22 de novembro de 2011

"TERRA QUENTE, TERRA FRIA"

Peça baseada na interioridade nordestina da vida e obra de Graça Morais em estreia absoluta

Trás-os-Montes serviu de inspiração à co-produção do Teatro Municipal de Bragança e do Teatro do Bolhão, apresentada no passado mês de Outubro. Em estreia absoluta, “Terra quente, terra fria”, procura retratar as memórias de Graça Morais e os traços da sua pintura que singra nos rostos e paisagens subjacentes ao típico nordeste transmontano. Interpretada por Anabela Sousa, António Júlio, Joana Castro, Paulo Mota e Vera Santos, a peça de uma hora e quinze minutos conta “estórias sem fim” de uma interioridade única. Com um elenco de actores e bailarinos, os sons tão peculiares como o “chs” e o “boh!”, as searas, os rituais, as mulheres tão fortes de outrora elevadas ao plano da imortalidade na obra da artista Graça Morais, ganham vida própria nesta mistura de teatro e dança, onde uma cena faz referência ao antigo presidente de junta de Rio de Onor, o primeiro o habitante a ter um par de botas na aldeia.
Citando a própria directora do Teatro do Bolhão, Joana Providência, o espectáculo coreográfico trata, sobretudo, de “vidas duras, marcadas por uma enorme força de viver e por uma vontade de aguentar, de levar em frente uma áspera existência arrancada às entranhas da terra”. Após meses de investigação e pesquisa que antecederam a materialização de “Terra quente, terra fria”, conseguiu-se dar, de acordo com a responsável, “corpo a estas sensações, emoções e paisagens de pessoas”. No entanto, ressalva que muito material ficou por utilizar. “O que permaneceu desenha uma teia que nos segreda e revela as metamorfoses, as marias, as escolhidas e tantos outros temas deste universo único de Graça Morais”, sublinha Joana Providência, homenageada em palco no final da peça com um ramo de flores.
Para além do espectáculo, o público pôde assistir a um ensaio aberto na tarde de quinta-feira e conversar com criadores e intérpretes no auditório do teatro brigantino. No sábado, a tertúlia continuou com os criativos, desta feita no Centro de Arte Contemporânea Graça Morais.

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