2 de março de 2011

FALTA A MOCIDADE

Arranjar a estrada de acesso a Bragança e fazer com que o autocarro passe duas vezes por semana são duas das prioridades da aldeia de Moredo

Na freguesia de Salsas, no concelho de Bragança, situa-se a aldeia de Moredo. Numa retrospectiva de cinco décadas, António Miranda garante que a aldeia evoluiu bastante, a nível de condições, mas perdeu muita gente. “Antes, éramos para aí trezentos. Havia pessoas que tinham 10 filhos. Agora, foram todas embora... Estamos aqui algumas 50 pessoas. A população está toda a acabar”, diz este habitante, de 65 anos. Nascido em Moredo, trabalhou durante 40 anos nas proximidades de Paris como assistente numa fábrica de automóveis. Tendo regressado há cerca de sete anos, António vê com bons olhos o conforto e a qualidade de vida inerente aos tempos modernos. “A aldeia está mais evoluída! No meu tempo, não tinha luz, não tinha água, nem saneamento. Estou a falar, mais ou menos, de 1966, desde que fui para a tropa, não tínhamos aqui nada”, recorda o, agora, reformado.
Apesar da população da aldeia ter caído 1/6 nos últimos 50 anos, há quem não deseje partir por nada deste mundo. ““Eu estou cá bem! E não saía daqui”, assegura Teresa Rodrigues, enquanto apanhava lenha, conforme disse, “ para me aquecer duas vezes. Tenho os pés que nem os sinto. Parece que quanto mais os chego ao lume pior é”.

Com o encerramento da escola há 10 anos, as crianças vão, agora, para Salsas ou para Bragança

Gaudência Monteiro começa por dizer que, em Moredo, “faz falta muita coisa”. “Antes havia gente a brincar nas ruas, os bailes estavam repletos... Agora, não há ninguém”, lamenta a proprietária da Cervejaria Central. “No Verão há mais vida, saúde.. Eu gosto é de ver gente em movimento! Gostei sempre, senão já tinha fechado isto”, afirma. Segundo a septuagenária, há duas coisas que fazem realmente falta na sua aldeia. A primeira, prende-se com a estrada de acesso a Bragança. “A estrada daqui para Bragança está muito abandonada, dois carros já não se cruzam. Está toda abandalhada”, aponta. A segunda, com o facto do autocarro só passar em Moredo uma vez por semana, excepto em dias de feira. “A carreira só vem a Moredo uma vez por semana, na terça-feira. E devia vir, ao menos, duas vezes por semana. Isso é que nós precisávamos! Se houver feira, em Bragança, aí já vem duas vezes”, indica. Uma necessidade primordial para quem o autocarro é o seu único meio de transporte.




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