“AC para os amigos”
Semana Académica de
Bragança, primeira noite
Entrevista
BMF: Depois de “Preto no Branco”,
em 2009, surges, este ano, com o álbum “AC para os amigos”. Como é que
definirias este teu novo trabalho?
AC: Como novo (risos)! A essência
é a mesma, eu acho, quando me mantenho fiel ao caminho que eu tracei e tenho
percorrido ao longo deste tempo. A grande diferença deste álbum, se calhar,
para o anterior é que tem um lado acústico bem mais prudente.
BMF: Não passará também pela
colaboração de artistas que tu próprio consideras “amigos”? Como Rui Veloso e
Gabriel, o pensador.
AC: Sim, também. Apesar de, no
passado, já ter contado com grandes participações de convidados que, também,
eram meus amigos. E essa parte pode-se dizer que se mantém, a única diferença é
que são outros amigos.
BMF: O último tema do teu novo
álbum, Laia, é dedicado a alguém em especial?
AC: Não. Essa música até foi
feita numa onda muito descontraída e até mais no gozo do que com raiva
propriamente dita. Aquilo é uma música que, para quem consome o hip hop sabe,
faz parte do egotripp, mas, na verdade, é para quem servir a carapuça que eu
sou da paz e do amor.
BMF: Já conquistaste o respeito na
cena hip hop nacional. Que outros rappers tu aprecias?
AC: Eu oiço muita coisa e sem
querer a estar a esquecer me de grandes nomes, acho que há muitos projectos com
pés e cabeça e o hip hop nacional está realmente a crescer e antes de nós
tocaram aqui alguns nomes da região que provam isso mesmo.
BMF: Com quem é que gostarias de colaborar
no futuro?
AC: Não sei. A esta hora nem te
consigo dizer (risos). Há tanta gente com quem eu espero poder concretizar
essas parcerias.
BMF: Para além do hip hop, o que
é que tu ouves por casa?
AC: Para te dizer a verdade, cada
vez oiço menos hip hop. De resto, oiço quase tudo! Desde música Reggae, a Soul,
R & B, Jazz, Fado, música brasileira, cabo-verdiana, oiço tudo mesmo.
BMF: Que é que te inspira,
hoje em dia?
AC: Acordar! Basta acordar e
abrir os olhos e respirar.
BMF: Esperavas o sucesso estrondoso
alcançado pelo single “Sexta-feira”?
AC: Esperamos sempre o melhor
para nós, mas, na verdade, o single “Sexta-feira” tem-me surpreendido porque
tem sido uma música completamente transversal que vai dos 8 aos 80.
BMF: Como é que vês o actual
estado de coisas do país?
AC: Basta ouvires o álbum e vês
logo o estado de sítio do país. Aliás, o “Sexta-feira” demonstra bem aquilo que eu penso.
BMF: Achas que esta é "só" uma crise
passageira ou irá manter-se ao longo do tempo?
AC: Tudo se resolve! Passageira
há-de ser, agora a questão é quanto tempo é que vai demorar. Na verdade e,
apesar de eu me querer manter optimista, não me parece que esta crise vá
desaparecer assim tão rápido. Acho que ainda está só no princípio.
BMF: Então não tens grande
esperança no futuro?
AC: Não! Tenho esperança no
futuro! Agora, tenho é de ser realista. Nós temos é de estar preparados
para o pior e prepararmo-nos para dar a volta por cima. Claro que se dependesse
de mim não havia crise, como é óbvio. Mas dada a conjuntura actual, não me
parece que esta crise vá desaparecer tão cedo.
BMF: Achas que a solução passa
pela emigração como sugeriram alguns dos nossos “ilustres” políticos?
AC: Espero bem que não. Eu achei
isso um completo disparate!
"...não me parece que esta crise vá desaparecer tão cedo."
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