28 de janeiro de 2011

"UMA ALDEIA DE VERÃO"

Entre uma população envelhecida, todos cuidam uns dos outros e juntos tomam conta de S. Martín del Pedroso

“Aqui já restam poucas pessoas. Talvez, não chegue às trinta… A gente jovem saiu para trabalhar para o estrangeiro, em países como a França ou a Suíça. Isto é muito pobre e partiram daqui”, admite Edmundo Lombo Garcia, nos alto dos seus 57 anos, enquanto, no centro de uma aldeia solitária, guarda o seu rebanho. S. Martín del Pedroso descansa a 15 minutos das imediações de Bragança. É uma aldeia espanhola fronteiriça, logo após Quintanilha. No centro daquele que é considerado o elo de ligação mais importante entre o Nordeste Transmontano e a província de Zamora, situada em Castela e Leão.
Com, aproximadamente, duas dúzias de habitantes, os raros afazeres das suas gentes imprimem cor e movimento a uma terra de si demasiado tranquila. Um sentimento silencioso, uma presença monótona que, por vezes, se esbate com a passagem de um animal solto ou de uma sombra humana.
As serpenteantes águas do Maças banham aquelas paragens. Onde, outrora, imperava um rio respeitado, de caudal distinto, o campismo era permitido. O que atraía muitas pessoas a escolherem esta pequena localidade, situada a seis quilómetros de Trabazos, como destino turístico de referência. Sobretudo, as da região. “Antes, muitas pessoas venham para aqui fazer campismo. Agora, já não é permitido. Ficavam na zona do rio. É internacional! Vai para Portugal. Metade do rio em Espanha, metade em Portugal”, afirma, categórico, Edmundo.
Só por altura do Natal e do Verão, nos meses de Julho e Agosto, é que o pequeno povo zamorano, conhecido pela sua união e hospitalidade, consegue reunir uma quantidade considerável de pessoas, conta uma idosa da aldeia, Adelaide Fernandez. A imperdível Festa de S. Martín del Pedroso, com o mesmo nome da aldeia e do seu padroeiro, é a 11 de Novembro e traz gente oriunda de várias paragens. “Há missa, procissão com o Santo, orquestra, baile, e vem muita gente jovem das aldeias mais próximas. Inclusive, portugueses”, garante a octogenária.

A Festa de S. Martín é o cume revivalista do momento, o ponto mais alto do ano que traz de volta o movimento e o sabor de idos tempos

Para além destes momentos perdidos no tempo, este é mais um exemplo de uma fronteira que podia ter mais trânsito e constituir uma boa opção para aceder às regiões norte de Portugal, Espanha ou Europa. O IP-4 chega mesmo até Quintanilha e o projecto da Auto-Estrada Transmontana espera-se que venha a ser uma realidade já em 2011, embora com portagens nas circulares de Vila Real e Bragança. Pela parte espanhola, a auto-estrada A-11 chega até Zamora, mas não se sabe ainda quando se iniciarão as obras de Zamora até à fronteira.
Mas enquanto se aguarda pelo futuro, resta contemplar o passado desta aldeia pertencente à comarca de Aliste e que goza de uma tranquilidade inigualável. S. Martín possui o petróglifo mais importante daquela região pertencente à Idade do Bronze. O Castro del Pedroso é outra ponto de visita fundamental para quem queira conhecer um pouco de história. Trata-se de uma muralha em granito, dada a conhecer por Gómez – Moreno em 1927 no seu "Catalogo Monumental de Espanha". O recinto amuralhado ocuparia uma extensão de três hectares, mas, actualmente, encontra-se num estado de conservação muito deficiente. A uma altura máxima de 766 metros, no Castro sobressai a presença de una pequena cavidade onde se encontram gravadas um importante número de inscrições, esquecidas por quase todos.



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