São erradamente confundidos com
destruidores de propriedade ou vândalos, mas o desporto que eles praticam, o
Parkour, já conquistou o respeito de muitos.
Na capital do nordeste, neste
momento, existem, somente, dois traceurs (praticantes de parkour) que vivem com
paixão este desporto que leva ao limite a resiliência do corpo humano. O mais
experiente é Jorge Mota, também conhecido por Nitro. Com 17 anos, ele recorda
como se desenvolveu o seu gosto pela prática de uma modalidade que tantos desconhecem:
“comecei a ver vídeos na internet e depois conheci o Guilherme Costa, juntei-me
com ele e fui aprendendo. Na altura, tinha 13 anos, éramos cerca de sete
elementos e foi ele quem me ensinou grande parte das técnicas de Parkour”. Foi
nos três anos em que esteve com Guilherme que Jorge aprendeu muito daquilo que
hoje sabe.
Depois do “professor” partir
rumo ao sul, alguns permaneceram juntos, outros elementos do grupo desistiram e
outros, ainda, decidiram arriscar a entrar num mundo novo. Mas a persistência
não abunda. “Enquanto é moda as pessoas aderem muito, acham piada e que é fixe
andar por aí a pular. Quando deixou de ser moda, não existe aquela paixão
interior que fica, e desistiram. Outros, quando começam a tentar progredir e se
magoam ou lesionam abandonam logo o parkour”, justifica. Se houvesse um grupo,
a evolução seria superior porque, na opinião de Nitro, “uns puxam pelos outros”.
“Gostava de ter um grupo maior porque nos ajuda a progredir e, apesar de não
haver competição no parkour, existe sempre aquela competição saudável entre
todos. Um faz um movimento novo e o outro vai logo tentar imitá-lo, evoluindo
com ele também”, diz.
Por enquanto, a única pessoa
com quem pode partilhar esta arte em comum é o seu primo. “Fui vendo, gostando,
apaixonando-me e comecei a praticar também. O que eu gosto mesmo e não haver
obstáculos. Para nós, tudo é uma passagem, um caminho”, sublinhou Miguel
Quaresma, também ele com 17 anos. Os dois rompem pela selva urbana em busca dos
melhores spots (locais). “Desde o Pólis, a toda a zona da Flor da Ponte,
incluindo o Skate Park, no Eixo Atlântico, perto do Carlos Fotógrafo. São,
essencialmente, esses os locais onde dá para fazer mais coisas, mais
variações”, revela Jorge.
Ao contrário das grandes
metrópoles, esta é uma pequena cidade onde a dificuldade é rara de encontrar, sobretudo,
para traceurs de nível mais elevado. “Esta é uma cidade para iniciados porque
os obstáculos são mais ao nível do chão, enquanto que noutras há sítios e
prédios altos e mais bem estruturados para o parkour”, explica o jovem, que só
lamenta o facto de existirem muitas pessoas em Bragança que ainda confundem o
seu desporto de eleição com vandalismo. “O meu sonho é que esta modalidade seja
reconhecida como uma arte e não como alguns pensam nela, como sendo vandalismo.
Por vezes, as pessoas ameaçam chamar a polícia. Apesar da polícia nos ver e já
não dizer nada, as pessoas ainda têm um preconceito muito grande”, lamenta o
entrevistado, que espera, um dia, poder viajar pelo país na procura incessante
de obstáculos que o possam desafiar, físicos e humanos. “O meu próximo passo é
juntar dinheiro e conseguir sair durante uns tempos, percorrer Portugal e
encontrar vários traceurs de localidades diferentes”, assume Jorge Mota.
Se quiser saber mais, procurar com quem treinar ou como
começar, contactar Jorge Mota via facebook:
http://www.facebook.com/brknitro
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