11 de setembro de 2010

CONCRETIZAR O SONHO DE VOAR

Céus meteorologicamente duvidosos recebem vinte e cinco aeronaves durante cinco dias no 9º Raid ao Noroeste Ibérico

Aconteceu, na quarta-feira passada, o jantar de recepção aos pilotos e participantes do 9º Raid ao Noroeste Ibérico organizado pelo Aeroclube de Bragança. Com mais de uma centena de pessoas presentes no restaurante “O Chefe Ruca”, na recepção de boas-vindas, o grande homenageado da noite foi mesmo o Coronel Tito Mendonça.
Com um vasto currículo na Força Aérea Portuguesa (FAP), o responsável pela vinda do bimotor turbohélice (“Anjo da Guarda”) CASA C-212 Aviocar, que efectua os baptismos de voo e, nos ares, auxilia e coordena os pilotos dos ultra-leves, despediu-se, já que, prepara a sua partida para Madrid como adido militar.
“Foi inteligente a homenagem que o Aeroclube quis fazer para o Chefe de Estado-Maior, mas também designando-o como sócio do Aeroclube. Significa isso que as responsabilidades da FAP para com este Raid Ibérico aumentaram, apesar da saída do Coronel”, sublinhou o presidente da Câmara Municipal de Bragança, Jorge Nunes.
No dia seguinte, às 9 horas, os pilotos partiram para Vilar de Luz, tendo ficado dois dias na Maia, já que os espanhóis quiseram visitar as Caves do Vinho do Porto. Depois, o trajecto continuou para Viseu e, domingo, para Espanha, mais concretamente para Lugo com direito a passagem sobre Bragança. Os amantes do voo recreativo terminaram a sua jornada ao Noroeste Ibérico em León, na terça-feira, onde se concluiu o Raid à mesa, da mesma forma como começou, com um jantar de encerramento. Em 2011, acontecerá precisamente o percurso inverso. O Raid partirá de León para Bragança.


Dado o elevado poder económico dos nossos vizinhos ibéricos, houve, nesta nona edição do raid, mais participantes do lado espanhol. “Este ano, temos cerca de 25 aeronaves e 60 participantes. Foram mais espanhóis porque eles têm um nível de vida melhor do que o nosso e, portanto, aderem mais. Dos 55, 60 participantes, temos 40 espanhóis e 20 portugueses”, contabilizou o presidente do Aeroclube de Bragança e director do aeródromo, João Rodrigues.
Quanto à enorme afluência do Raid Ibérico, o responsável justificou: “As despesas que temos são divididas por todos os pilotos, aqui ninguém ganha nada com isto. Por isso, é que tem a aderência que tem. Eu posso dizer que temos uma lista de espera na ordem dos 10, 12 aviões. Ou seja, estamos no número máximo de participantes”.
Outra novidade deste edição prendeu-se com o facto do Aeroclube de Viseu ter feito do Aeroclube de Bragança o seu Sócio Honorário Número Um. “É, para nós, um orgulho e uma honra muito grande recebermos tal distinção”, comentou João Rodrigues. (ver caixa).



COMO TUDO COMEÇOU

Numa relação entre Aeroclube de Bragança e AeroClube de Viseu com mais de 30 anos, a amizade e o apreço mútuo não poderiam ser maiores. “Nós já precisámos muita vez, mas muita vez, do Aeroclube de Bragança e esteve sempre ao nosso dispor em todas as ocasiões. É uma irmandade! Como quando nos guardou aí uns aviões”, relembrou o presidente do Aeroclube de Viseu, José Dias. Questionado sobre que aviões seriam esses, preferiu não comentar. “Esse é um segredo entre nós aeroclubes”, afirmou. Fizemos, então, a mesma pergunta ao presidente do Aeroclube de Bragança, João Rodrigues. “Eu vou-vos contar aquilo que, de facto, uniu os dois Aeroclubes e que quase ninguém sabe. Um segredo muito bem guardado! Na altura, ainda, o Dr. Luís de Carvalho era vivo e pediu-me para esconder duas aeronaves de Viseu. E meti-as no hangar!Agora, vejam a ginástica que eu tive de fazer para dizer a quem procurava pelas aeronaves que não havia nenhuma em Bragança”, recordou João Rodrigues. Naquele tempo, o Aeroclube de Viseu passava por algumas dificuldades e havia uma hipoteca das finanças sobre os seus bens e, então, em último reduto, havia que esconder as aeronaves, caso contrário, Viseu ficaria sem as mesmas. Depois desse gesto arriscado por parte de João Rodrigues, houve o reconhecimento por parte de Viseu, tendo as relações passado de boas a “excepcionais”, de acordo com José Dias. Situação que aconteceu há cerca de 15 anos.

João Rodrigues (esq.) homenageia Coronel Tito Mendonça, de partida para Madrid como adido militar

BAPTISMOS DE VOO  

António Sampaio, 60 anos

“Eu fui sargento da Força Aérea, portanto, tenho muitas, muitas horas no Ultramar. Mas a minha esposa é a primeira vez, por isso é que quis vir fazer o baptismo de voo.”

Mercês Pinela, 61 anos

“Esta minha primeira vez foi excelente! Correu tudo muito bem... A viagem é que foi curta demais. Não custou nada e não tive medo nenhum. Foi uma maravilha!”

Ana Catarina Fontoura

“Esta experiência foi muito boa! Foi a primeira vez que andei de avião e não tive medo! Nem a levantar, nem a aterrar. Voltaria a repetir! Foi um bocado curta a volta... Tínhamos ficado lá mais tempo.”




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