15 de maio de 2010

ACADEMIA A TODO O VAPOR

3 DE MAIO - BAILE DE FINALISTAS


“Uma crítica construtiva”

A estrear as variadíssimas celebrações da Semana Académica de Bragança, esteve o tradicional Baile de Finalistas no Mercado Club. Sem quaisquer incidentes a registar, compareceram numa noite de folia aproximadamente 400 pessoas, entre finalistas, acompanhantes, alunos e outros curiosos. Num décor multicolor de elegância feminina e sobriedade masculina, o divertimento contagiante foi uma realidade inerente a todo o baile, não fosse ele, para muitos, o último.
No entanto, o presidente da Associação de Estudantes da Escola Superior de Educação (AEESE), José Galhardo, apesar de conceber um balanço positivo: “superou as minhas expectativas”, ressalva: “a maioria das pessoas presentes são da ESE, que foi a grande impulsionadora para existir em Bragança um baile de Gala como o de hoje”. “As outras escolas aderiram ao baile mas não da mesma forma que a nossa”, adianta. José Galhardo não pretende negativizar esta questão, mas antes efectuar uma “crítica construtiva” lançando um repto a todos os vice-presidentes da Academia. “Quiçá, numa oportunidade futura, se possa fazer um jantar de Gala e um baile que envolvam todas as escolas do Instituto. Essa é a minha recomendação! O meu desejo é que a comunidade educativa esteja em prol do mesmo”, afirma o dirigente, que exemplifica: “Na UTAD faz-se um jantar de gala que consegue reunir 1200 pessoas. Aqui, poderíamos tentar fazer o mesmo. Quando há vontade, nada é impossível”.
Quanto à não comparência de certos presidentes de algumas escolas do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), José Galhardo assevera: “Eu representei a minha escola. Se os restantes presidentes das demais associação não estiveram presentes, não foi por falta de conhecimento”. Já no seu segundo mandato, o presidente da AEESE termina esperançado: “Se o ano passado correu bem, este correu melhor, ainda por cima, as outras escolas começaram a aderir. Por vezes, só é necessário lançar a primeira pedra.”


4 DE MAIO - SERENATA & TUNAS


“Os melhores anos das nossas vidas”

O encontro de estudantes, familiares e amigos, estaria marcado para as 22 horas, na Praça da Sé, para a tão aguardada Serenata. Mas, se tivesse começado a horas, talvez pusesse em causa a tradição. Assim, a moldura humana foi-se compondo lentamente, dando origem a uma multidão que esgotou todo e qualquer espaço na respectiva praça/palco do espectáculo. “Silêncio que se vai cantar o Fado!”, anunciou-se ao microfone, já muito próximo das 12 badaladas. O silêncio foi “exigido”, mas não teria sido preciso, pois o grupo de fados de Coimbra, o Via Latina, há 20 anos nos destinos de um coração saudosista, impõe por si próprio o respeito que semelhante situação necessita. No ano anterior, o Professor Octávio não pode cantar a propósito de umas leves complicações relativas ao seu estado de saúde, algo que não aconteceu este ano, podendo liderar as hostes e personificar as odes que encantaram, de sobremaneira, uma plateia sedenta de música tradicional portuguesa.
Nas vozes dos alunos do IPB, quase que a concluir uma das suas etapas mais significativas, o consenso era geral, e todas declaravam ao Jornal Nordeste, em uníssono, que, em Bragança, viveram os melhores anos das suas, ainda, jovens vidas.
O oceano de capas negras fluiu no NERBA, onde as Tunas actuaram, alguns bastante mareados, não fosse o álcool apanágio das celebrações e despedidas finais de uma vida académica. Bem hajam!

