10 de outubro de 2010

"AQUI JAZ A MINHA CASA"

“Um olhar sobre o despovoamento do território transmontano na pele da primeira pessoa” por dois jovens da região"

Rui Pilão, realizador, e Aurora Morais, produtora, terminaram no dia 19 de Setembro as filmagens da média-metragem “Aqui jaz a minha casa”. A acção desenrola-se numa aldeia abandonada e acompanha o último dia de um homem que tem como única companhia o seu cão Tobias e as recordações de outrora. À conversa com os dois jovens, eles explicam a origem e a materialização do projecto que levou, somente, dois fins-de-semana em gravações.
“Esta ideia surgiu numa conversa de café em que o Rui sugeriu uma imagem para a exposição de fotografia que Aurora estava a produzir sobre Trás-os-Montes para a Festa do Avante. Como a imagem sugerida não se enquadrava no conceito da exposição, mas estava muito rica em detalhes e história, decidiu-se, então, aproveita-la para algo maior”, revelam. Da fotografia, nasceu a curta-metragem e, a partir do conto que Aurora escreveu, Rui fez o argumento.
Assim surgiu a curta-metragem, que, no entanto, virou média, sobre o despovoamento e a solidão a que a gentes das aldeias estão cada vez mais vetadas. “Sem querer revelar o final, a história retrata o último dia de um velho que vive sozinho numa aldeia. É sobre o despovoamento nas aldeias e é esse tema que tentámos dramatizar ao máximo, procurando chocar as pessoas”, desvenda Rui.
Sendo naturais da terra transmontana, Aurora e Rui decidiram avançar com este projecto mesmo sem apoios financeiros numa tentativa de alertar para um problema social inquietante e actual, assim como dar a conhecer a região de onde são naturais. “Tentámos arranjar apoios, mas conseguimos, apenas, o alojamento, por parte da Câmara Municipal de Vinhais, e respectivas autorizações da Junta de Freguesia de Vilar de Ossos e uma almoço da junta de Tuizelo”, informam os jovens, descontentes quanto à falta de apoios. Mas que, nem por isso, desanimaram. “É muito complicado! Estamos a fazer isto com as nossas mesadas. Eu sou estudante, o Rui acabou o curso há pouco tempo, e há muitas coisas que têm de ser pagas. Mas quando as pessoas virem os resultados, vão-se arrepender de não nos ter ajudado!”, avisa Aurora.


Com uma duração máxima de 35 minutos, o protagonista do filme é o actor/encenador Leandro do Vale. Formado pelo Conservatório de Lisboa, este brigantino tem dedicado a sua carreira à promoção da actividade teatral fora dos grandes centros e é, actualmente, o director Artístico do Teatro em Movimento. “Ele adorou, achou muito interessante o projecto e avançámos”, afirma Rui. Para além de Aurora, Rui e Leandro do Vale, a equipa é constituída por mais dois elementos de Braga: o director de fotografia, Tiago Ribeiro, e o operador de câmara, Sérgio Castro.
“Nós estamos a exceder as nossas expectativas. A forma como nós exploramos a imagem propriamente dita, incluindo o som, acho que vai mexer com as pessoas”, anuncia Rui Pilão.
Quanto à apresentação da média-metragem, ela será enviada para alguns dos principais festivais nacionais e internacionais para ser exibida, em princípio, no próximo ano.
Os jovens transmontanos aproveitam para agradecer a todos aqueles que os apoiaram e “ajudaram de boa-vontade”, inclusive, a Teresa Martins que cedeu a sua casa e às juntas de freguesia de Vilar de Ossos e de Tuizelo.




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