A 22ª concentração de Bragança
recebeu muitas críticas, mas o desfile nocturno de motas no sábado foi
memorável.
Talvez com menos gente do que
qualquer outro ano, a XXII Concentração Internacional de Bragança começou a sua
programação oficial na sexta-feira com duas horas de atraso. O espectáculo de
freestyle com Ricardo Domingos, mais conhecido por Arrepiado, que deveria
começar às 22 horas, teve início quando faltavam dois minutos para a meia-noite.
Para quem conhece este jovem que faz dos shows de stunt riding um modo de vida,
ele não surpreendeu. Foi, simplesmente, igual a si próprio. Um entertainer, one man show ou, se preferirem, um autêntico
circo ambulante para os entusiastas das duas rodas que nunca saiem de um espectáculo seu com as expectativas defraudadas. Sobejamente conhecido por terras nordestinas, considerado quase como que prata da casa, Ronaldo Freitas foi o outro stuntrider de sábado com a acrobática tarefa de invocar a adrenalina para o espaço envolvente às piscinas do Académico. Uma noite que, à semelhança de sexta, terminou com os corpos nús e semi-nús das strippers que foram tirando a pouca roupa que traziam consigo ao som de temas por elas previamente escolhidos.
Quem não achou piada nenhuma ao
preço das entradas foram muitos dos motards presentes na primeira noite. Alguns
chegaram mesmo a ficar revoltados com a discrepância no valor dos ingressos.
Isto porque, quem entrava a pé no recinto tinha, apenas, de pagar cinco euros.
Enquanto que, quem optou por levar a mota para dentro, teve de pagar 15 euros.
Este facto fez com que muitas das motas ficassem estacionadas à entrada e, o
interior do recinto, ficasse quase despido das duas rodas. Uma questão que o
presidente do Motocruzeiro, entidade organizadora do evento, admite ser
repensada. “Os 15 euros não era para trazerem só a mota. Também levaram uma
tshirt, o pin e mais umas lembranças. Agora, a verdade é que foi uma opção que
não foi minha em concreto, mas foi decidido assim. Às vezes há que fazer
mudanças e vamos analisar essa situação”, explicou Francisco Vara.
No sábado à tarde, as coisas
também não melhoraram mais, devido, quer aos poucos inscritos nas provas de
arranque, quer à fraca moldura humana presente. De noite, o público compareceu
à chamada acorrendo em massa ao recinto. Mas, diz quem lá esteve, que o espírito
motard estava “em baixo”.
Salva pelo gongo ou, melhor, pelo
passeio. Foi, sem dúvida, o momento alto da XXII Concentração de Bragança, que
cada vez tem menos de “Internacional”. Centenas de motas desfilaram por algumas
das principais artérias da cidade para gáudio de muitos que puderam assistir à
passagem das motas.
A forte presença policial também
pareceu incomodar grande parte dos motads, que a consideraram algo pesada.
Força essa que, só na noite de sexta-feira fez deslocar três carrinhas, mais um
carro patrulha, para o acesso principal da concentração.
Ricardo Domingos “Arrepiado”,
Stunt rider
“Se eu não estou enganado, a
primeira vez que vim a Bragança foi em 2001 para fazer o Campeonato de
Freestyle. Depois, a partir daí, basicamente, temos vindo todos os anos. Mas,
em 2009, foi o último em que estive presente. Nos últimos três anos temos
realizado um evento na Alemanha e como as datas são coincidentes não tivemos a
possibilidade de vir cá. Como este ano
esse evento foi antecipado uma semana, estamos aqui para animar.
Comparando com 2001, esta
concentração acaba por ser um bocadinho mais fraca, mas tanto aqui em Bragança
como nos outros clubes e organizações. Penso que seja a crise também. As
pessoas, antigamente, num ano, faziam quatro ou cinco concentrações e, agora,
optam por fazer, apenas, uma ou duas. Motards, se calhar, há menos aqui, mas a
população em Bragança aparece sempre em bastante número.”
TESTEMUNHOS MOTARDS
Luís Durão, 35 anos
“Pelo que vi até agora, parece que
está bem pior do que em edições anteriores. Embora nos outros anos, isto já
estivesse muito mau também. Se o objectivo é acabarem com a concentração estão
no caminho certo.”
Bruno Soeiro, 30 anos
“Este ano, para mim, está muito
fraca em relação a outros anos. Eu já vi isto muito melhor. Poderiam ter
apostado em condições que fossem mais atractivas, para voltarem a chamar as
pessoas que vinham antigamente.”
Bruno Fernandes, 30 anos
“Está um bocadinho fraca.
Inscrições caras e mesmo polícia e tudo o mais. É um bocado chato. Acho que era
de evitar porque é um dia de diversão e a polícia era escusada. Pelo menos, no
interior do recinto. Até dá medo!”
Casimiro Pereira, 36 anos
“Acho que isto está cada vez
pior. Para a crise que está, os preços são muito altos. Pagamos 15 euros para
trazer a mota para o recinto e isso devia ser gratuito. A concentração é para
os motards, mas são as pessoas sem mota que pagam 5 euros.”
Ricardo Domingos aka "Arrepiado"
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