5 de janeiro de 2011

SEM PISTAS

O professor brigantino a leccionar na Madeira poderá ter sido vítima da tempestade que se fez sentir na ilha

Na madrugada do dia 20 de Dezembro, Óscar Quintas, natural de Bragança, desapareceu na ilha da Madeira. No dia seguinte, pelas 10:30, seria suposto embarcar no avião que o traria de volta a casa, para passar o Natal com a família. O carro do professor de inglês, a leccionar na Escola do Lombo dos Aguiares, no Funchal, foi encontrado abandonado na manhã de segunda-feira na Ribeira Grande. O facto de estar bem próximo de um local onde ocorreu, nessa noite, o desabamento de uma estrada e de se encontrar com a chave na ignição, porta do condutor aberta e faróis acesos, são duas peças de um puzzle que adensam o mistério.
A teoria mais consistente é a de que o docente de 34 anos possa ter sido arrastado pelas enxurradas provocas pela forte intempérie que se abateu sobre a região. “A tese mais forte, até ao momento, é que o meu irmão possa ter sido levado pela enxurrada devido ao desabamento da estrada. O único bocado que resistiu era onde estava o carro, intacto”, conta o irmão do professor desaparecido, Bruno Quintas. O militar da GNR tem feito tudo ao seu alcance, numa investigação que tem prosseguido sob a alçada da Polícia Judiciária. As buscas continuam, mas, devido ao mau tempo que se tem feito sentir na Madeira, tiveram que ser interrompidas por diversas vezes. Informações e pistas que possam levar ao seu paradeiro ou esclarecer o seu desaparecimento têm sido escassas ou quase inexistentes. “Estamos na mesma incerteza do dia 20. Estamos no mesmo ponto de partida. Sem notícias nenhumas, nem dados novos que apontem algo concreto”, desvenda o familiar.


Questionado sobre se ainda acredita num desfecho positivo, Bruno responde: “é essa esperança que me atormenta a mim e à minha família. É estar a levantar-me todos os dias com a ideia que vai surgir algo novo e deitar-me com essa mesma esperança. Mas, a cada minuto que passa, é mais improvável que isso aconteça”. De acordo com o irmão, este seria, muito provavelmente, o último ano de Óscar Quintas na Madeira. Visto que, poderia conseguir uma colocação como professor no continente.
Numa situação surreal, com a família “completamente devastada”, Bruno é, agora, o homem da casa. Depois de ter lançado um apelo de ajuda aos madeirenses, o militar voou esta terça-feira para a ilha do triste infortúnio, na crença de que a viagem lhe providencie respostas, lhe permita compreender o que aconteceu ou lhe possa trazer algo como paz de espírito. “Tenho de estar no terreno e ver com os meus próprios olhos. Eu sei que é assustador, mas quero procurar sentir aquilo que realmente se passou”, confidencia.

 

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