26 de julho de 2012

ARTE EM MOVIMENTO

São erradamente confundidos com destruidores de propriedade ou vândalos, mas o desporto que eles praticam, o Parkour, já conquistou o respeito de muitos.

 Apesar de estar pouco divulgado no nosso país, sobretudo, em Bragança, o Parkour é uma modalidade que conta já com uma longa tradição em França, país berço e de onde se disseminou internacionalmente. O intuito é fluir na cidade de uma forma contínua criando uma simbiose perfeita entre o indivíduo e o ambiente que o rodeia. Parkour é fazer um dado percurso, mesmo que isso signifique escalar muros, prédios ou dar saltos com mais de cinco metros de altura.
Na capital do nordeste, neste momento, existem, somente, dois traceurs (praticantes de parkour) que vivem com paixão este desporto que leva ao limite a resiliência do corpo humano. O mais experiente é Jorge Mota, também conhecido por Nitro. Com 17 anos, ele recorda como se desenvolveu o seu gosto pela prática de uma modalidade que tantos desconhecem: “comecei a ver vídeos na internet e depois conheci o Guilherme Costa, juntei-me com ele e fui aprendendo. Na altura, tinha 13 anos, éramos cerca de sete elementos e foi ele quem me ensinou grande parte das técnicas de Parkour”. Foi nos três anos em que esteve com Guilherme que Jorge aprendeu muito daquilo que hoje sabe.

Depois do “professor” partir rumo ao sul, alguns permaneceram juntos, outros elementos do grupo desistiram e outros, ainda, decidiram arriscar a entrar num mundo novo. Mas a persistência não abunda. “Enquanto é moda as pessoas aderem muito, acham piada e que é fixe andar por aí a pular. Quando deixou de ser moda, não existe aquela paixão interior que fica, e desistiram. Outros, quando começam a tentar progredir e se magoam ou lesionam abandonam logo o parkour”, justifica. Se houvesse um grupo, a evolução seria superior porque, na opinião de Nitro, “uns puxam pelos outros”. “Gostava de ter um grupo maior porque nos ajuda a progredir e, apesar de não haver competição no parkour, existe sempre aquela competição saudável entre todos. Um faz um movimento novo e o outro vai logo tentar imitá-lo, evoluindo com ele também”, diz.
Por enquanto, a única pessoa com quem pode partilhar esta arte em comum é o seu primo. “Fui vendo, gostando, apaixonando-me e comecei a praticar também. O que eu gosto mesmo e não haver obstáculos. Para nós, tudo é uma passagem, um caminho”, sublinhou Miguel Quaresma, também ele com 17 anos. Os dois rompem pela selva urbana em busca dos melhores spots (locais). “Desde o Pólis, a toda a zona da Flor da Ponte, incluindo o Skate Park, no Eixo Atlântico, perto do Carlos Fotógrafo. São, essencialmente, esses os locais onde dá para fazer mais coisas, mais variações”, revela Jorge.

Ao contrário das grandes metrópoles, esta é uma pequena cidade onde a dificuldade é rara de encontrar, sobretudo, para traceurs de nível mais elevado. “Esta é uma cidade para iniciados porque os obstáculos são mais ao nível do chão, enquanto que noutras há sítios e prédios altos e mais bem estruturados para o parkour”, explica o jovem, que só lamenta o facto de existirem muitas pessoas em Bragança que ainda confundem o seu desporto de eleição com vandalismo. “O meu sonho é que esta modalidade seja reconhecida como uma arte e não como alguns pensam nela, como sendo vandalismo. Por vezes, as pessoas ameaçam chamar a polícia. Apesar da polícia nos ver e já não dizer nada, as pessoas ainda têm um preconceito muito grande”, lamenta o entrevistado, que espera, um dia, poder viajar pelo país na procura incessante de obstáculos que o possam desafiar, físicos e humanos. “O meu próximo passo é juntar dinheiro e conseguir sair durante uns tempos, percorrer Portugal e encontrar vários traceurs de localidades diferentes”, assume Jorge Mota.

Se quiser saber mais, procurar com quem treinar ou como começar, contactar Jorge Mota via facebook:  http://www.facebook.com/brknitro

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