24 de fevereiro de 2011

CULTURA SOBRE A MESA

Graça Morais brindou a todos com a sua arte, explicada na primeira pessoa, através da exposição “Metamorfoses”

No sábado passado, o final de tarde assemelhou-se a uma tertúlia artística. A única diferença é que houve um prémio. O Centro de Arte Contemporânea Graça Morais foi palco para a artista com o mesmo nome. A pintora serviu de inspiração a perto de 100 pessoas que compareceram para a ouvir “entender” a sua colecção. Os privilegiados puderam partilhar do seu tempo raro, da sua constrangedora simplicidade e beber do seu conhecimento. Tratou-se de, como lhe decidiram chamar, uma “visita guiada por Graça Morais à exposição “Metamorfoses”, extremamente concorrida, que se prolongou por mais de duas horas.
“Eu já ando há muito tempo com vontade de ter tempo para as pessoas que vêm às inaugurações. Então, resolvi anunciar que fazia esta visita e mesmo com tanta gente, deu, para no fim, ouvir o que as pessoas tinham para me dizer”, revelou a pintora. As aprumadas conversas, em debate de ideias, aconteceram na cafetaria do Centro de Arte. O lugar de convívio serviu arte e cultura em bandeja.
“Este espaço tem sido muito visitado, mas eu gosto de saber até que ponto as pessoas precisam, se questionam e a importância que este espaço tem para elas. É importante para mim como artista, aperceber-me e, sobretudo, estar disponível, além da pintura, na minha pessoa, para conversar com elas”, esclareceu Graça Morais, que promete continuar a cumprir este género de iniciativas. “De vez em quando farei estas visitas, pois são altamente compensadoras, no sentido que há uma entrega, um encontro um bocado tímido, mas, ao mesmo tempo, muito natural e verdadeiro”, confessou.


No terminar da “conversa informal”, através de um sorteio, foi oferecida uma serigrafia de e pela própria Graça Morais a um afortunado elemento do público. Uma obra, também ela “metamorfoseada”. A autora da colecção explica o porquê do nome “Metamorfoses”: “é muito representativo desta exposição e é um nome com grande significado no meu trabalho porque, ao longo destes anos todos, apercebi-me de que, parte dele, é uma representação da realidade, mas, sobretudo, trata-se de transformações”.
Para quem a mãe, de 86 anos, e a filha, são as grandes mulheres da sua vida, Graça Morais usa a forma artística da alma feminina transfigurada, irreconhecível, pelo menos, em aparência, como objecto de culto a tema dos seus quadros. “Marcante na minha vida, a minha mãe é o modelo em muitas das minhas pinturas. Um modelo que eu transcendo”, partilhou.



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