Museu Abade de Baçal concedeu a Bragança o privilégio de ser cidade anfitriã à presença do realizador centenário Manoel de Oliveira
O filme «Acto de Primavera», do cineasta Manoel de Oliveira, registou a maior enchente de que há memória no Museu Abade de Baçal (MAB). Integrado no ciclo de cinema «As Vozes do Silêncio – Trás-os-Montes no Cinema e no Museu», este é o seu primeiro documentário, concebido na década de 60, na aldeia de Curalha, concelho de Chaves, e retrata uma encenação da população sobre a Paixão de Cristo. A directora do MAB, Ana Maria Afonso, mostrou-se bastante satisfeita com a forma como decorreu o Ciclo de Cinema e, sobretudo, com a enorme afluência registada na quinta-feira. Precisamente, no dia em que os jardins do museu receberam cerca de 150 pessoas para assistirem ao filme “Acto de Primavera”, que contou com a pessoa do realizador.
Com 101 anos, Manoel de Oliveira é, actualmente, o único realizador secular da cinematografia mundial e espera concretizar mais dois filmes num futuro próximo. Com cerca de 80 curtas, médias e longas metragens, feitas, sobretudo, a partir dos seus 60 anos, este “Senhor” da Cultura Portuguesa, agraciado em todo mundo com prémios e homenagens, dispensa apresentações.
Quanto à presença de Manoel de Oliveira, Ana Maria Afonso confidencia: “Quando eu pensei na mostra, surgiu essa hipótese de trazer alguns realizadores, entre eles Manoel de Oliveira. Eu nunca pensei que se concretizasse, mas foi fantástico. É um orgulho e um momento histórico na história do museu e desta cidade. Espero bem que as pessoas tenham essa percepção e que valorizem esse gesto”.
Museu mostrou, em Ciclo de Cinema, portefólio de filmes e documentários rodados na região transmontana
Numa mostra rica e diversificada, desenvolvida em estreia absoluta pelo MAB, a programação esteve a cargo de António Preto. Para além do documentário ficcionado de Oliveira, no âmbito do Ciclo de Cinema, foram mais sete as películas visionadas. «Sabores», «Máscaras», «Matar Saudades», «Margens», «Veredas”, «Terra Fria» e «Ana» desfilaram, em exibição, no grande ecrã. De 1 a 4 de Setembro, as pessoas tiveram oportunidade de assistir a duas sessões diárias, com entrada gratuita. Alguns dos trabalhos contaram com a presença dos seus realizadores, como foi o caso de Regina Guimarães e Saguenail («Sabores»), Noémia Delgado («Máscaras»), Manoel de Oliveira («Acto de Primavera») e Ana Cordeiro Reis («Ana»), filha da realizadora.
“Acho notável tanta afluência. O Museu que eu conheci transformou-‑se completamente nestes últimos tempos e é importante que as pessoas venham, porque a maior parte delas ignora por completo os filmes feitos na sua região”, sublinha Saguenail, o realizador de origem parisiense que chegou a Portugal em 1975.
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