17 de junho de 2010

"MANIFESTAÇÃO DE FÉ"

Moldura humana pouco expressiva e falha na organização num dos eventos mais importantes do calendário cristão

No feriado santo de quinta-feira passada, Corpo de Deus, a missa teve início na Igreja da Sé às 17 horas. Seguiu-se a procissão, às 18 horas, pelas principais artérias do centro da cidade. Uma “manifestação de fé”, segundo as palavras do bispo da diocese Bragança-Miranda, D. António Montes Moreira, mas que, nem por isso conseguiu reunir assim tantos seguidores. Uma ausência justificada, talvez, por o feriado ter sido quinta-feira, o que permitiu a muitos crentes fazerem ponte e terem, assim, um fim-de-semana prolongado. Recorde-se que, o ano passado, apesar da chuva, o número de pessoas presentes era nitidamente superior.
Finalizada a procissão, junto ao monumento de homenagem dos combatentes da Grande Guerra ao Mortos em França (1914-1918), onde, supostamente, teria lugar o discurso e a bênção, um problema técnico ao nível do som, que provocou um barulho ensurdecedor, fez com que a homília fosse transferida para o interior da igreja de S. Vicente, um espaço demasiado exíguo para a moldura humana cristã que compareceu.
“Hoje, Cristo saiu connosco para a rua escondido nos sinais eucarísticos. Este momento alto na vida da comunidade cristã de Bragança, deve prolongar-se em todos os dias do ano; nos quais temos de manifestar a fé em público, nos caminhos da nossa vida. Só deste modo haverá unidade e continuidade entre fé e vida, entre eucaristia e vida, entre o domingo e o resto da semana”, manifestou o prelado no começo do seu brevíssimo discurso de 4 minutos.

“Vivamos segundo o domingo! Isto é, vivendo a própria existência como oferta de nós mesmos a Deus”

Utilizando uma sugestiva expressão da antiguidade cristã, Montes Moreira continuou: “vivamos segundo o domingo, isto é, vivendo a própria existência como oferta de nós mesmos a Deus, oferta iniciada na Eucaristia e prolongada na vida quotidiana”.
Fazendo referência ao Papa João Paulo II, o clérigo exprimiu: “o domingo reveste-se de várias dimensões para os cristãos. É Dia do Senhor, Dia de Deus, o dia primordial que evoca a obra divina da criação do início do tempo. É Dia de Cristo! É Dia da Igreja como dia festivo em que a comunidade cristã se reúne para a celebração da eucaristia. Finalmente, é dia do Homem!”.
Ao terminar o seu discurso, Montes Moreira fez questão de frisar que a eucaristia é o coração da Igreja. “Ou, melhor dito, Jesus Cristo na eucaristia é o coração da Igreja. Foi isto que nós quisemos dizer, ao percorrermos as ruas da cidade com Cristo presente no Santíssimo Sacramento”, concluiu o eclesiástico, procedendo depois à bênção.



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