Autenticidade e economia na concepção do modelo são realidades conceituais do criador
João Cutileiro, um dos grandes nomes do nosso tempo, artista reconhecido nacional e internacionalmente, marcou estatuto na concorrida inauguração da sua exposição no Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, no dia 24 de Outubro. Escultura, desenho e fotografia são áreas onde o criador investe o fruto de uma vida de trabalho vasto, intenso e multifacetado.
Com uma dúzia de esculturas, a ênfase desviou-se para as duas “expressões menos divulgadas” de João Cutileiro. O desenho de mulheres nuas, com 14 obras gravadas em diorito negro polido e mais 12 a fundo branco, num total de 26. A fotografia, a segunda “expressão artística”, realiza-se com cerca de 40 retratos a preto e branco de pessoas e situações.
Em testemunho directo, ao Jornal Nordeste, o homem escultor, arte plástica que mais o reivindica, afirma as suas obras como sendo geradoras de ódios e paixões. Dos vários temas desenvolvidos, destaca o amor, o desejo e a plenitude do ser, aclamando o dos corpos femininos como o mais figurativo. "As Meninas de Cutileiro", como o próprio lhe chama.
Na sua douta experiência de 72 anos, as suas obras são criadas por inspiração divina, paixões, receios e cenas intimistas. Com uma atitude independente e liberta de estereótipos, podemos considerar João Cutileiro como sendo o inspirado e o inspirador pela grande viragem da escultura portuguesa nos anos 80 e pela ruptura com a estatuária oficial, fazendo-a evoluir do classicismo estilizado para uma nova era completamente liberta da iconografia vigente.
Permanecendo na crença de que é, e passo a citá-lo, "um fazedor de objectos decorativos destinados à burguesia intelectual do ocidente", postula que toda a arte tem uma função decorativa, logo, todos os escultores são manufactureiros de objectos decorativos, esculpidos de “uma forma quase cósmica com a descoberta das máquinas abrasivas de alta velocidade”.
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