Empresário bragançano aponta a concorrência entre empresas marroquinas de transporte e as rivalidades derivadas da disputa de clientes como as causas mais prováveis do acidente que vitimou nove portugueses
“Parece que o condutor já estava a prever que algo fosse acontecer, pois ia a rezar na viagem. Pelo que se constou, aquilo pode ter sido provocado pela concorrência, por o dono ganhar mais passeios que outras empresas de transporte”, conta Marco Gonçalves. Este brigantino, numa excursão de quatro dias com um amigo, também ele de Bragança, embarcou no Paquete Funchal, em Lisboa, num cruzeiro que zarpou rumo a Gibraltar, Málaga e Ceuta. Na altura, falou-se em óleo, chuva, nevoeiro e excesso de velocidade como causas prováveis do acidente em Marrocos que vitimou nove portugueses, entre os quais, um adolescente, e fez mais de 20 feridos graves. Mas, Marco relembra o soturno episódio e lança novos dados sobre os eventos recentes, que poderão ajudar na depuração dos motivos por detrás do trágico acidente.
“Dois minutos após o autocarro cair, apareceram, logo, vinte e tal marroquinos que assaltaram os mortos e os feridos. Dinheiro, documentos, máquinas de filmar, fotográficas, telemóveis... Levaram tudo!”, assegura o jovem empresário. “Uma senhora disse-me que pareciam formigas a entrar no autocarro. Pensaram que os marroquinos estariam ali para os ajudar, mas o que eles fizeram foi agarrar em tudo aquilo que puderam e fugir”, recorda Marco, o relato de uma testemunha envolvida no acidente. “Parece que estavam avisados e preparados, que tinha sido tudo combinado, que sabiam onde e quando o autocarro iria cair, não estariam era a contar que o acidente causasse mortos… Mas, não deixaram de os roubar. É complicado!”, suspira.
O autocarro, de matrícula espanhola, transportava 44 portugueses, todos turistas do paquete Funchal, um guia marroquino e era conduzido pelo dono da empresa de transportes, que, segundo vários locais, tinha "muita experiência".
“Durante o percurso, o motorista teve várias discussões com condutores de outras viaturas e houve, até, um autocarro que não fazia parte do grupo e que chegou a tentar empurrar o autocarro dos portugueses para fora da estrada”, afiança Marco Gonçalves.
“As várias versões que eu ouvi, levam-me a crer que toda a situação pode ter sido um atentado bem conseguido. Um autocarro que se despista numa auto-estrada com centenas de metros de descampado e encontra óleo, precisamente, naquele local, onde existe uma ravina, é, no mínimo, estranho”, acrescenta.
“Chegaram a cobrir pessoas que, apesar de feridas, ainda estavam vivas. Apenas, tinham desmaiado!”
Os passageiros do Paquete Funchal iam conhecer a Riviera marroquina quando um dos cinco autocarros, o primeiro, aquele que seguia na frente, se despistou. A emergência médica não funcionou e duras críticas foram tecidas à assistência prestada por Marrocos. Não havia ambulâncias e as pessoas, incluindo os feridos, foram transportadas de volta para o paquete nos autocarros. Aliás, quem prestou os primeiros socorros às vítimas foram os ocupantes do segundo autocarro, que seguia atrás do acidentado. Entretanto, os ocupantes do segundo ficaram no local do sinistro para o seu autocarro poder trazer os feridos do acidente.
“No regresso, ao paquete, do segundo autocarro, os feridos foram assaltados pelos próprios polícias na fronteira. Chegaram a roubar passaportes e, inclusive, crianças. Mas os turistas dos cinco autocarros já tinham ficado sem os passaportes quando iam para lá”, garante o afortunado jovem, que não acordou a tempo de concretizar a excursão. “Nós adormecemos e fomos até Ceuta tomar o pequeno-almoço, mas a pé. Daí não termos ido a esse passeio”, afirma.
Nas palavras de Marco, houve pessoas que ficaram sem quaisquer cuidados médicos durante quase duas horas, feridas e bastante mal tratadas. “Teve que vir um táxi ao paquete buscar documentação para as pessoas poderem regressar a Ceuta, quase 60 bilhetes de identidade, pois os passaportes haviam sido roubados”, sustenta.
Revoltado com toda a situação, sobretudo, com a atitude “desumana” demonstrada pelos nativos em questão, desabafa: “Eu não quero falar mal dos marroquinos, mas eles são gente à parte. No regresso, estavam pessoas a precisar de assistência e eles só queriam ver a documentação para os deixar passar. Havia muitas a sangrar, a gritar, e eles só queriam ver a documentação. Não foram humanos!”
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