1 de outubro de 2010

PRESERVAR A IDENTIDADE CULTURAL

Portugal e Espanha apresentam projecto ambicioso que envolve o restauro de 33 igrejas românicas

O Ministério da Cultura de Portugal, a Junta de Castela e Leão e a Fundação Iberdrola apresentaram na Domus Municipalis, em Bragança, na quarta-feira passada, um projecto que visa restaurar 18 igrejas portuguesas e 15 espanholas.
Durante o convénio, o protocolo de colaboração para o Plano de restauro do Românico Atlântico foi formalizado com a assinatura do presidente da Iberdrola, Ignacio Galán, da Ministra da Cultura de Portugal, Gabriela Canavilhas, do presidente da Junta de Castela e Leão, Juan Vicente Herrera e do presidente da Fundação Iberdrola, Manuel Marín. Trata-se de um investimento de 4,5 milhões de euros, repartidos, de igual forma, pelas três partes envolvidas, num acordo para o restauro de um importante conjunto de 33 igrejas românicas, no norte de Portugal e nas províncias espanholas de Salamanca e Zamora. No distrito de Bragança, serão renovadas a Igreja de Santiago Maior em Adeganha, a Igreja de Santo André em Algosinho, Igreja de Nossa Senhora da Natividade em Azinhoso, Igreja de São Bento em Castro de Avelãs e a Igreja de Malhadas.


O projecto, não servirá apenas para recuperar o património artístico e cultural de ambas as regiões, mas pretende-se que actue, também, como pólo dinamizador socioeconómico e motor das relações transfronteiriças entre os dois países. Assim o disse a Ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas. “Todo o património histórico precisa de uma manutenção constante e todos os esforços nesse sentido são, de facto, importantes para a preservação da nossa identidade cultural. Por outro lado, este projecto será um motor da economia local para as profissões tradicionais e pequenas empresas de restauro. Mais que o valores em causa, esta conjugação de benefícios transversais é que é muito importante sublinhar”, afirmou a responsável política.
Na sua intervenção, o Presidente da Junta de Castela e Leão, Juan Vicente Herrera, destacou que este projecto constitui um dos primeiros passos de um novo processo de colaboração inter-regional, que começou no passado 17 de Setembro com a assinatura do convénio com o qual se configurou a Macro Região do sudoeste europeu.

"Cascata" do Alto Tâmega, adjudicada à Iberdrola, envolve três barragens num investimento superior a 1600 milhões de euros

O presidente da Fundação Iberdrola, Manuel Marín, que já foi Comissário e vice-presidente da União Europeia, anunciou que este plano nasce para acompanhar a construção do Complexo Hidroeléctrico do Alto Tâmega. “Os nossos objectivos são claros: valorizar o património comum que nos une e que é a arte românica e reforçar os laços e a coesão entre os dois lados da fronteira”, defendeu.
Se o presidente da Fundação falou no Plano de restauro do Românico Atlântico, já o presidente da empresa, Ignacio Galán, preferiu publicitar a construção das três barragens que constituirão o Complexo do Alto Tâmega, num investimento superior a 1600 milhões de euros.
“Será o investimento de desenvolvimento hidroeléctrico mais importante feito na Europa nos últimos 25 anos. Esta iniciativa representa muito bem a nossa aposta histórica nas energias limpas e constitui um importante contributo para o mercado ibérico da electricidade”, referiu. O empresário revelou que o Complexo produzirá energia suficiente para o consumo anual de 1 milhão de pessoas e criará 3500 postos de trabalho directos. Para além, de outros milhares de postos indirectos, o que contribuirá, de acordo com o próprio, para a fixação das populações nos territórios.
De salientar que a empresa espanhola Iberdrola é um gigante da electricidade produzindo mais de dez mil megawatts em todo o mundo e tem vindo a lançar-se, recentemente, na conquista de novos mercados. Portugal é um deles.



A Igreja de Santo André em Algosinho, Mogadouro (Bragança), será uma das 33 a ser restaurada

 

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