores concentrações europeias de Inverno

De 6 a 9 de Janeiro, decorreu nas proximidades de Valladolid, Espanha, a trigésima concentração motard “Pingüinos 2011”. Depois de, em 2009, a temperatura média ter atingido os 10 graus negativos e, em 2010, ter alcançado os 7 negativos, a tradição de neve e gelo foi posta de lado por S. Pedro, que decidiu brindar os mais de 30 mil presentes com chuva, fazendo subir uma temperatura, já por si só, envolvente. Derivada, quase na totalidade, de um convívio são e de uma amizade sem fronteiras que, como é hábito, se fazem sentir desde há décadas para os lados de Castilla y León, contribuindo, também, as muitas fogueiras dos vários grupos motards espalhadas pelo acampamento. Inclusive, de portugueses, muitos do nordeste, e outros tantos do Litoral, provenientes de cidades como Montijo ou Almada.
Neste aniversário de 30 anos, houve algumas actividades que, pela sua qualidade histórica, merecem ser destacadas: o clássico “Desfile de las Antorchas”, na noite de sábado, em homenagem a todos os motards falecidos e que se realiza desde a primeira edição; stunt e freestyle, com os acrobatas Emilio Zamora, Narcis Roca e o homem dos saltos, Jorge Bravo; fogo de artifício; os concertos com Barón Rojo, na sexta, e os Blue Days e a Orquestra Mondragón no penúltimo dia; para terminar, na sedução das hostes, o show de strip masculino e feminino.

 

Muitas tendas de comércio, restaurantes, mais bares e discotecas climatizadas, não deixaram ninguém passar fome, sede ou frio. E onde tudo era permitido, reinou o bom senso e o civismo. Com uma organização sem reparos, a cabo do Club Turismoto, sediado em Valladolid, a 30ª Concentração teve mais de 300 colaboradores, que cobriram todo e qualquer ponto crítico.
O próprio presidente da Junta de Castilla y León não se coibiu de felicitar todos aqueles que rumaram a Puente Duero, oriundos de países tão distantes como aqueles localizados no norte e centro da Europa. “Quero dar as boas-vindas a todos os pinguins que entendem a moto como uma autêntica filosofia de vida, uma forma bem diferente de compartilhar e sentir, e que banha, por estes dias, Valladolid e arredores com um contagioso espírito de amizade, companheirismo e espectáculo”, declarou Herrera Campo. Também o Alcalde de Valladolid, Javier León de la Riva, não passou incólume por esta celebração, designando-a de Festa de Interesse Turístico Regional. “Os Pinguins, adereçado com ingredientes tão inusualmente desejáveis como o frio, o gelo e a neve, demonstraram ser esse um dos actos irrepetíveis que só podem nascer de uma paixão. Os Pinguins formam parte da cultura “vallisoletana” por direito próprio”, proclamou.


Galeria de fotos disponível em: http://www.jornalnordeste.com/; ou no Facebook de Bruno Mateus Filena

FC PORTO NA CAPITAL DE DISTRITO

Antigas glórias da equipa da cidade Invicta partilharam as suas experiências nas Jornadas sobre Futebol em Bragança

De 7 a 10 do corrente, a Associação de Futebol de Bragança (AFB) promoveu umas jornadas sobre futebol num ciclo que teve como principal entidade convidada o Futebol Clube do Porto (FCP). A iniciativa, integrada no programa dos vários Cursos de Treinadores que decorrem no Instituto Politécnico de Bragança (IPB), trouxe à capital de distrito três ex-jogadores internacionais do FCP. Foram eles: Bandeirinha, actualmente, treinador e responsável pelo Departamento Scout`s Externos do FCP; André, treinador; e Fernando Gomes, Bi-Bota D`Ouro e Relações Externas do clube portista, entre outros.
Nas instalações do IPB, portistas, professores, curiosos, convidados, mais os 70 alunos dos respectivos quatro cursos de treinadores ministrados pela AFB, puderam questionar as antigas glórias sobre os mais variados temas, tendo por base o Futebol.
“Nós pedimos apoio ao FC Porto, no sentido de colaborarem com a associação e eles mostraram-se receptivos ao nosso apelo”, justificou o director do Curso de Treinadores da AFB, Óscar Guerra. “Esta é, seguramente, uma mais valia para todos os treinadores e candidatos a treinadores. O facto destes ex-jogadores virem a Bragança não acontece todos os dias. Eles não vêm ensinar nada, vêm tão somente partilhar as suas experiências”, revelou o responsável e, também, vice-presidente da AFB.
Carlos Carvalhal, ex-treinador do Sporting e actual comentador desportivo da RTPN, e Paulinho Santos, ex-FCP, não puderam comparecer à chamada da AFB, alegadamente, por motivos profissionais.

