4 de fevereiro de 2010

DOMINGUES DE AZEVEDO

"Justiça, Educação e Emprego”

FACTOS

Nomeado – A. Domingues de Azevedo
Origem – Vila Nova de Famalicão
Ofício(s) – Presidente da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas (OTOC)
Estado Civil – Casado
Data de Nascimento – 7/04/1950
Signo – Carneiro
Maior virtude – Generosidade
Maior defeito – Teimosia
ENTREVISTA


1 @ Desde 1998, aquando do primeiro acto eleitoral, que Domingues de Azevedo está à frente dos Técnicos Oficiais de Contas (TOC). Apesar de ter sido reeleito o ano passado, a 26 de Fevereiro, haverá novas eleições devido à alteração de estatutos que promoveu a passagem de CTOC para OTOC. Será candidato uma vez mais ?

R: Sou candidato a bastonário da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas (OTOC), pela Lista A. Encabeço uma lista de TOC que já me acompanham desde 1998. Trata-se de uma equipa segura, dinâmica e que sabe o quer para a profissão. Fomos nós que conduzimos esta actividade ao que ela é hoje na sociedade portuguesa. Organizamo-nos numa ordem profissional por direito próprio, porque lutámos e trabalhámos afincadamente. Nada acontece com amadorismo nem com discursos inconstantes e incoerentes. Enveredar, neste momento, por alguma das listas adversárias, seria apostar numa lógica de aventureirismo e incerteza, que ninguém desejaria para a profissão.

2 @ Depois de tantos anos e maiores contributos para a regulamentação de uma profissão, actualmente, com uma força jurídica muito própria, quais as suas metas para o próximo mandato?

R: A Ordem dos TOC tem a força jurídica que já tinha a antiga Câmara. Vai é passar a ter uma orgânica diferente e novos órgãos. A Ordem tem proporcionado, nos últimos anos, um plano formativo abrangente e de qualidade aos seus membros. Essa continuará a ser a nossa grande prioridade para os próximos anos. Sem formação regular nenhuma profissão está apta a desenvolver uma actividade competente e avisada. Os desafios futuros implicam a assimilação de novos conhecimentos e os TOC têm de estar à altura. A OTOC tudo fará para que isso aconteça. Felizmente, os profissionais têm percebido a nossa preocupação, aderindo em massa às sessões formativas que promovemos em todo o país. Ao longo de 2009, contabilizámos 229 mil inscritos nas diversas formações promovidas.
Para além disso, somos também agentes activos na sociedade. Por isso pretendemos ser ouvidos nos processos legislativos de âmbito fiscal e contabilístico. As normas não podem ser feitas sem o concurso dos profissionais, que conhecem profundamente as empresas e que são, inequivocamente, um valor acrescido e parceiros dos empresários. Vamos incrementar mais informação técnica aos nossos membros, dotar o seguro de saúde (gratuito) de mais coberturas e desenvolver mais projectos de cooperação internacional.

3 @ A Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas (OTOC) é a mais recente ordem profissional do País e, conta já, com cerca de 75 mil membros, sendo que, mais de mil encontram-se no distrito de Bragança. Como é que justifica tão rápido crescimento?

R: A Ordem dos TOC é a maior associação profissional de inscrição obrigatória do País. Dos 75 mil membros, apenas 35 mil exercem, efectivamente, a profissão de TOC. Os restantes (40 mil) mantêm a inscrição activa porque se sentem confortáveis em pertencer a esta «grande família». Acredito que a informação mensal que disponibilizámos – uma revista e um CD – são fundamentos de peso. É o orgulho de ser TOC, em minha opinião e o facto de se reverem na profissão, que leva a que um número tão grande de profissionais conserve essa relação umbilical à sua Ordem.

4 @ A OTOC está a ministrar formação a nível nacional sobre o novo Sistema de Normalização Contabilística (conjunto de normas que alteram o Plano Oficial de Contabilidade) e que entrou em vigor em Janeiro de 2010. Podia-nos explicar, de forma sucinta, quais as principais alterações introduzidas ou, pelo menos, aquelas que afectam mais empresas?

