15 de setembro de 2011

DUAS DÉCADAS DE PALCO

Sempre no activo desde a sua formação, em 1990, Stone Age é a banda mais antiga da cidade de Bragança


FACTOS

Banda: Stone Age
Procedência: Bragança
Formação: 1990
Facebook: Stone Age Bragança
Entrevistado: Marco Teixeira
Contacto/espectáculos: 934252833


ENTREVISTA

Jornal Nordeste: Como é que surgiu a ideia de vos juntardes? A formação inicial…
Marco Teixeira: Éramos um grupo de amigos que morava no mesmo bairro. Um tinha guitarra e depois eu decidi trabalhar no Verão para poder comprar uma bateria. A partir daí, juntámo-nos. Era uma formação diferente… Era o Rui Costa, o António Prada, o Abel Leite e eu, com 14 anos.

JN: Fala-nos do vosso reportório?
MT: O nosso reportório, actualmente, é constituído por 16, 17 temas. É um rock bastante alternativo, quase a dar ao punk. Conhecido, também, por Surfer Rock. Aquele rock dos anos 60, 70, muito eléctrico e ainda com mais atitude. São só originais! Temos duas músicas em português e o resto é em inglês.

JN: Quais foram ou quais são os vossos maiores êxitos?
MT: Como foram 20 anos, houve várias fases de êxitos. Por exemplo, quando a banda começou, o Abel Leite (baixista) tinha criado uns originais pesados com letras muito fortes. Foram os casos de “Chuis Cabeçudos”, um tema de contestação contra a forma repressiva da polícia actuar e “Tem cuidado com o pó”, que era contra as drogas. Na altura, essas músicas tiveram muita fama. Depois, em 98, quando eu comecei a cantar e o meu irmão passou a tocar baixo, fiz a “Sozinho, uma música que depois teve muita repercussão e que chegou mesmo a passar nas rádios da cidade.   

JN: Ainda ides por esses êxitos ao fundo do baú ou cingis-vos aos temas criados já pela actual formação?
MT: Como esta formação tem cerca de três, quatro anos, optámos por tocar só temas recentes e dentro desta linha alternativa do punk rock que estamos a criar. São concertos para uma hora e meia, sensivelmente. Claro que podemos prolongar a sua duração, pois temos muitas mais músicas que podemos encaixar no reportório como baladas e músicas com piano. E já fica um concerto diferente.

JN: Neste momento, fazes ideia de quantos originais tendes?
MT: Eu faço músicas desde 1990… O meu disco rígido deve ter cerca de 700. Com princípio, meio e fim, isto é, originais completamente arranjados, talvez uns 50. No reportório só estão 17, mas temos músicas para dar e vender.
  
JN: Sendo que é diferente para cada banda, como é que funciona o vosso processo de criação?
MT: O processo de criação começa por mim, em casa sozinho. Com os meus materiais tento fazer uma maqueta que, depois, levo ao grupo numa música já pré-estruturada. Coloco baixo, bateria e todos os instrumentos e, depois, o grupo ouve e tenta repercutir aquela que é a minha ideia, sendo que, nos ensaios, muitas vezes são sugeridas alterações ou introduzidos novos elementos. Ou seja, levo a música pré-formatada, mas depois cada elemento intervém na criação com ideias próprias, trabalhando sempre o tema enquanto grupo.

Stone Age protagonizou 3 actuações em 5 dias. A 9, nas Verbenas, a 11, em Miranda e a 14 no Klaustrus Bar, de regresso a Bragança

JN: De onde retirais a vossa inspiração? Ou melhor, quem são os vossos músicos ou bandas de referência?
MT: Para mim e para o meu irmão, o baixista, a nossa fonte de inspiração foi sempre o punk rock. Sex Pistols e Exploited, por exemplo, muita música da década de 70 e, claro, música portuguesa como Censurados e Mata Ratos. Essencialmente, música alternativa de combate, de contestação.