Bandeirinha, André, Fernando Gomes, Luís Castro e Vítor Frade foram apenas alguns dos convidados da AFB

Os Cursos de Primeiro e Segundo Nível de Futebol de 11 e de Futsal começaram a 8 de Novembro, mas terminam em datas diferentes. Os dois cursos de Nível 1 terminarão a 29 de Janeiro, enquanto que, os de Nível 2 dar-se-ão como concluídos a 5 de Fevereiro. Nestes cursos, existem seis prelatores principais que leccionam as seis disciplinas base: Capacidades Motoras, Técnico-Táctica, Metodologia de Treino, Ciências do Comportamento, Leis de Jogo, Medicina Desportiva. Os 70 alunos a frequentarem os cursos estão repartidos da seguinte forma: 35 estão no Nível 1 do futebol de 11, 26 encontram-se no Nível 2 e 11 estão nos dois níveis de futsal. “Dois já ficaram para trás e a avaliação continua a decorrer. Só depende deles! Eu gostava que todos conseguissem”, confidenciou Óscar Guerra.
Durante este curso, outras personalidades convidadas vieram a Bragança, numa perspectiva de abordagem ao Futebol. Entre eles, destacam-se Luís Castro, director de toda a formação do FCP, e Vítor Frade, metodólogo da filosofia de treino do FCP.

Antes das Jornadas, a Casa do FC Porto de Bragança organizou um jantar com as vedetas


CIRCO MEDIÁTICO

Empresário brigantino manifesta-se contra a autarquia macedense em virtude de alegadas dívidas para com empresas da região

Na passada sexta-feira, o representante de uma empresa de transformação de mármores e granitos, a Sopedra, dirigiu-se a Macedo de Cavaleiros para protestar contra a Câmara Municipal daquela localidade. A contestação de António Teixeira prende-se, alegadamente, com uma dívida de 20 mil euros da autarquia de Macedo a uma outra empresa que, por sua vez, deve à Sopedra um valor monetário que ficou por especificar.
“Não estou aqui por conta do que me deve a câmara de Macedo, mas sim por aquilo que deve aos outros empreiteiros e que não me pagam a mim por não receberem nada”, afirmou. O montante em falta, como o próprio reconheceu: “é uma insignificância! São 480 euros. Mas há pessoas que são à volta dos 20 mil euros”. Os 480 euros a que se refere o empresário derivam de um trabalho executado pela empresa sedeada em Bragança para a.autarquia, numa dívida proveniente do mês de Junho do ano transacto. No entanto, o próprio garantiu não ser esse o motivo que o levou a Macedo, mas antes o facto da Câmara estar a prejudicar empresas da região em virtude da falta de pagamento.
O individuo, mais comummente conhecido por Leitão, frisou que é “por vergonha” que os outros empreiteiros não dão a cara ao manifesto, reclamando o que por direito lhes pertence. “Sinto um bocado que as pessoas têm vergonha de se apresentarem aqui para exigir aquilo que é deles. Têm medo que, depois, não lhe entreguem as obras”, afiançou.
Quando questionado sobre que empresas seriam essas, o queixoso foi peremptório em responder: “as empresas depois que se queixem, eu não quero falar nisso. Se for necessário divulgá-las, divulgo. Mas não me interessam as pessoas que venham cá queixar-se. O problema será deles!”
O vereador das Obras Públicas e Ambiente da Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros, Carlos Barroso, manifestou-se surpreendido por toda a situação. “Em liberdade e democracia qualquer pessoa se pode manifestar e dizer o que bem lhe aprouver. E o jardim municipal é um espaço público. Se bem que, devem dizer-se verdades e nunca lançar poeira para os olhos das pessoas”, ilustrou.
O responsável garantiu, ainda, que a autarquia macedense está a tentar começar cumprir a lei no que diz respeito ao pagamento de facturas a 60 dias. Um objectivo que será atingido, segundo o entrevistado, no decurso de 2011. “O resto são fait-divers e penso que o valor é tão irrisório que nem vou comentar em particular”, realçou Carlos Barroso.
A dívida total da Câmara Municipal de Macedo atinge, actualmente, uma cifra que se estima num total de 14 milhões de euros. Enquanto que a dívida a fornecedores, ao transitar de 2010 para 2011, alcançava o milhão e meio de euros.



