Sob a ameaça constante de chuva, que não se chegou a verificar, decorreu a final da Taça da Associação de Futebol de Bragança. Frente-a-frente, o primeiro e o segundo classificados do campeonato, Moncorvo contra Morais. A meia casa registada nas bancadas do Estádio do Bragança, deixou muito público à margem do jogo. Uma final de que não há memória, dada a sua escassa audiência. Mas o jogo valeu a vinda de ambas as massas associativas. Numa reviravolta surpreendente, o Morais a ganhar 2 – 0 foi perder por 4 a 2.
As bancadas manifestaram-se inúmeras vezes, maioritariamente contra o árbitro. Ou por excesso de zelo, ou por não apitar sobre determinados lances. Os jogadores, esses, viveram a partida até ao fim. Ninguém queria deitar a toalha ao chão, mas foi a equipa da capital do ferro a sagrar-se a justa vencedora.
No final, os jogadores do Morais estavam, essencialmente, frustrados por terem permitido a recuperação estrondosa do Moncorvo. Sílvio Carvalho e os seus jogadores fizeram a festa, mal o árbitro apitou no encerrar da partida. Eufóricos, abriram a garrafa de champanhe, bem antes de receberem a Taça, e foram comemorar com os adeptos.
Depois de receberem as medalhas, seguiu-se a Taça, efusivamente partilhada entre todos os jogadores que, orgulhosamente, regressaram à bancada dos adeptos moncorvenses, antes destes abandonarem o estádio. A festa foi meritória. Aliás, como o próprio treinador do Morais, Jorge Genésio, fez questão de sublinhar.
Quem não deixou de reconhecer a qualidade do adversário foi o técnico moncorvence, tecendo-lhe rasgados elogios. "Eu quando digo que o Morais é uma equipa de galácticos, eu não me lembra de uma equipa na distrital com tanto craque. Noventa por cento dos jogadores jogaram na 3ª Divisão. O Morais tem uma grande equipa! E soube fazer pela vida. Só foi pena subir uma equipa. Mas foi, apenas, um pequeno pormenor que nos deu o título a nós.”
Reacção dos treinadores:
Sílvio Carvalho
“Eu disse sempre aos meus jogadores: se dermos o máximo na primeira parte, seja qual for o resultado, nós podemos dar a volta. Isto porque temos uma equipa melhor preparada fisicamente e na segunda parte somos sempre muito fortes. É uma equipa muito jovem à base da formação do Moncorvo. Eu tenho aqui 9 atletas entre os 18 e os 24 anos. Mais que a preparação física, também é preciso ter carácter! E os meus jogadores têm carácter, pois deram a volta ao resultado. Mesmo assim, pensei que não conseguíssemos, depois de ver a equipa do Morais"
João Genésio
“Foi um bom jogo de Taça. Parabéns ao Moncorvo, foi um digno vencedor. Nós lutámos com as nossas armas, mas estávamos um bocado condicionados em termos físicos. Nós tínhamos a jogar quatro jogadores condicionados, não treinaram a semana toda. E isso reflecte-se, depois, nos níveis físicos da equipa. Acabámos, também, por não termos a felicidade do jogo. Mas o futebol é assim mesmo. Ganha quem marca mais.”
FIGURA DO JOGO: BRANQUINHO
Marcou o golo do empate ao Morais (2-2), naquele que pode ser considerado o momento do jogo
“É um jogo diferente. É uma final. É um jogo em que as emoções estão sempre mais à flor da pele. Mas não é uma vitória só minha. É uma vitória de um campeonato inteiro, de treinos, de jogos e é a continuação de uma grande vitória, que foi a vitória do campeonato. E provou-se, aqui, em campo, depois de estarmos a perder 2 – 0, conseguimos dar a volta ao resultado. Foi com muita paciência, muito trabalho e toda a gente ajudou. Isto funciona como uma equipa. É lógico que determinadas posições se destaquem mais que as outras, como é o caso de um extremo. Mas nós temos jogadores fantásticos: dois centrais espectaculares, um trinco que, apesar da idade, é um grande jogador, e todos os outros.
O meu golo do empate foi tentar fazer o melhor possível e, depois, houve a infelicidade do guarda-redes adversário. Mas isso é normal no futebol. A infelicidade de uns é a felicidade de outros”
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