8 de setembro de 2010

SEM ÚLTIMA MORADA

Familiares em contenda com autarca de Alfaião por este se recusar a enterrar os seus mortos num cemitério onde predomina a lotação do espaço


O cemitério de Alfaião, no concelho de Bragança, está a rebentar pelas costuras, mas não existem perspectivas de ampliação, pelo menos a curto prazo. A situação divide alguns membros da população e o presidente da Junta de Freguesia, João Rodrigues, que ainda há poucos dias teve que gerir uma questão delicada.
José Sebastião da Cruz nasceu e cresceu em Alfaião, tendo falecido a 15 de Agosto passado. A família quis enterrar o corpo no cemitério da aldeia, mas logo surgiram obstáculos. “O presidente da Junta disse-nos que não havia terreno e que enterrássemos o meu avô em Bragança”, lamenta Luísa da Cruz, neta do falecido.
Apesar da resposta, o facto é que o corpo de José da Cruz acabou por ser sepultado no cemitério de Alfaião, após funeral realizado no passado dia 17 de Agosto.
“Liguei para um primo que tenho em Alfaião e ele disse-me: não vos preocupeis que eu vou saber de terreno. E lá arranjou”, acrescentou Luísa, visivelmente indignada com a recusa do autarca João Rodrigues.
A questão do espaço do cemitério, contudo, não convenceu esta família, até porque há uns tempos a Junta de Freguesia “autorizou o enterro de uma pessoa que não é de Alfaião, que ninguém conhece”, aponta Luísa da Cruz.
O presidente da Junta confirma a situação e aconselha as famílias da aldeia a chegarem a um entendimento. “Só temos espaço para uma sepultura. O problema pode ser resolvido dentro das próprias famílias, até porque algumas têm 5 e 6 espaços no cemitério", alega João Rodrigues.
Quando não existem outras possibilidades, o autarca vê-se obrigado a sensibilizar as pessoas para utilizarem o cemitério de Bragança. "Não temos outra hipótese. Temos 167 habitantes, mas para darmos resposta as todas as solicitações teríamos que ter um cemitério com o triplo da capacidade", acrescenta o responsável.

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