Autarquia brigantina promove recuperação de Forno Comunitário de Pão na ordem dos 110 mil euros
A Câmara Municipal de Bragança (CMB) assinou o Auto de Consignação de Recuperação do Forno Comunitário de Pão na passada quinta-feira. A obra, adjudicada no valor total de 109 mil euros, é co-financiada por fundos comunitários e estará concluída no início do Verão. Trata-se de um projecto integrado no programa Bragança Activa – Requalificação e Dinamização do Centro Histórico e que prevê a reconstituição da área de fabrico, incluindo o forno e a chaminé, a masseira, a pia e o mezzanine (para arrecadação de utensílios). As fachadas também serão recuperadas, mantendo-se, assim, o traçado original.
“Trata-se de preservar a história, a memória, recuperando um antigo forno comunitário que cozeu pão para todos os aquartelamentos militares existentes em Bragança, principais instituições e cidadãos, aproximando-se daquilo que conhecemos hoje como uma infraestrutura de carácter industrial”, revelou o presidente da CMB, Jorge Nunes.
De sublinhar que esta obra é “amiga do ambiente”, uma vez que o respectivo projecto foi elaborado tendo em conta preocupações ambientais, nomeadamente ao nível dos revestimentos e eficiência energética.
Em ruínas há várias décadas, o antigo forno foi adquirido pela autarquia brigantina no ano de 1991. Depois das obras de requalificação concluídas, o espaço será cedido à Associação “Amigos do Forno” e servirá à população através de actividades de carácter pedagógico e didáctico. Algumas das quais, relacionadas com a preparação e confecção do pão.
Conhecido como “Forno da Ti Glória”, era, segundo relato do etnólogo e antropólogo Belarmino Afonso, o maior forno que existia na época em Portugal, tendo sido edificado para cozer o pão aos trabalhadores das obras de construção do Castelo de Bragança. Ao lado do forno existia uma pia, onde a Ti Glória “molhava o vassouro” de palha, depois de varrer o forno.
De acordo com os escritos de Belarmino Afonso, na obra “O Cozer do Pão”, os fornos medievais foram amplamente construídos na cidade de Bragança, sendo um testemunho histórico de uma sociedade já relativamente industrializada.
A implementação de fornos estava, ainda, associada à presença de moinhos, verificando-se que, numa pequena extensão do rio Fervença, existiam seis moinhos.
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