"EU FUI FEITO EM BRAGANÇA"
FACTOS
Nomeado: Fernando Rocha
Idade: 36 anos
Ofício: Comédia
Arte: Stand Up
Local: Bar Sai de Gatas, BGC
Organização: RS, Moda, IPB
ENTREVISTA
1 @ Qual é a tua relação com Bragança?
R: Eu fui feito em Bragança, na Pensão Poças. O meu pai estava lá hospedado, enquanto dava aqui formação na companhia de seguros Ultramarina, a minha mãe veio cá ter com ele e pimba! Nove meses depois, estava cá eu. Portanto, tenho uma costela brigantina.
2 @ Com a casa completamente lotada, como é que sentiste o fervoroso público transmontano?
R: Deu para brincar com todos… Desde as piadas mais brejeiras e simples, ao humor mais inteligente, apanharam tudo. Foi um público fantástico!
3 @ Desde o programa televisivo “Levanta-te e Ri”, nunca paraste com as actuações?
R: Nunca! Aqui e fora de Portugal…
4 @ Diz-nos alguns países estrangeiros onde já tenhas ido actuar para as comunidades portuguesas?
R: Deixa cá ver… A ver se não me esqueço de nenhum. Vou começar pelos mais difíceis: Córsega, Andorra, Mónaco, Venezuela, África do Sul, Moçambique, Canadá, Estados Unidos, França, Alemanha, Bélgica, Suíça, Inglaterra e peço desculpa se me esqueci de algum.
5 @ Como é que relembras os tempos do Levanta-te e Ri?
R: Foram tempos fantásticos que mudaram a página do humor português. O humor nacional tinha estacionado, até porque não havia concorrência. Havia um ou dois humoristas grandes e o resto era paisagem. O Levanta-te e Ri, quer queiram, quer não, abriu as portas a muitos que, se calhar, ainda hoje, falam mal do programa. E foi o próprio Levanta-te e Ri que lhes deu a mão e os colocou onde estão hoje.
6 @ Achas que foi esse o momento alto do Stand Up em Portugal?
R: Claro! Mas tens dúvidas? Nem tu, nem ninguém! Ninguém pode ter dúvidas disso! Aliás, esse foi o único momento alto de Stand Up em Portugal, ponto final. Depois, houve imitações que ficaram muito aquém. Mas nunca mais conseguiram fazer nada de jeito.
7 @ Como é que analisas, agora, o Stand Up nacional?
R: Cada vez está melhor! Só não temos essa noção porque não existe nenhum programa em televisão. Mas se as pessoas se derem ao trabalho de verificar os humoristas da actualidade, seja eu ou outro gajo qualquer, irão ver que estamos cada vez melhor. Com os seus textos, na sua forma de estarem no palco, na sua performance, os tempos, a respiração, o silêncio, que faz muita falta. Agora, se houvesse outro Levanta-te e Ri, iria ser muito mais exigente porque o público também está mais exigente e os humoristas estão cada vez melhores.
8 @ Continuas ligado à televisão?
R: Não! Nem quero, para já. Continuei, depois do programa, por mais dois anos, porque tinha contracto com a SIC. Fui obrigado a fazer programas como Fátima Lopes, Contacto, Maré Alta, Malucos do Riso, uma data de coisas…
9 @ Mas gostavas de regressar à caixinha mágica?
R: Para já, não! A televisão é bom para te tornares conhecido, mas, depois de o seres, se permaneces ligado a ela, a televisão esgota-te. Eu já consegui o estatuto que queria. Agora, só quero continuar com o meu trabalho. Se for, é como convidado de um programa qualquer. Dou um ar da minha graça, marco pontos e venho-me embora.
10 @ Para além de comediante, integras mais algum projecto?
R: Sim! A 15 de Maio (domingo, por volta das 19 horas), vou abrir um negócio, juntamente com a minha mulher, no Estádio do Bessa. Vai haver um espectáculo ao vivo e aproveito até para convidar todo o pessoal que quiser ir, vá dar um passeio até ao Porto, a entrada é gratuita, vai haver um festival de rock, uma concentração de motas… E eu vou abrir uma loja de motas.
11 @ Quem é que gostarias, genuinamente, de conhecer?
R: Gostaria de conhecer todos os ditadores como o Bin Laden ou o Kadafi para saber o que é que lhes vai naqueles cornos. Não consigo entender esses gajos! Também gostava de tentar perceber e conhecer muito bem, enquanto pessoas, aqueles gajos podres de ricos, multimilionários, que vêem alguém a necessitar de ajuda e têm dinheiro para eles e para as próximas 20 gerações e são incapazes de dar um cêntimo e são capazes de despedir centenas ou milhares de trabalhadores do seu império para poderem facturar mais não sei quantos milhões no próximo ano. Gostava de entender o que vai nos cornos desses gajos!
12 @ Mas, num sentido mais positivo, quem é que gostarias, realmente, de conhecer?
R: Gostava de conhecer a Tina Turner. Sou fã da rainha do Pop! Também gostava de conhecer o Eddie Murphy e o Seinfield, os grandes humoristas. Agora, se eu pudesse conhecer alguém que já morreu, queria conhecer o Bob Marley, Jimmy Hendrix ou o Jim Morrison. Pessoas muito maradas para tentar perceber o que é que ia naquelas cabeças. Porque há gajos que são, sem dúvida nenhuma, fantásticos! Foram mitos e hão-de viver para todo o sempre. O Michael Jackson, por exemplo.
13 @ Existe algo que seja capaz de te roubar o sono à noite?
R: O Computador porque me excita o cérebro, põe-no a pensar e estou, frequentemente, a jogar um jogo qualquer e quando dou por ela, são altas horas da manhã e não consigo dormir. Com a televisão já é diferente. Sou capaz de, por exemplo, pôr no Discovery Channel ou no National Geographic e ouvir os gajos a dizerem: “ E vai o leão com o seu grupo a atacar…”, e pronto, aquilo adormece-me logo. Agora, se estiver a fazer qualquer coisa que me estimule o cérebro, não consigo dormir.
14 @ O que é que consideras ser inaceitável num ser humano?
R: Aquilo que me repugna, que me mete mais nojo num ser humano, é ele querer fazer parecer-se com algo que não é. O ser pudico. Se calhar, ele sente-se bem de uma determinada maneira, mas não o é porque tem medo do que os outros possam pensar ou está preocupado em dar aquela imagem para que as pessoas pensem aquilo dele. O não ser genuíno, a mim, mete-me um nojo do carago!
15 @ Um destino que gostasses de conhecer?
R: A Polinésia francesa pelo mar azul-turquesa, pela calma, pelas praias em que está um gajo aqui e o próximo está, no mínimo, a 200 metros. Isso fascina-me! Agora, praias muito cheias não gosto.
16 @ Num documentário sobre a vida selvagem, que animal interpretarias?
R: O cavalo porque é dócil, inteligente, forte e livre.
17 @ Para terminar, se o Planeta Terra se extinguisse em 24 horas o que é que aproveitarias para fazer?
R: Aproveitaria para estar abraçado aos meus filhos e à minha mulher.
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