23 de maio de 2011

AMÍLCAR CORREIA


“Meios humanos e materiais são sempre escassos”


Nota Prévia: Todos os dados expressos nas respostas às questões colocadas são relativos a 2010, comparativamente a 2009, e dizem respeito, apenas, à área de responsabilidade da PSP, que são as cidades de Bragança e Mirandela.


FACTOS

Entrevistado: Amílcar Correia
Cargo: Comandante da PSP
Tópico: Relatório Anual de Segurança Interna 2010
Cidades: Bragança e Mirandela


ENTREVISTA

1) Houve mais ou menos participações de natureza criminal do que em 2009? Em que números?

R: Em 2009, a PSP registou 1192 crimes. Enquanto que, em 2010, registou 1147. Ou seja, menos 45, o que corresponde a uma diminuição relativa de 3,8 por cento.

2) Em 2010, houve mais ou menos furtos a residências do que em 2009? Quais os números por detrás dessa realidade?

R: Houve mais 30 furtos em residências. Em 2009, registaram-se 60 e, em 2010, 90 furtos.

3) Já no ano de 2011, têm-se registado imensos furtos. Alguns, bem recentemente. Como é que explica o aumento considerável desta tipologia de crime?

R: Ainda é prematura fazer-se esse tipo de afirmação. Tanto assim é que, no que se refere a furtos com arrombamento, escalamento e chave falsa em residências e outros, nos primeiros quatro meses de 2010, foram participadas 16 ocorrências. Em igual período, no corrente ano, foram participadas 14. O que corresponde a uma diminuição relativa de quase 12,5 por cento.

Se se refere à totalidade de crimes contra o património, nos primeiros quatro meses de 2011, então, verificou-se um aumento de 11 casos, o que corresponde a um aumento de 6 por cento.

4) Em 2010, verificaram-se mais ou menos casos de violência doméstica contra cônjuges em relação a 2009?

R: No geral, houve menos 16 participações criminais de violência doméstica. Isto é, de 135 passaram para 119, o que corresponde a uma redução relativa de 12 por cento. Especificamente, contra cônjuges ou companheiros, em 2009, foram 72 casos (53% do total), enquanto que, em 2010, foram 64 (quase 54% do total).

5) E em termos de tráfico de estupefacientes, em 2010. Registaram-se mais ou menos detenções relacionadas com este tipo de crime do que em 2009? Quais as quantidades apreendidas e quantos pessoas detidas em 2010?

R: Houve menos seis detenções. Em 2009, a PSP deteve 18 indivíduos e, em 2010, 12. Mas, em 2010, houve mais quatro pessoas identificadas, relacionadas com o consumo de estupefacientes (23/27).
Relativamente à quantidade de droga apreendida, em 2010, o valor foi superior: 3149 doses (1947 doses de heroína, 276 de cocaína e 926 de haxixe). Em 2009, a PSP apreendeu 2727 doses.

6) A nível de acidentes rodoviários, houve um aumento ou uma diminuição de sinistros? E quanto a mortos e feridos graves?

R: A PSP registou um aumento de 10% no número de acidentes participados – de 333 para 349. As vítimas passaram de 127 para 137, o que significa um aumento de 8%. Entre as vítimas, destaque para as duas mortes. Já em 2009, a PSP não havia registado qualquer morte. Feridos graves, em 2010, tivemos 28 e, em 2009, apenas se registaram 17. Ou seja, houve um aumento de 64% no que concerne aos feridos graves.


Criminalidade registada pela PSP no distrito de Bragança na última década indica que 2010 é o segundo ano com menor número de crimes, seguindo-se a 2002. Um paradoxo, visto que 2010 foi o ano em que “a crise” se começou a manifestar de forma mais evidente

7) Quais foram os cinco delitos mais participados em 2010?

R: Os 5 delitos mais participados foram: ofensas à integridade física voluntária simples, com 146 casos denunciados; outros furtos, com 122 casos; condução de veículo em estado de embriaguez, com 103 casos; ameaças e coacção, com 96 casos; e outros danos, com 94 situações.

8) Qual foi a maior investigação em curso durante o ano transacto e que tenha dado frutos?

R: Para responder à sua questão, recordo os dois artigos escritos por si para o mesmo jornal. O da edição de 10-08-2010, com o título de “Mega apreensão da PSP”, sobre a operação “Castelo”, que culminou com a intercepção de um casal por suspeita de tráfico de substâncias estupefacientes e a identificação de um menor. E a detenção do “assaltante aracnídeo”, da edição de 31-08-2010, ficando este, ao contrário do outro casal, em prisão preventiva. Ambos os casos aguardam, ainda, julgamento.

9) No actual contexto de crise política, o que é que mais preocupa a “sua” força de segurança?

R: Recaem sobre nós preocupações múltiplas. Em primeiro lugar, preocupamo-nos com questões de carácter social. O desemprego e a crise económica provocam um aumento considerável da pobreza e da exclusão social. Factores que, necessariamente, se repercutem na segurança e bem-estar das comunidades, aumentando a conflitualidade e afectando as relações de vizinhança, com reflexo da e na actividade policial. A polícia tem de estar preparada para ser capaz de providenciar resposta de qualidade. Não só em termos de segurança e tranquilidade públicas, mas, sobretudo, adoptando uma conduta de proactividade e prevenção, mais próxima dos problemas. Para, em parceria com outras instituições, poder detectar e reconhecer os problemas previamente, na tentativa de conjugar esforços para encontrar soluções. Esta problemática, leva-nos directamente à segunda preocupação, que tem a ver com os meios disponíveis, quer humanos, quer materiais. E esses, são sempre escassos.

Sem comentários:

Enviar um comentário