27 de janeiro de 2011

RITUAIS EM DISFARCE

Exposição “Rituais de Inverno com Máscaras” reúne acervo imaterial do Museu do Abade de Baçal

Abriu ao público, na terça-feira passada, a Exposição “Rituais de Inverno com Máscaras” no Museu do Abade de Baçal (MAB). Esta mostra artística e cultural, expressiva do complexo cerimonial festivo configurado pela presença de personagens mascaradas do Nordeste Transmontano, foi concebida e coordenada por Benjamim Pereira. Um projecto representativo das festividades de Inverno e como estas assumem um papel fundamental em termos de construção e projecção das identidades culturais em Trás-os-Montes. Trata-se, no fundo, da reposição da exposição que, em 2006, assinalou a última fase do processo de requalificação e ampliação do MAB. Para além de um documentário que, de certa forma, complementa a exposição, constituindo-se testemunho dos rituais abordados, os visitantes poderão contemplar fotografias, máscaras e trajes.
O autor deste projecto, uma das personalidades mais marcantes no panorama da museologia portuguesa e na área da etnografia, começou a trabalhar nesta temática entre as décadas de 1960/70. Culminando, depois, em 1973, no lançamento da obra “ Máscaras Portuguesas”. No período em que regressou ao terreno das máscaras transmontanas (1999-2001), Benjamim Pereira produziu, ainda, um conjunto de 500 diapositivos que documentam o fenómeno e que integram o arquivo do MAB. Um arquivo que manifesta um sólido conhecimento das festividades de Inverno em Trás-os-Montes e que se reveste de grande interesse cultural, considerando que o projecto foi exemplar no contexto do inventário do património imaterial do acervo do museu brigantino.

O MAB oferece, ainda, uma oficina de máscaras, promovida pelo artesão Amável Antão

No âmbito da divulgação e valorização do Património Cultural Imaterial (PCI), o Instituto dos Museus e da Conservação lançou, em 2008, a linha editorial “Arquivos do Imaterial”, que visa promover a edição de filmes que contribuam para a documentação dos múltiplos domínios do PCI, tais como tradições e expressões orais, expressões artísticas, manifestações de carácter performativo, práticas sociais, rituais e eventos festivos, concepções, conhecimentos e práticas relacionados com a natureza e o universo, ou processos e técnicas tradicionais.
Revisitar ou visitar, pela primeira vez, esta exposição, é uma ocasião que não se pode ou deve perder, de acordo com a directora do MAB. “Esta é uma oportunidade de revisitação destas festividades e, simultaneamente, uma oportunidade de nos interrogarmos, enquanto espaço identitários continuamente recriado, que políticas definir para o inventário do imaterial da região, a fim de não se repetirem as práticas menos felizes seguidas relativamente ao património material”, declarou Ana Maria Afonso.

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