5 DE MAIO - DIEGO MIRANDA 




Diego surpreende em qualidade e carisma

“The best is yet to come” ou o melhor ainda está para vir, é o lema que Diego Miranda, cabeça de cartaz na quarta-feira, aplica a cada momento, pois só sabe viver a vida com paixão e em toda a sua plenitude. Num dia que podia e deveria ser, todo ele, dedicado à música electrónica, não fosse o dj lisboeta o figurino principal, houve, ainda, dois concertos que antecederam a sua performance de 2 horas. Primeiro, actuaram os “Five Lucky Fingers” e, logo de seguida, a banda “Doismileoito”.
Diego Miranda, dj oficial da MTV Portugal até 2012 e autor de êxitos como “Ibiza Dreams”, com o qual abriu o seu set, “Tãnia” (4kenzo) e "Just Fly", lançou o caos do movimento na pista de dança, bem próximo das 3 da madrugada.
Como dj/produtor, e com apenas 31 anos, este “leão” (sportinguista) conquistou diversos prémios nacionais que distinguem uma carreira de excelência, nomeadamente, em 2006, o Dance Club Awards e o Portugal Night Awards na categoria de “DJ Revelação”, bem como várias nomeações para “Dj Nacional do House”, para além de ter sido já, por duas vezes, capa da revista Dance Club.
Actualmente, sendo uma referência da sua geração, que observa nele a certeza de uma festa bem sucedida, conquistou o seu próprio espaço na dancescene e foi eleito, desde o primeiro momento, para tocar em grandes eventos. Entre eles, destaco o MTV Shakedown, 4 edições do Olá Love2Dance, Sunrise Festival, CreamFields, RockinRio Lisboa, Sensation White e Oporto Beach Party.
Os seus set’s vão dos hits vocais às batidas mais duras, tendo uma base rítmica sólida e de influências electrónicas e progressivas recheadas de elementos orgânicos. Ele usa e abusa de vários estilos, desde o deep house, house, hard house, tech-house e funky, caracterizando- o uma excelente e apurada selecção musical, aliada a uma técnica perfeita de mistura. Deste modo, os seus set’s enriquecem-se em múltiplas pistas e transformam cada gig (actuação), fruto das diferentes influências musicais e do momento, em “tempo” inesquecível.

6 DE MAIO - BLASTED MECHANISM 


Seres do outro mundo

Na noite de quarta-feira, teve lugar a Procissão das Velas no centro histórico da cidade. Este acto simbólico, reservado aos finalistas, partiu da Igreja de Santa Clara para terminar no mesmo local. Depois, já no Pavilhão do NERBA, os CaxCub abriram o palco para os Blasted Mechanism, que incendiaram a plateia estudantil brigantina, 15 anos após o seu nascimento, com o seu último álbum “Mind at Large”.
Composto pelos membros Guitshu (voz), Valdjiu (bambuleco, kalachakra), Ary (baixo), Syncron (bateria), Winga (percussão, didgeridoo) e Zymon (guitarra, sítara, teclas), este grupo alternativo, embora tenha no rock a sua imagem de marca, recorre ao combinar de elementos electrónicos que o dotam de características peculiares, no que diz respeito ao espectro musical português.
Os Blasted Mechanism auto-definem-se como um projecto artístico de música tocada por seres de outro mundo, sobressaindo pela sua imagem extravagante e por uma música caracterizada pela fusão de músicas do mundo, incorporando elementos tradicionais dos vários continentes. Um exemplo perfeito é a música “We”, do álbum "Sound in Light", onde é possível ouvir guitarra portuguesa, tocada por António Chainho, com música rock electrónica. Esta banda de Lisboa é sobejamente conhecida, também, por inventar e construir alguns dos instrumentos que utiliza nas suas músicas como a Kalachakra e o Bambuleco, os quais vão buscar alguma da sua inspiração à cultura oriental.