R: Como ponto prévio, urge desmistificar uma ideia que se criou: o Sistema de Normalização Contabilística (SNC) não é um “monstro” ou um “papão” invencível. O SNC é apenas um mecanismo diferente das empresas avaliarem o seu estado patrimonial e comunicar aos interessados as alterações operadas.
Estamos a falar, pois, sobre os critérios utilizados para a determinação da situação patrimonial das empresas através de um enquadramento diferente do reconhecimento e valoração dos valores e direitos das empresas, das suas obrigações e da variação dos seus capitais próprios.
A análise que se impõe ser feita é saber se os bens que constam da contabilidade das empresas são, de facto, activos e passivos vistos à luz dos novos critérios (reconhecimento e desreconhecimento), bem como analisar se os mesmos se encontram adequadamente expressos em unidades económicas ou se carecem dos respectivos reajustamentos de valor. É importante ainda analisar os efeitos que aqueles reajustamentos provocam nos capitais próprios das empresas.

5 @ Qual é a importância dos TOC para uma boa saúde financeira das Pequenas e Médias Empresas?

R: Os Técnicos Oficiais de Contas têm um papel determinante na sociedade portuguesa: são eles que quantificam as verbas que as empresas entregam ao Estado. As pequenas e médias empresas conhecem o nosso trabalho e sabem que somos profissionais responsáveis, um parceiro que acrescenta valor ao negócio. É o TOC que conhece bem a estrutura interna da empresa. Por isso, é ele o agente mais bem posicionado para aconselhar o empresário a gerir da melhor forma o seu negócio.
“Gostava de juntar o Papa Bento XVI, o Presidente Obama e um líder islâmico. Uma noite a tentar resolver os maiores problemas mundiais”

6 @ Há muita fraude e evasão fiscal em Portugal? Onde é que elas são mais invisíveis e que ferramentas poderiam ser utilizadas para as travar?

R: Como em todos os países, Portugal não escapa à fraude e evasão fiscal. Há métodos cada vez mais sofisticados que são utilizados na fraude. Não houve, no entanto, um aumento dos números. Provavelmente consequência de uma ideia que se vem solidificando, de que «a fraude e a evasão não compensam».
É incontornável: todos temos de pagar para uma causa comum. Podemos questionar a equidade desde ou daquele imposto. Mas temos que pagar. Nas sociedades ditas organizadas, existe uma cidadania fiscal que nos vincula.

7 @ Que balanço faz da contabilidade empresarial em Portugal? A nossa economia prospera, apesar de timidamente, ou esperam-nos dias ainda mais cinzentos?

Seria irresponsável dizer que a situação económica é fácil. Chegámos a um ponto muito complexo, mas creio que podemos recuperar. As Pequenas e Médias Empresas, que são quase 400 mil, representam o coração do tecido empresarial português. Empresas com contas rigorosas e equilibradas, com o preciso auxílio dos TOC, é meio caminho andado para a recuperação económica do país. Se existir cooperação e se todos derem as mãos, é possível caminharmos no rumo certo.

8 @ Em conversa com o Primeiro-ministro, José Sócrates, e se ele lhe concedesse três desejos, que é que lhe pediria a bem da nação?

R: Como não acredito em magia, pedia-lhe apenas que governasse com sensibilidade social e coragem para fazer as reformas necessárias à modernização do País.

9 @ O que considera ser inaceitável num ser humano?

R: A arrogância, a mentira e a má-fé.

10 @ Para si, uma viagem de sonho teria que país ou cidade como destino?

R: Comigo há uma máxima de que não abdico: vá para fora cá dentro.

11 @ Se pudesse passar uma noite com uma personalidade mundial, seja política, desportiva, artística ou outra, em quem recairia a sua escolha?

R: Gostava de juntar o Papa Bento XVI, o Presidente Obama e um líder islâmico. Uma noite a tentar resolver os maiores problemas mundiais…

12 @ O que é que podia e deveria ser feito pela classe política para retirar Portugal do marasmo em que se encontra há mais de uma década?

R: Não podemos ser militantemente pessimistas. Portugal vem progredindo, talvez não com a celeridade desejada. Há, no entanto, muito a fazer. Por ordem de prioridade: Justiça, Educação e Emprego.

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