FACTOS
Nomeado: Galandum Galundaina
Músicos: Alexandre, Manuel e Paulo Meirinhos (três irmãos) e Paulo Preto
Vencedores do 1º Prémio Megafone – João Aguarela, Música para uma nova tradição
Entrevista a: Paulo Preto
Idade: 45 anos
Origem: Sendim, Miranda do Douro
ENTREVISTA
1 @ O Galandum Galundaina conquistou, recentemente, o 1º Prémio Megafone no Centro Cultural de Belém. Qual foi o sentimento predominante no grupo?
R: Esta é a minha opinião, mas nós temos consciência do trabalho que temos vindo a desenvolver, em termos de dinâmica, de discos e de espectáculos, ao longo de todo este tempo. Mais, este último disco é muito bom, foi muito bem produzido, está muito bem feito e, depois, traz uma sonoridade à música portuguesa diferente daquela a que estamos habituados a ouvir noutros grupos de música tradicional. Nós levamos algo mais, algo que nos distingue e, de certa forma, revoluciona a sonoridade em termos de grupo na música, atrever-me-ia a dizer, folk ibérica.
2 @ Então, vai mais para além da tradição mirandesa? É um extravasar de culturas em sonoridades distintas?
R: As tradições são mirandesas. A música é recolhida em Miranda. Mas, a nível melódico, rítmico, tímbrico, nós estamos a fazer uma pequena revolução que é reconhecida quase por toda a gente que nos ouve. Além da música ser portuguesa, é diferente. Mesmo em termos ibéricos, porque nós temos muito a ver com as tradições espanholas. Estamos na raia e a cultura não tem fronteiras. Nesse aspecto, nós temos feito um trabalho bastante reconhecido pela crítica.
3 @ Mas tinham a percepção de que poderiam ganhar?
R: O facto de estarmos ali e termos sido eleitos para a Gala Final dos três melhores, entre 29 grupos, já é uma vitória. Agora, o primeiro prémio já sabemos que depende de quem está a votar. Eu não estava a pensar que ganhássemos porque somos um grupo completamente independente, nós não estamos em Lisboa, sei também que nós não temos ninguém que nos dê uma mãozinha e estamos cá em cima. Por isso, o nosso grupo não estava minimamente preocupado se iria ou não ganhar o prémio. Agora, foi bom! Nós, também, sabemos aquilo que valemos e, se calhar, já estávamos à espera de, pelo menos, sermos nomeados para a Gala dos três finalistas. Claro, até a feijões não gostamos de perder. Mas não estávamos obcecados pela ideia...
4 @ Mas concorda que o prémio foi o reconhecimento nacional do trabalho que tem sido desenvolvido pelo Galandum Galundaina? Depois de alcançado o respeito e o reconhecimento do Nordeste Transmontano e mesmo, até, internacional.
R: Faço minhas as suas palavras.
5 @ O terceiro e último álbum, “Senhor Galandum”, não contando com o DVD, saiu em Dezembro de 2009. Ainda fresco, está no mercado há menos de um ano. Como é que está a correr em termos de vendas?
R: Começou a ser divulgado em Janeiro, mas eu penso que andará perto das 10 mil vendas porque muitos são vendidos nos concertos, outros nas FNAC. Por isso, não estarão muito bem contabilizadas, mas eu penso que este disco chegará facilmente a Disco de Ouro. Que são as 10 mil cópias.
6 @ Não está muito preocupado?
R: Não! Nós queremos fazer as coisas com muita calma e elas hão-de aparecer. Quando a qualidade é boa, aparecem. Agora, preocupa-me mais é manter este nível.
Sucesso e reconhecimento que advêm do rigor, do empenho e do talento
7 @ Tem alguma preferência por algum instrumento em particular?
R: Não tenho instrumentos preferidos. Além do projecto, toco muitos outros. Galandum Galundaina, em termos gerais, não é feito por músicos que tocam determinados instrumentos para fazer parte de uma banda. Pelo contrário, trata-se de tocar determinados instrumentos escolhidos pelo projecto. Nem que para isso, um dos elementos tenha de o aprender e estudar. Isto é muito importante! Quando se decide que um instrumento tem de fazer parte do Galandum, o músico tem que o tocar.
8 @ Há quantos anos e como surgiram os Galandum?
R: O projecto surgiu em 1996 com a intenção clara de preservar a cultura tradicional das terras de Miranda. Recolher, investigar, reproduzir e divulgar a cultura musical de Miranda e Trás-os-Montes em geral. O Nordeste Transmontano, no processo de globalização mundial, é um pontinho de uma colher de farinha, por isso, estarmos a restringir-nos ao planalto mirandês é demasiado. O Galandum é um projecto que já se pode rever no Nordeste Transmontano. Apesar do mirandês ter ficado ali encravado em Miranda, nos velhos tempos do Reino de Leão, era uma língua que se falava em todo o Nordeste Transmontano.
9 @ Prestes a fazerem 15 anos, pretendem comemorar essa efeméride de alguma forma especial?
R: Penso que não! Festejámos os 10 anos com a gravação de um DVD no Teatro Municipal de Bragança. Nos 15 anos, havemos de fazer alguma coisa, obviamente. Mas nós, todos os anos, fazemos imensas coisas. Nós estamos sempre em festas! É uma coisa boa que o projecto tem. Sempre que vamos a um sítio fazer uma demonstração estamos sempre em festa.
10 @ Têm actuado, de resto, um pouco por todo o mundo?
R: Sim! Mas, por exemplo, quando vamos a Espanha, nem conto isso como ir ao estrangeiro porque faz parte da Península Ibérica. No ano passado, estivemos em Cabo Verde, na Malásia e em França, em festivais internacionais. Mas já estivemos nos cinco continentes
11 @ De todos os países onde tocaram, qual foi aquele que mais lhe marcou mais afincadamente a memória pelos seus aspectos positivos?
R: O que me marcou mais? Foi Cuba. Pelos mais diversos factores... Agradaram-me as pessoas, a sua amabilidade, aquela gente tão boa que nada tem e é tão feliz, tão culta.
Paulo Preto, músico dos Galandum Galundaina
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