27 de janeiro de 2011

TRABALHAR A TERRA

Apesar do envelhecimento demográfico e do abandono da agricultura, os idosos continuam ligados à terra

No dia 12 de Janeiro, o Auditório da Escola Superior de Saúde de Bragança recebeu a realização de uma conferência subordinada ao tema “Dinâmicas da actividade dos idosos agricultores em Trás-os-Montes”. A convite do Núcleo de Investigação e Intervenção do Idoso, Sílvia Nobre apresentou as conclusões de um estudo que correlaciona os idosos com a agricultura em Trás-os-Montes. A docente mostrou os resultados do trabalho que desenvolveu nos últimos anos relativo aos idosos em meio rural e aos idosos ligados à agricultura. “Eu resolvi estudar os idosos ainda activos, independentemente, de estarem reformados ou não, que estão ainda em actividade na agricultura, em Trás-os-Montes. Eu estudei dois aspectos de sucesso em Trás-os-Montes: a criação de vacas mirandesas e a florestação de terras agrícolas”, revelou a docente da Escola Superior Agrária de Bragança.
“Basicamente, as conclusões a que eu cheguei foram: eles trabalhavam bastante, estavam abertos à inovação, às novas técnicas, sobretudo, se lhes facilitassem o trabalho e em face das limitações físicas que progressivamente iam tendo. Apesar de não terem sucessores nas explorações agrícolas, gostavam de ter um património rural preservado para deixar aos descendentes”, continuou Sílvia Nobre.
“Também verifiquei que, a partir do momento que com a idade começavam a auferir de uma reforma eles tendiam a deixar produções muito mais trabalhosas como, por exemplo, a das vacas, e passavam a concentrar-se em produções mais de culturas permanentes, de árvores, castanheiros, e fazerem aquela florestação que lhes permitia um trabalho mais sazonal e que lhes dava algum rendimento”, concluiu.


De acordo com a autora do estudo, os temas do envelhecimento demográfico estão “em grande discussão”. “Cada vez as pessoas duram mais tempo, a população está envelhecida e ao mesmo tempo cada vez nasce menos gente. Nessa medida, a proporção de idosos é maior e isso tem repercussões em termos sociais. Desde logo, nas dificuldades de pagamento das reformas e na assistência aos idosos”, informou Sílvia Nobre.
Questionada sobre o destino do mundo rural, Sílvia Nobre afasta qualquer pessimismo ou cenário catastrófico: “há agricultores mais jovens, muito menos, é certo, mas também fazem uma agricultura de outro tipo e também está por provar se alguém não vai regressar”.

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