12 de janeiro de 2011

“O ESTADO É CEGO"



FACTOS

Nomeado: Eleutério Alves
Cargo: Provedor da Santa casa da Misericórdia de Bragança
Naturalidade: Vinhais
Data: 3/3/1947


ENTREVISTA

1 @ A quantas pessoas presta serviços a Santa Casa da Misericórdia de Bragança (SCMB?

R: Com serviços efectivos, entre infância, juventude e idosos, temos 800 utentes diários.

2 @ De momento, de quantas valências dispõe a SCMB?

R: Actualmente, dispomos praticamente de todas as valências da área social. Temos três lares de idosos, diferenciados, todos acoplados neste complexo, cada um com o seu pessoal e os seus utentes. Temos um Centro de Dia onde temos 300 idosos, para além do apoio domiciliário que prestamos a 100 pessoas da cidade e de algumas aldeias mais próximas. E apoiamos 500 crianças todos os dias, distribuídas por três Centros Infantis com pré-escolar, três creches, mais uma creche familiar, um ATL e uma escola do ensino básico. São 250 funcionários ao serviço de 800 utentes.

3 @ A Instituição vive, basicamente, da comparticipação estatal?

R: Basicamente, não. Se vivesse só do apoio estatal, já teria ido à falência. Infelizmente, a comparticipação que o Estado dá para os serviços que contratualizámos com ele e que prestamos aqui na instituição, cobre, nesta data, cerca de 35 por cento dos custos.

4 @ Então e os outros 65 por cento?

R: Têm de vir das famílias ou de receitas próprias da instituição de outras áreas. Hoje, é complicado gerarmos receitas. A Santa Casa tem, ainda, muito património que lhe foi legado. Mas, hoje, a comunidade já não tem esse tipo de atitude. Ou seja, os bens passam entre a família e não são, por norma, legados a uma instituição. Temos, também, alguns bens imóveis de rendimento. Só que isso não é suficiente para suportar a diferença entre a comparticipação do Estado e o custo real do utente. Por exemplo, um utente no Lar de Idosos tem um valor de referência na ordem dos mil euros por mês e o Estado comparticipa para o serviço que contratualizámos com 350 euros. Ou seja, as famílias têm de pagar o resto, sob pena do utente dar prejuízo à instituição. Temos compromissos perante os trabalhadores, temos de pagar os vencimentos mensalmente. E são 14 meses por ano, quando o estado só comparticipa 12 meses. Posso-lhe dizer que o valor gasto pela Santa Casa em recursos humanos, incluindo a Segurança Social, anda muito próximo dos 250 mil euros por mês.

5 @ Essa carga financeira é a principal dificuldade com que a instituição se depara?

R: Uma das principais dificuldades das IPSS é, sem dúvida, o financiamento. A questão da sustentabilidade. Se o Estado não repensar a sua política de cooperação e se a comunidade também não apoiar de outra forma, muitas das instituições poderão começar a entrar em insolvência. O que é mau! Porque são as instituições que, na actual conjuntura económica do país, garantem alguma qualidade de vida aos mais pobres. Um trabalho da responsabilidade do Estado, mas este não tem tido meios, nem formas de o fazer.


6 @ Com os recentes cortes a que as IPSS foram sujeitas e como tesoureiro da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), prevê que este cenário se complique nos próximos tempos?