7 DE MAIO - EX-FLOW 212 & MAKONGO


Batidas, ritmo e poesia

O cartaz prometeu e cumpriu, transformando sexta-feira numa das noites memoráveis da edição deste ano da Semana Académica. Uma mistura de hip hop, R&B, Kuduro, Dance Hall, Electro, House e outros estilos transmitidos por Makongo e Ex Flow 212 emprestaram movimento à cidade e contribuíram, de forma fluida, para o divertimento até o sol raiar. Com o recinto, praticamente, lotado, ou não fosse início de fim-de-semana, os Ex Flow 212 estrearam os microfones com Mc Cali, Lancelot, Warrior, Rocka e dj Stape.
Mc Cali foi um de dois elementos a criar os Flow-212, em 2004. O grupo viria a separar-se depois de ter conseguido atingir o sucesso. “A notícia que corre por aí, que o meu irmão abandonou o grupo, é falsa, pois foi ele é o fundador dos Flow 212. E temos provas disso”, revela Lancelot, o irmão de Calígula. “Actualmente, usamos nomes individuais para não criar conflito”, acrescenta o músico.
Em seguida, e já com o público ao rubro, os Makongo (derivado da palavra “Maka”, que significa problemas) despertaram a energia daqueles que tinham feito dos bares a sua segunda casa com uma presença esmagadora e um efeito demolidor em palco. Os Makongo evoluíram, recentemente, para um novo conceito, apelidado de “Makongo Crew”, que envolve um novo formato resultante da união de mais duas bandas, “KillaMonkey” e “P”. Quem integra também esta banda multi-facetada é “SP & Wilson”, um nome bastante conhecido na cena do hip hop português, que lançou o álbum “Barulho”, esgotado nos primeiros meses, e que foi nomeado para um prémio MTV, denominado “"Best New Sound of Europe".
Os “Makongo Krew” têm actuado nonstop nos maiores eventos e festivais dos últimos dois anos como o Sudoeste e o Rock in Rio, levando consigo alguns dos melhores dançarinos afro-portugueses que se movem ao som de misturas de Kuduro, break dance, tektonik e ritmos africanos.


8 DE MAIO - BENÇÃO DAS PASTAS - XUTOS E PONTAPÉS


Uma manhã abençoada

O dia de sábado começou às 10 horas, demasiado cedo, talvez, para uma grande maioria que esteve nos concertos da noite anterior. A Benção das Pastas, na Catedral de Bragança, foi idêntica à do ano passado, em termos de espaço. Assim, muitas pessoas optaram por ficar nas imediações da Catedral, pois lá dentro o espaço estava completamente lotado.
Depois de almoço, queimaram-se as fitas nas várias escolas. Com organizações independentes, a chuva quase que estragava os planos a algumas, que tiveram de trocar o exterior pelo interior. Foi o caso da Escola Superior de Educação, cuja Queima das Fitas era para ser realizada ao ar livre no anfiteatro, e teve de passar para dentro da escola.
Indiferentes ao tempo, lotaram o espaço


Que os Xutos e Pontapés são intemporais, já ninguém dúvida. Mas, quanto ao espaço, no Pavilhão do NERBA, julgar-se-ia que este concerto ficaria aquém das expectativas. Enganaram-se os mais pessimistas. Casa cheia para esta mítica banda portuguesa com 31 anos de vida! A noite com mais povo, sem dúvida, para o concerto mais aguardado da Semana Académica.


Entrevista a Zé Pedro

Jornal Nordeste (JN) - A música “Sem eira nem beira” foi retirada do alinhamento deste ano. Alguma pressão política ou motivo em particular, dado tratar-se de um tema contra o Governo e com o qual as pessoas se identificam?

Zé Pedro (ZP) - Não! Foram, simplesmente, questões de opção… O ano passado estávamos a promover um álbum novo, do qual a música fazia parte. Felizmente, temos montes de canções que dá para ir rodando. Aliás, os Xutos têm uma intenção de intervenção social e não política! Até porque esta é uma crise mundial, por isso há que ter a cabeça fria e sermos optimistas para aguentar a pressão de todos os dias!

JN – Fala-nos da iniciativa por vós desenvolvida no que concerne à mota AJP / Xutos e Pontapés com Osvaldo Garcia, que irá atravessar 16 países para entregar uma bandeira de Portugal à Selecção Nacional de Futebol?

ZP – É uma fábrica de motas nacional e como nós somos uma banda portuguesa, decidimos usar o nosso dom para apoiar as empresas portuguesas.

JN – Vais ao Mundial de África do Sul apoiar a Selecção?

ZP – Não, não vou (risos)!

JN – Qual foi o concerto que, até hoje, te deu mais pica tocar?

ZP – O último no estádio do Restelo, perante 40 mil pessoas, por ter sido uma aposta ganha, mas muito arriscada. Foi o maior concerto que nós demos e vai sair, brevemente, em DVD (Maio). Não escolho esse, em particular, pelo número de pessoas, mas antes pela estrutura que envolveu.

JN – Com 31 anos de carreira, os Xutos e Pontapés são considerados por muitos como os pais do rock português. Pretendeis ser os avós também e estar em palco daqui a 20 anos?

