29 de maio de 2010

AGREDIDOS TIPO FILME

Um conflito antigo entre vizinhos terá estado na origem de várias agressões entre uma família e agentes da autoridade

A 19 de Maio, por volta das 18 e 30, uma viatura da Escola Segura da PSP deslocou-se ao Bairro das Cantarias, após uma chamada para a central que referia um desentendimento entre vizinhos. De um lado, a família de um ex-militar da GNR, agora, reformado. Do outro, uma família de 10 elementos. A separá-las encontra-se, apenas, um terreno baldio. Ao que parece, foi sobre esse mesmo local que as agressões foram consumadas. Mas esta história não vem de agora. A família Remondes acusa o militar reformado de ter envenenado dois dos seus cães, há anos atrás, e a filha deste de ter tentado atropelar dois garotos, no próprio dia das agressões.
“O vizinho acusou-me a mim e ao meu primo, várias vezes, de roubar um plasma e um computador de sua casa e a minha mãe foi lá tirar justificações com ele”, explica Marco Remondes.
Segundo o rapaz, foi a própria mãe a chamar as autoridades. “A polícia, em vez de tentar resolver as coisas a bem, começou, logo, a agredir a minha mãe e a minha tia”, garante.
A avó de Marco Bernardo revela emocionada: “Sei bem o leite que lhe dei de mamar, já há 40 anos que estamos aqui e foi, também, aqui, que eu criei os meus sete filhos. Eu conheço bem o neto que tenho e ele não seria capaz de fazer aquilo”.
Uma das alegadas agredidas, a tia do jovem, Sónia Remondes, afiança que têm provas da agressão. “Chamámos a polícia para resolver um caso entre vizinhos, somos agredidas, sem motivo, e, ainda, por cima, ficamos detidas A minha irmã mais que eu, que tem o braço ao peito e as costas todas lanhadas”, declara revoltada. “O cidadão não tem por que ser maltratado desta maneira”, protesta.
“Recusei-me a ir com eles para a esquadra e eles subiram a rampa e deitaram-se em cima de mim, Foi aí que a minha irmã me tentou defender. Um ficou comigo e outro com ela, quando lhe rompi a camisa. Ele diz que o deitei ao chão, mas isso é mentira. Oxalá eu tivesse a força para o fazer! Se eu fosse homem, tinha-o matado nesse dia”, admite a tia do jovem acusado de roubo pelo vizinho. Nessa altura, segundo ela, os seus sobrinhos saíram do carro para as defender. “O meu irmão deficiente, também, nos ia defender quando o polícia lhe disse: E tu está quietinho senão tiro já a arma e levas 2 tiros”, testemunha.


A versão da polícia manifesta que a agressão partiu das duas irmãs, de 30 e 34 anos. Mas, Marco Remondes contraria-a: “Nós virámo-nos os 5 a eles, mas, só quando agredirem a minha mãe e a minha tia. Enquanto eram dois polícias, não tiveram hipótese! Depois, vieram mais 3 carros patrulha”.
A avó diz que, apenas, quando sentiu os gritos, se aproximou da via pública onde decorriam os desacatos. “Só ouvia: Deixai-me! Deixai-me! Já estavam, então, a vingar na minha filha, a malhá-la. Levaram-na de rastos ali por uma ribanceira abaixo. A única defesa dela foi morder um guarda”, afiança. A sua tia, ainda, vai mais longe: “Separaram-nos. Eu fui numa viatura da polícia com o meu marido. A minha irmã foi sozinha noutra e deram-lhe uma grande coça a caminho da esquadra”.
Os primeiros dois agentes da PSP a chegar ao local, ainda, receberam tratamento hospitalar, bem como uma das envolvidas, a mãe do rapaz acusado pelo vizinho de 53 anos, mas ninguém careceu de internamento. As duas mulheres foram conduzidas à esquadra, onde estiveram mais de 4 horas, não ficando detidas, tendo comparecido, no dia seguinte, no tribunal. Entretanto, o caso foi entregue ao Ministério Público para investigação e, só depois, o tribunal decidirá sobre as medidas de coacção adequadas.

Sem comentários:

Enviar um comentário