A Puebla da Sanabria comemorou, entre 5 e 9 de Setembro, mais uma edição das Fiestas de las Victorias, celebradas e aplaudidas por centenas de pessoas que as consideraram um “verdadeiro sucesso”.
Em entrevista ao Jornal Nordeste, Pedro Castronuño, Conselheiro da Cultura e um dos responsáveis máximos pela organização de tamanho evento, menciona que receberam “um dos melhores desfiles de Gigantes e Cabeçudos dos últimos anos”, mostrando-se muito satisfeito pela forma como decorreram as festividades, “esta deixou de ser apenas uma festa da Comarca de Sanabria para se converter numa em que participa gente de toda a província, gente que vem de outras comunidades autónomas e muitos vizinhos portugueses, devotos da Virgem das Victorias.”
A Comparsa de Gigantes e Cabeçudos é um dos maiores atractivos das vitoriadas festas, o desfile, encabeçado pelo “Negro” e a “China”, entusiasmou todos os presentes que contemplaram uns gigantes que dançam pelas ruas da vila há 161 anos nas populares festas sanabresas. Seguiram-se os gigantes, o “Rey” e a “Reina”, o “Sanabrés” e a “Sanabresa”, o “Zapatero” e a “Zapatera”, e por fim, o “Conde” e a “Condesa”.
A combinação efectiva na Puebla da Sanabria, consiste na tradição de um forte sentido religioso com um tema mais pagão, onde entram os gigantes e os cabeçudos e o fogo como substância mor do espectáculo. Desta feita, um dos momentos mais aguardados foi a actuação da Companhia de Teatro “Scura Splats”, que pelas ruas da vila presentearam residentes e visitantes com o seu show, “Factum Flama”. É de salientar também que, os mais pequenos não foram esquecidos e participaram nas tradições festivas com lides de touros de fogo infantil. “Este ano, pensávamos ter menos gente, por coincidir apenas sábado com um dia de festa e os restantes serem durante a semana, mas a verdade é que, em todas as actividades, a participação das pessoas tem sido bastante positiva, daí estarmos contentes pela forma como tudo tem corrido, sem problemas”, sustenta Pedro Castronuño, que salienta, “a climatologia desempenhou o seu papel, esteve bom tempo e as noites quentes”.
Os dias de festa oficial e tradicional na Puebla da Sanabria são 7, 8 e 9, “sempre”, faz questão de frisar o conselheiro da cultura, “se não coincidirem com sábado ou domingo, adiantam-se ou atrasam-se para apanhar o fim-de-semana”, explica.
As vítimas de Ribadelago não foram esquecidas, 50 anos após a tragédia e em sua homenagem, projectou-se o documentário “Carta de Sanabria”, rodado no Outono de 1955 e que mostra imagens do modo de vida e tradições da Sanabria, bem como a construção da barragem de Veja de Tera.
Após meio século, a tragédia de Ribadelago
Inaugurada em 1956 por Franco, a barragem de Vega de Terá conheceu uma curta existência de apenas três anos. Em 1959, chuvas fortíssimas e temperaturas extremas, que atingiram os 18 graus negativos, abateram-se sobre a Serra de Pena Trevinca. Estes dois factores, aliados à muita água acumulada na albufeira da barragem, rasgaram uma brecha de 70 metros de comprimento e 30 de altura, permitindo que 8 mil milhões de litros de água se abatessem sobre o desfiladeiro do rio Tera.
Em 20 minutos, a torrente de água, lama, pedras e árvores arrancadas pelo caminho, percorreu 8 quilómetros e chegou a atingir os 9 metros de altura. No seu percurso, a aldeia de Ribadelago fora apanhada completamente desprevenida, resultando este trágico acontecimento na morte de 144 dos seus habitantes. Somente 28 corpos foram resgatados, os restantes desapareceram para sempre no fundo do lago.
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