R: Uma vez que a CNIS tem cerca de 3 mil instituições associadas, nós percebemos aquilo que se passa com cada uma delas e, sem dúvida que, nos últimos dois anos, houve algumas que fecharam portas e fecharam, também, muitos equipamentos, sobretudo, na área do ATL. E estão, agora, em perspectiva de fechar, muitos na área do pré-escolar. Nós reconhecemos e sentimos que o grande problema das instituições particulares de carácter social é, precisamente, a sustentabilidade. Daí que seja necessário deitar a mão a outras fontes de receita, que não seja só a comparticipação do estado. Embora reconheçamos que essa comparticipação está desajustada da realidade do custo das valências. E daí que nós tenhamos de pedir às famílias um esforço financeiro muito maior para que os utentes, sobretudo, idosos e crianças, possam frequentar as nossas instalações.

7 @ Que é que poderia ou deveria ser feito para colmatar tais dificuldades?

R: Seria necessário criar e regulamentar uma nova forma de cooperação com o Estado. Há pressões e exigências, não só da Segurança Social, como de outros organismos que fazem parte do Estado, que são perfeitamente desajustadas em relação às IPSS. Somos confrontados, muitas vezes, com situações que consideramos até anómalas, em que somos tratados como qualquer outra empresa lucrativa. E isso não pode acontecer! Somos uma instituição de solidariedade não lucrativa com funções sociais e de apoio fundamentais aos mais necessitados e que não pode ser tratada como uma empresa comercial ou industrial. Mas, hoje, acontece, frequentemente, que o Estado é cego e não vê por onde passa, nem por onde anda.


5 de janeiro de 2011

SEM PISTAS

O professor brigantino a leccionar na Madeira poderá ter sido vítima da tempestade que se fez sentir na ilha

Na madrugada do dia 20 de Dezembro, Óscar Quintas, natural de Bragança, desapareceu na ilha da Madeira. No dia seguinte, pelas 10:30, seria suposto embarcar no avião que o traria de volta a casa, para passar o Natal com a família. O carro do professor de inglês, a leccionar na Escola do Lombo dos Aguiares, no Funchal, foi encontrado abandonado na manhã de segunda-feira na Ribeira Grande. O facto de estar bem próximo de um local onde ocorreu, nessa noite, o desabamento de uma estrada e de se encontrar com a chave na ignição, porta do condutor aberta e faróis acesos, são duas peças de um puzzle que adensam o mistério.
A teoria mais consistente é a de que o docente de 34 anos possa ter sido arrastado pelas enxurradas provocas pela forte intempérie que se abateu sobre a região. “A tese mais forte, até ao momento, é que o meu irmão possa ter sido levado pela enxurrada devido ao desabamento da estrada. O único bocado que resistiu era onde estava o carro, intacto”, conta o irmão do professor desaparecido, Bruno Quintas. O militar da GNR tem feito tudo ao seu alcance, numa investigação que tem prosseguido sob a alçada da Polícia Judiciária. As buscas continuam, mas, devido ao mau tempo que se tem feito sentir na Madeira, tiveram que ser interrompidas por diversas vezes. Informações e pistas que possam levar ao seu paradeiro ou esclarecer o seu desaparecimento têm sido escassas ou quase inexistentes. “Estamos na mesma incerteza do dia 20. Estamos no mesmo ponto de partida. Sem notícias nenhumas, nem dados novos que apontem algo concreto”, desvenda o familiar.


Questionado sobre se ainda acredita num desfecho positivo, Bruno responde: “é essa esperança que me atormenta a mim e à minha família. É estar a levantar-me todos os dias com a ideia que vai surgir algo novo e deitar-me com essa mesma esperança. Mas, a cada minuto que passa, é mais improvável que isso aconteça”. De acordo com o irmão, este seria, muito provavelmente, o último ano de Óscar Quintas na Madeira. Visto que, poderia conseguir uma colocação como professor no continente.
Numa situação surreal, com a família “completamente devastada”, Bruno é, agora, o homem da casa. Depois de ter lançado um apelo de ajuda aos madeirenses, o militar voou esta terça-feira para a ilha do triste infortúnio, na crença de que a viagem lhe providencie respostas, lhe permita compreender o que aconteceu ou lhe possa trazer algo como paz de espírito. “Tenho de estar no terreno e ver com os meus próprios olhos. Eu sei que é assustador, mas quero procurar sentir aquilo que realmente se passou”, confidencia.