29 de outubro de 2010

HERÓI ACIDENTAL

Idoso encurralado pelo fumo de um incêndio urbano em Bragança salvo pela experiência e mãos de um ex-bombeiro

Um aquecedor a gás esteve na origem de um incêndio que dizimou por completo um espaço exíguo tido como oficina de trabalho Tudo aconteceu no Bairro da Mãe d`Água, na passada quarta-feira, pelas 16:40. “Tentava ligar o aquecedor quando ele fez aquela explosão que fazem às vezes os aquecedores a gás. Ao explodir, os jornais que estavam em frente começaram a arder e voaram para debaixo do sofá”, explicou Ramiro Augusto Nunes, na casa dos 70 anos. O “sofá antigo”, de espuma altamente inflamável e tóxica, pegou fogo de imediato e o incêndio escalonou rapidamente.
De acordo com os habitantes do bairro, o idoso não queria sair. Antes pelo contrário, queria apagar o fogo “a todo o custo”, negligenciando o risco e colocando em causa a sua própria vida. “Eu tentei apagar tudo com água, mas depois veio alguém e agarrou-me”, afirmou, ainda visivelmente abalado e confuso. “Até botámos para lá uns baldes de água”, afiançou a sua esposa. Mas sem sucesso.
Não fosse a rápida intervenção de Francisco Cruz e as consequências deste incêndio poderiam ter sido bem mais nefastas. O ex-bombeiro de Bragança retirou do meio do fumo e das chamas, não só o idoso, mas, também, duas botijas de gás. “Estava no café quando foram lá chamar. Cheguei aqui e deparei-me com uma situação cheia de fumo, o sofá a arder e o senhor Ramiro lá dentro. Entrou um colega meu, mas não conseguiu tirá-lo porque o fumo era tanto que não se via nada. Com a minha experiência, amarrei-me no chão, consegui ver o homem e puxei-o para fora. Ele já saiu quase em fase de intoxicação, a espumar-se todo”, contou Francisco. (na foto em baixo) 


Com a humildade própria que, geralmente, caracteriza os homens da paz, continua: “Não fiz mais que a minha obrigação! Só cumpri o meu dever como cidadão e como bombeiro que fui durante 20 anos”.
Segundo os moradores, os Bombeiros Voluntários de Bragança tiveram uma resposta rápida e, sem qualquer dificuldade, debelaram o incêndio. “Os bombeiros vieram logo, telefonaram daqui e eles nem 5 minutos demoraram. Eu tinha ali um extintor, mas não dava. Já telefonei para virem cá enchê-lo. Nunca imaginei que não funcionasse”, declarou o proprietário do café da sede da Mãe d`Água.
Ramiro Nunes entretia-se no seu tempo fazendo uns “arranjozitos” nas televisões que lhe iam dando os vizinhos para compor. O espaço, havia sido cedido pela autarquia, na altura do presidente Luís Mina. “Foi na altura do Mina, o presidente deu-lho dado, para explorar como barbearia”, adiantou a sua esposa.

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