Entrevistado: João Paulo
Rodrigues (Quim Roscas)
Profissão: Intérprete / Comediante
Idade: 33 anos
Naturalidade: Lisboa
Data de nascimento: 26 de Julho
de 1978
Estado Civil: Casado
Entrevista:
“Um pé
em cada mundo”
BMF – Há poucos artistas que, depois de uma actuação, fazem uma maratona de duas horas com os fãs para autógrafos e fotografias. Consideras esse um aspecto vital do teu trabalho?
JPR – Claro! Os fãs é que nos
dão toda a vontade de trabalhar, é eles que nos dão o ser. Sem os fãs nada
disto faria sentido. Se não vamos trabalhar para os fãs, também não vamos
trabalhar para nós. Por isso, toda a atenção aos fãs é merecida e necessária.
São pessoas que gostam de nós, é por elas que estamos aqui, são elas que querem
que estejamos aqui, são elas que nos vêm ver, são elas que compram os bilhetes,
por isso é uma obrigação de qualquer artista e faz parte da nossa noite de
trabalho.
BMF – E essa dedicação toda aos
fãs é já uma rotina no final dos espectáculos?
JPR – Sempre! Só se tivermos
logo outro espectáculo a seguir é que não o fazemos.
BMF – Quanto à tua participação no programa televisivo “A tua cara não me é estranha”, surpreendeu-te todo o apoio que recebeste do público?
JPR – Muito! Realmente não
esperava todo o apoio que tive e foi fundamental para ter ganho o programa.
Devo a vitória a todo o pessoal que investiu dinheiro, apesar de eu não ter
ganho nada. Quem ganhou foram as associações, mas há sempre aquele gostinho e
eu devo isso às pessoas que votaram em mim. Como é óbvio, não estava à espera,
mas fiquei muito feliz.
BMF – Mas que é que aprendeste
de novo ao venceres a primeira edição do programa da TVI?
JPR – Eu nunca tinha feito nada
daquele género. Mas já canto há muitos anos… Canto nos meus espectáculos, faço
parte de uma tuna há 15 anos, já toquei num grupo de fados, já toco em bandas
desde os 12 e num registo que eu julgava que era o registo do João Paulo. E no
programa fui obrigado a fazer 11 registos diferentes, o que me abriu novas perspectivas.
BMF – Que artista é que gostaste realmente de imitar?
JPR – Aquele que me deu mais
gozo fazer e no qual me diverti mais foi o de Chubby Checker. Eu gosto muito
daquela música dos anos 70, do rock, do twist, mas o registo que mais me bateu
foi o de António Variações.
BMF – No decurso do programa, o
presidente do júri, Luís Jardim, teceu-te um grande elogio quando afirmou que,
ao invés de teres começado como comediante, devias ter considerado logo uma
carreira musical. Não tiveste essa opção?
JPR – A comédia foi o que
surgiu primeiro na minha vida. Eu já toco desde os meus 12 anos, mas, até
agora, nunca tinha surgido a oportunidade de ser músico ou cantor. E foi a
comédia que eu aproveitei e é nela que tenho vindo a trabalhar ao longo destes
15 anos. Por isso, é óbvio que vou continuar a fazer comédia, pois é o meu
ganha-pão, a minha vida e é aquilo que as pessoas estão habituadas a ver de
mim. Agora, possivelmente, vou fazer alguma coisa na música. Vamos é lá ver se
resulta ou não.
BMF – Vais aproveitar o embalo
da fama e do reconhecimento conquistado na TVI para te lançares como artista na
área da música?
JPR – Claro que sim! Já comecei
a trabalhar no meu disco e estou, agora, na escolha dos temas. Vamos trabalhar
as músicas e gravá-las para, depois, as tentarmos passar nas rádios.
BMF – Escolheste um ou uma mescla de estilos para o teu álbum de estreia?
JPR – Encontrei no programa um
novo termo, um novo conceito, que é o Sprock. É um género musical que consiste
na mistura dos estilos soul, pop e rock. Eu sou adepto do soul e é para aí que
tende a minha voz, sou fanático por rock e o pop é o pop. É o que toca,
percebes? E uma fusão disso tudo acho que é interessante e o mais inteligente
porque, para além de eu gostar, que também é importante, é aquilo que as
pessoas ouvem, que vende. Por isso, siga para a frente.
BMF – Já tens uma data definida para este teu primeiro trabalho?
JPR – Eu não gosto de fazer as coisas
com um deadline. Gosto de as fazer com tempo. É óbvio que não vai
demorar assim muito porque quero aproveitar o embalo do programa, mas também
não vai ser uma coisa feita a correr. Quando sair, saiu.
BMF – Se tivesses de decidir
entre a comédia e a música, qual seria a tua escolha?
JPR – Graças a Deus não tenho de escolher e consigo conciliar as duas. E vou fazer de tudo para continuar nos dois mundos. Porque a comédia e a música fazem ambas parte da minha vida, da minha natureza. Eu sou uma pessoa naturalmente bem disposta e engraçada, estou sempre a fazer piadas, portanto, é-me impossível deixar de ser o que sou e a música faz parte de mim, da minha vida e também da pessoa que eu sou. Eu não posso deixar de ser quem sou, tu não podes ir contra a tua natureza, por isso, nem uma nem outra nunca deixarão de fazer parte da minha vida. Em vez de ter os dois pés num, tenho um pé em cada mundo.
JPR – Não tenho nada a dizer
sobre isso… Não comento.