"COM FOME DE PORTUGAL"
Os Santos e Pecadores estiveram em Bragança na Semana de Recepção ao Caloiro do Instituto Politécnico de Bragança. No final do concerto, o Jornal Nordeste entrevistou Olavo Bilac, o vocalista da banda.
ENTREVISTA
1 @ Há cerca de 10 anos que não vens a Bragança. Como é que vês este regresso?
R: Esta é a sétima vez aqui em cima dos Santos e consegue ser sempre bom! Depois, os estudantes são um público que está muito atento às novas músicas, ao que está a acontecer e a sair para o mercado. Neste novo trabalho, as pessoas já cantam as músicas do princípio ao fim e, para nós, músico, isso é o fundamental.
2 @ O álbum “Energia” saiu para o mercado a 15 de Julho. Tem sido bem recebido pelo público?
R: Tem sido muito semelhante a Bragança. Os Santos e Pecadores, também, são uma banda de música ao vivo... Nós preferimos muito mais estar em cima do palco do que em estúdio. E isso espelha-se na participação que o público tem nos nossos espectáculos. Estamos quase a fazer 20 anos, ou seja, já são uma série de temas emblemáticos que, depois, também vêm ajudar à festa. Para além destes novos que, agora, vão surgindo.
3 @ Este é o 6º álbum de originais. É o seguimento dos trabalhos anteriores ou tentaste fazer algo diferente?
R: Após cinco anos sem editar originais, foi um bocado ruptura! Mas não foi propositado... Entretanto, temos estado em espectáculos, lançámos algumas colectâneas, como a “Caixa dos Segredos”, que nos deu muito gozo porque foi um espectáculo gravado ao vivo, em que incluímos dois temas novos, inéditos. Mas já chegava! Agora, estamos muito mais virados para o futuro e o que é que vamos fazer a seguir. Também, estamos muito atentos às novas tendências, àquilo que se faz no mundo. Tratou-se de pegar na base das canções e dar-lhe uma roupagem diferente, mais actual, com mais energia...
4 @ Se tivesses de descrever este último álbum em 3 ou 4 palavras, como é que o definirias?
R: Muita energia positiva!
5 @ Recentemente, os Santos e Pecadores tiveram a maior entrada semanal no top 6 nacional. Como é que recebeste essa notícia?
R: É sempre bom! Mas não nos podemos basear nisso... O que é importante é estarmos a defender o disco e a fazermos espectáculos porque as coisas vão acontecendo. Com o nosso trabalho, com o afinco destas seis pessoas, aos poucos vamos chegando aos sítios que os Santos merecem.
6 @ A banda foi criada em 1995. Como é que vês o percurso dos Santos e Pecadores na música portuguesa ao longo destes 15 anos?
R: Foi um abrir e fechar de olhos... Parecendo que não, mas as coisas correm muito depressa. Quando damos por nós, já passaram quase 20 anos. Mas isso já passou! Agora, queremos mais 20 e isso é que faz os músicos e a arte em geral andar para a frente. Nós queremos, também, na base de canções, fazer música com tendências novas e com roupagens diferentes para públicos e gerações diferentes. É esse o nosso trabalho! Tentarmos, sempre, estar actuais.
7 @ Quais são as metas para as próximas duas décadas?
R: Continuarmos a escrever canções e a fazermos aquilo que mais gostamos... Isto partiu de um sonho! E o que interessa, mesmo, é sabermos dar valor a esse sonho e agarrá-lo com unhas e dentes. Porque, no fundo, é a nossa profissão e é o que nos diverte fazer. Portanto, acabamos todos por ser uma família e essa essa família há-de preservar-se mais 20, 30, 40 anos...
8 @ Como vocalista de uma das maiores bandas pop portuguesas, sentes que carregas o peso da responsabilidade?
R: Acho que não carrego nada! As pessoas devem é libertar-se dos dogmas, fazerem aquilo que gostam e divertir-se naquilo que fazem... Principalmente isso. Claro que há muito trabalho pelo meio! Mas, basicamente, é fazermos o que gostamos. Os Santos e Pecadores estão integrados na indústria portuguesa, onde estão a surgir, actualmente, trabalhos excelentes a nível musical. Se crescermos sozinhos, também acho que não vamos a lado nenhum... Temos de crescer como um todo, com novos projectos e tendências musicais diferentes para esta indústria ficar mais forte.
9 @ No filme “Contra-luz”, que desfilou no circuito hollywoodesco, a vossa música, “A Tela”, integra a banda sonora. Como é que vês a internacionalização dos Santos e Pecadores?
R: Eu já conhecia o Fernando Fragata, o produtor, pois já tinha participado como actor num filme que ele realizou e tinha ficado no ar: um dia tinha que fazer uma banda sonora. A oportunidade surgiu quando ele estava a gravar o filme, já tinha algumas ideias e chamou-nos, explicou um bocado a mensagem, mas não quis mostrar as imagens, e falou muito por alto. Nós fomos compor e o Pascoal, o teclista, apanhou muito bem a ideia. Tanto assim que, em 10 minutos, escreveu a letra quase na totalidade. Quando a fomos mostrar ao Fernando, ele adorou e quando chegou ao refrão disse: é mesmo isso. Foi uma junção de sinergias positiva. O que para nós, também, é bom porque o cinema é um mundo novo. É um óptimo veículo para chegar às pessoas, um universo muito interessante.
10 @ Os Santos e Pecadores têm acompanhado a evolução dos tempos e músicas como “Fala-me de Amor” e “Não voltarei a ser fiel” fazem, já, parte do cancioneiro nacional. Neste último disco, que músicas consideras capazes de acompanhar os grandes clássicos portugueses?
R: As músicas acabam por ficar intemporais... É como perguntares aos pais, qual dos filhos gostam mais. Acho que as músicas são todas diferentes, com histórias e atmosferas diferentes. Talvez, “A Tela”, por ter sido o single que mais lançámos e apostámos, possa fazer esse seguimento. Mas, atrás d` “A Tela”, há muitos temas como “Leva-me a dançar” e “Energia”. Por isso, suscito a curiosidade nas pessoas e convido-as a revisitarem o álbum, pois é muito diversificado.
11 @ Enquanto músico, qual foi o local onde te deu mais satisfação tocar?
R: Sem dúvida, nas comunidades portuguesas. É sempre uma alegria! Quando vamos lá, eles estão com fome de Portugal... Estados Unidos, Canadá, França, Cabo-Verde, Angola, foram surpresas muito agradáveis.
12 @ Na música portuguesa, que artistas actuam como referências para ti?
R: Zeca Afonso e Amália.
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