ZP – Nós iremos durar até conseguirmos aguentar em cima do palco (risos). Espero que sim… Estou convencido que sim…

JN – O que é que achas de Bragança?

ZP – Esta cidade acolheu-nos muito e bem numa altura em que não éramos assim tão conhecidos. Daí esta ligação tão directa a Bragança.

JN – E a “Maria”?

ZP – Essa música também tem a ver com isso! Ao que Bragança fez por nós!

JN – Uma mensagem para os estudantes…

ZP – Que passem de ano (risos)!



9 DE MAIO - OLIVE TREE DANCE

O dia em que o Benfica se sagrou campeão da Primeira Liga

Música 100% orgânica

Numa noite aparente calma de domingo, os Olive Tree Dance cativaram a audiência com uma energia explosiva sui géneris da sua música de dança. A crítica é unânime ao definir o estilo desta banda como “um som primitivo que, ao vivo, é um acto libertador, poderoso e inovador”.
Criada em 2003 por Renato Oliveira, o grupo destacou-se no espectro da música alternativa depois de ter lançado o seu primeiro álbum, com o título de “Deep inside the Organic”. Em 2005, o grupo integra no seu modus operandi bateria e percursão. Vários concertos em festivais de Música do Mundo, inclusive convites da Embaixada Australiana e da televisão portuguesa para actuar “Nas 7 Maravilhas de Portugal”, catapultaram esta banda para o estrelato internacional Apesar do reconhecimento de que é alvo, actualmente, sendo uma das promessas musicais futuras, os Olive Tree Dance mantém os pés bem assentes na terra, procurando contribuir, de forma significativa, para um planeta melhor.
O Festival Andanças, Boom Festival (2006) e Freedom Festival, Índia e Brasil foram apenas alguns dos países por onde esta banda espalhou o seu “charme”.
Da fusão da música de dança feita totalmente em acústico com os sons naturais de instrumentos indígenas, este grupo cria uma experiência singular que apela a um público verdadeiramente eclético e, sobretudo, interessado nas músicas do mundo, na música de dança e em ouvir tocar o instrumento peculiar que é o didgeridoo, tocado pelo fundador dos Olive Tree Dance, Renato Oliveira. Para além do músico, integram a banda mais 2 artistas permanentes. Pedro Vasconcelos na bateria e Tito Silva na percussão. Por vezes, como convidada, surge Maria Root no berimbau.
O último álbum destes criadores contemporâneos foi apelidado de “Urban Roots” e saiu para as lojas em Novembro do ano passado, tendo sido um sucesso, definido por muitos como “música do século XXI”.
Segundo os “entendidos”, o disco reproduz as sonoridades ancestrais combinadas com a inspiração futurista das máquinas sonoras do nosso tempo, representando uma proposta alternativa para as pistas de dança do futuro.


10 DE MAIO - DESFILE E QUIM BARREIROS


Desfile sem igual

O Desfile de Finalistas deste ano foi, de facto, diferente de todos os anteriores, para melhor, brindando a cidade com algumas surpresas. A destacar, o Trio Eléctrico, a Festa da Espuma na Avenida Sá Carneiro durante 2 horas e a colocação das capas nas janelas à passagem do desfile.
Os cursos vencedores foram, por ordem: Farmácia, Gerontologia e Educação Básica.
“Em relação aos outros anos, este Desfile dos Finalistas primou pela originalidade e pela criatividade. Investimos na aquisição de um trio eléctrico que animou todo o desfile e a avenida principal da cidade. Criámos uma nova tradição com a colocação das capas nas janelas e realizámos, também, uma festa da espuma dedicada essencialmente aos finalistas, que teve como objectivo evitar que os estudantes danificassem fontanários e monumentos característicos da cidade como é o caso da taça e do fontanário do castelo”, revela o presidente da Associação Académica do Instituto Politécnico de Bragança, Bruno Miranda.
Quanto ao balanço final da Semana Académica, o responsável afiança: “S. Pedro não nos ajudou, por isso, o mau tempo foi, definitivamente, um ponto negativo. Mas, tirando isso, e na globalidade, correu tudo bem, diria mesmo que superou as nossas expectativas. A média de presenças no NERBA foi gratificante, o que deu para completar um saldo positivo em termos de receitas”.
 
Entrevista a Quim Barreiros disponível nas próximas duas semanas

FIM

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