4 de agosto de 2009

O FASCÍNIO DOS CÉUS

Observações estelares com a presença de dois astrónomos amadores proporcionaram, através de telescópios, imagens arrebatadoras da esfera celeste

A olho nu podiamos observar as constelações, a lua, através dos telescópios, era possível observar enchames estelares, nebulosas, Júpiter e Saturno. No telhado do Teatro Municipal, dia 10, e no Castelo de Bragança, dia 18, Alfredo Balreira e Felisberto Soares, astrónomos amadores e bancários de profissão, conduziram as sessões maravilhadas por um público boquiaberto que contemplava os mistérios do céu.
Uma dessas belezas extraordinárias que Felisberto já fotografou foi a nebulosa de Orion, já Alfredo, aponta a nebulosa do anel, a M57, como uma das suas observações favoritas.
Coincidindo com a abertura do programa Astronomia no Verão da Agência Nacional Ciência Viva, o Centro Ciência Viva de Bragança promoveu no Castelo de Bragança, a Noite das Estrelas que decorreu a partir das 22:00h deste sábado.
Tratou-se de uma iniciativa em que se propôs aos municípios desligarem as luzes de iluminação pública por um período de 1 hora. A ideia era convidar as pessoas para a rua e verem por elas próprias o resultado da ausência de poluição luminosa. O "apagão" das luzes públicas dar-se-á às 00:00 horas.
Fala-se em poluição luminosa quando nos referimos à iluminação mal direccionada, isto é quando a iluminação é dirigida para cima, ou para os lados, em vez de iluminar somente as áreas pretendidas. Esta forma de poluição resulta, na sua maioria esmagadora, de candeeiros e projectores que, por concepção inadequada ou instalação incorrecta, emitem luz muito para além do seu alvo ou zona de influência, sem qualquer efeito útil. A luz emitida para cima e para os lados reflecte-se e difunde-se nas poeiras e fumos em suspensão no ar, tornando o céu nocturno mais claro. A poluição luminosa é o resultado do mau planeamento dos sistemas de iluminação, não da necessidade de iluminação. Se cada candeeiro ou projector reflectir para baixo a luz que iria para cima (e para os lados), melhora-se a iluminação na área que interessa iluminar.
Esta iniciativa que contará com sessões públicas de observação, palestras, divulgação de um folheto, em todo o país, tem como objectivo chamar a atenção para o problema da poluição luminosa. Esta iniciativa integra-se no projecto chave (cornerstone project) “Dark Skies Awareness”.
A Noite das Estrelas, conduzido por astrónomos amadores e monitores do CCV de Bragança, com cinco telescópios, binóculos, mapas do céu, software de astronomia, entre outros suportes, teve entrada gratuita, à semelhança da primeira sessão, levada a cabo no dia 10 do corrente mês no telhado do Teatro de Bragança.
Astronomia, etimologicamente significa "lei das estrelas", com origem grega, povos que acreditavam existir um ensinamento vindo das estrelas, e é a mais antiga entre todas as ciências. Observar o céu estrelado tem sido muito mais que uma fonte de inspiração para o ser humano. O movimento dos corpos celestes revela-se periódico e por isso tem sido associado às variações do clima da Terra. Desde os tempos mais remotos, contemplar o firmamento era como assistir ao movimento de um imenso relógio, de extraordinária precisão, cujo mecanismo era preciso conhecer e dominar.
A sucessão dos dias e das noites, permitiu a primeira contagem do tempo. A presença de certos grupos de estrelas no céu passou a indicar os períodos de seca e chuva e portanto a época adequada ao plantio e à colheita.
A posição do Sol no horizonte ao longo do ano ajudou-nos a compreender as estações e o comprimento das sombras foi suficiente para medir o tamanho da Terra.A Lua, com suas fases, sugeriu os períodos mensais e semanais e explicou o ciclo das marés. Da ocasião adequada para o corte das madeiras ao ciclo menstrual da mulher, inúmeros foram os fenómenos cuja periodicidade foi associada a dos eventos celestes.Se não pudéssemos contemplar uma noite estrelada, jamais nos poderíamos ter aventurado pelos mares. As constelações guiaram navegantes chineses e ocidentais durante séculos. Na sua busca de desvendar as complexas engrenagens dos movimentos celestes, o génio humano foi criando novas ferramentas para entender a natureza. Sem Astronomia não conheceríamos as Leis de Newton. E foi a Mecânica Celeste quem inspirou o surgimento do cálculo diferencial e integral, utilizado hoje em meios tão diversos quanto a Medicina, Engenharia e Economia. Em tempos recentes a exploração do espaço não apenas aumentou nosso conhecimento sobre o Universo, como também não cessaram os benefícios obtidos por tais conquistas.
O empreendimento necessário para lançar um satélite ou uma nave tripulada trouxe ao nosso dia-a-dia a tecnologia dos microprocessadores, das vestimentas térmicas que protegem bombeiros e salvam a vida de bebes prematuros e o desenvolvimento de novos métodos de análises clínicas, entre tantos outros.
A logística presente no telhado do Teatro, propriedade de Felisberto, compreendia já alguma complexidade, os aparelhos eram de longo alcance e de tecnologia avançada. Estas iniciativas, “E agora eu sou Galileu”, com participação livre, pretenderam sensibilizar as pessoas, conta Felisberto, “andamos sempre a olhar para o chão, mas esquecemo-nos frequentemente de contemplar as maravilhas do firmamento”.

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