18 de setembro de 2010

"AS VOZES DO SILÊNCIO"

Museu Abade de Baçal concedeu a Bragança o privilégio de ser cidade anfitriã à presença do realizador centenário Manoel de Oliveira

O filme «Acto de Primavera», do cineasta Manoel de Oliveira, registou a maior enchente de que há memória no Museu Abade de Baçal (MAB). Integrado no ciclo de cinema «As Vozes do Silêncio – Trás-os-Montes no Cinema e no Museu», este é o seu primeiro documentário, concebido na década de 60, na aldeia de Curalha, concelho de Chaves, e retrata uma encenação da população sobre a Paixão de Cristo. A directora do MAB, Ana Maria Afonso, mostrou-se bastante satisfeita com a forma como decorreu o Ciclo de Cinema e, sobretudo, com a enorme afluência registada na quinta-feira. Precisamente, no dia em que os jardins do museu receberam cerca de 150 pessoas para assistirem ao filme “Acto de Primavera”, que contou com a pessoa do realizador.
Com 101 anos, Manoel de Oliveira é, actualmente, o único realizador secular da cinematografia mundial e espera concretizar mais dois filmes num futuro próximo. Com cerca de 80 curtas, médias e longas metragens, feitas, sobretudo, a partir dos seus 60 anos, este “Senhor” da Cultura Portuguesa, agraciado em todo mundo com prémios e homenagens, dispensa apresentações.
Quanto à presença de Manoel de Oliveira, Ana Maria Afonso confidencia: “Quando eu pensei na mostra, surgiu essa hipótese de trazer alguns realizadores, entre eles Manoel de Oliveira. Eu nunca pensei que se concretizasse, mas foi fantástico. É um orgulho e um momento histórico na história do museu e desta cidade. Espero bem que as pessoas tenham essa percepção e que valorizem esse gesto”.

Museu mostrou, em Ciclo de Cinema, portefólio de filmes e documentários rodados na região transmontana

Numa mostra rica e diversificada, desenvolvida em estreia absoluta pelo MAB, a programação esteve a cargo de António Preto. Para além do documentário ficcionado de Oliveira, no âmbito do Ciclo de Cinema, foram mais sete as películas visionadas. «Sabores», «Más­caras», «Matar Saudades», «Mar­­gens», «Veredas”, «Terra Fria» e «Ana» desfilaram, em exibição, no grande ecrã. De 1 a 4 de Setembro, as pessoas tiveram oportunidade de assistir a duas sessões diárias, com entrada gratuita. Alguns dos trabalhos contaram com a presença dos seus realizadores, como foi o caso de Regina Guimarães e Saguenail («Sabores»), Noémia Delgado («Máscaras»), Manoel de Oliveira («Acto de Primavera») e Ana Cordeiro Reis («Ana»), filha da realizadora.
“Acho notável tanta afluência. O Museu que eu conheci transformou-‑se completamente nestes últimos tempos e é importante que as pessoas venham, porque a maior parte delas ignora por completo os filmes feitos na sua região”, sublinha Saguenail, o realizador de origem parisiense que chegou a Portugal em 1975.


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