JN: Qual é que consideras ter sido o vosso maior concerto?
MT: O nosso maior concerto foi em Espanha, na única vez que representámos Portugal no estrangeiro. Pela primeira vez, actuámos para cerca de três mil pessoas em Cáceres, penso que em 2005, 2006. É um espectáculo que se realiza anualmente numa cidade diferente e que se intitula “Na ruta pela diversidad”. Fizemos a primeira parte de “Seguridad Social”, um grupo espanhol muito conhecido.
 
JN: Como reagiram “nuestros hermanos” ao som de Stone Age?
MT: A reacção foi excelente! Tanto assim que, no final, fizemos dois ou três encores e mesmo a população mais velha teve uma reacção fantástica. Depois do concerto, vieram falar connosco, elogiaram o nosso trabalho, pediram-nos autógrafos, aquelas coisas que nunca nos acontecem em Portugal.
 
JN: O que é que achas que continua a condicionar a arte e, sobretudo, os artistas, neste caso, vós, músicos, em Trás-os-Montes?
MT: O que condiciona mais é a falta de respeito pela ética da arte. Pela estrutura que é a arte em si mesma. E o respeito pelos músicos fica sempre muito aquém daquilo que eles podem vir a dar. Na cidade, há exemplos de pessoas que muito têm feito pela música e pelos músicos em geral. O Paulo Xavier da Junta de Freguesia da Sé é um exemplo, mas é preciso mais. Os artistas precisam de ser mais acarinhados, terem mais apoio por parte do público nos seus espectáculos e serem mais divulgados pelas rádios. Algo que não acontece neste momento, nesta cidade.

JN: O facto da vossa banda ser oriunda de Bragança e estar aqui sedeada, tolheu de alguma forma o seu potencial, bem como o seu próprio sucesso?
MT: Sem dúvida que a situação geográfica condicionou o nosso sucesso, mas não só. A nossa atitude passiva, de não querer dar o próximo passo, também condicionou um bocado as coisas.  

Para Marco (esq. na foto), o cenário musical transmontano evoluiu imenso, quer em quantidade, quer em qualidade
 
JN: Achas que se o vosso ponto de partida tivesse sido outro, digamos, Lisboa ou Porto, os Stone Age poderiam estar num outro patamar?
MT: Muito provavelmente poderíamos já ter gravado um ou dois álbuns e a nossa música estar a passar numa rádio nacional, tipo Antena3. Era o nosso objectivo. Sempre foi! Que a nossa música passasse nalgumas rádios portuguesas importantes.  

JN: Tendes já 21 anos de palco. Como é que justificas ainda não terdes gravado?
MT: Monetariamente, nunca nos foi possível irmos ao estrangeiro gravar, a Inglaterra, que era o nosso sonho. Mas gravámos em 96 um trabalho com 10 temas, cinco em português e cinco em inglês, criados por mim e pelo Abel. Gravámos 300 cassetes por cerca de 100 contos num estúdio de uma editora em Penafiel, que depois distribuímos pela cidade. Apesar de ser um rock muito forte, fomos bem aceites, mas não houve uma continuidade porque a banda acabou por se colapsar precisamente na altura em que estava melhor. Depois, surgiu com outra formação.

JN: Para quando o próximo álbum?
MT: Queremos concretizar um álbum com 12 temas que será gravado num estúdio com condições para um trabalho sério. De preferência, antes do Natal. Esse é o nosso objectivo. Editar dois mil álbuns e colocá-los nas FNAC e nalgumas rádios. Agora, vamos é ter de arranjar apoios financeiros. É o mais importante, mas também o mais difícil. Os concertos são outra forma de financiarmos a gravação do álbum. Conseguíamos fazê-lo em dois fins-de-semana, a gravarmos cinco músicas em cada. Temos de nos mexer!  

Actual formação:
 
Marco Teixeira aka Orelhas – Vocalista \ guitarra solo
Armando Teixeira aka Comando – Baixista
Mateus Pinheiro aka Bruce – Baterista
Carlos Sequeira – Guitarra ritmo


Marco Teixeira - Entrevistado



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