2 de junho de 2010

REGRESSO A CASA

Cerca de 100 crianças assistiram à libertação de uma Águia-de-asa-redonda no Parque Biológico de Vinhais

Na sexta-feira passada, ao princípio da tarde, foi libertada uma Águia-de-asa-redonda, também conhecida como Búteo (Buteo buteo), no Parque Biológico de Vinhais. Depois de ter sido recuperada no Centro de Recepção, Acolhimento e Tratamento de Animais Selvagens (CRATAS), na Universidade de Trás-os-Montes e Alto-Douro (UTAD), em Vila Real, a ave de rapina foi devolvida ao seu meio selvagem perante uma centena de crianças do ensino pré Escolar de Vila Flor. A águia foi recolhida pelo Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente da Guarda Nacional Republicana (SEPNA) de Chaves, em Dezembro de 2008, após ter sido vítima de um disparo que lhe fracturou o cúbito. A cura desta lesão deu-se através de um lento processo de recuperação, que passou por uma alimentação cuidada para a ave atingir o peso adequado e realização de treinos de voo e caça para ser reintegrada no seu meio natural.
“Temos uma grande preocupação em tudo aquilo que diga respeito à preservação, educação e sensibilização para as questões ambientais e, por isso mesmo, temos um plano pedagógico aprovado pelo Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) que já contempla várias actividades que, ao longo do ano, desenvolvemos com as escolas. Mas, há situações pontuais que gostamos de as comemorar com as crianças”, refere a directora do Parque Biológico de Vinhais, Carla Alves. “Temos um protocolo com a UTAD e sempre que nos chegam ao parque animais feridos ou que foram apanhados por alguém e não estão em perfeitas condições de saúde, nós encaminhamo-los para o CRATAS. Hoje, o centro de recuperação quis retribuir e trazer aqui uma águia-de-asa-redonda, um animal, também, da nossa região, para ser libertado aqui”, acrescenta.


Já o veterinário de serviço, Roberto Sargo, iniciou a libertação da águia após uma pequena palestra sobre o animal em questão. “Depois de ter sido vítima de um disparo, a águia foi recolhida por pessoas que andavam a pastar na zona de Montalegre e entregue ao SEPNA de Chaves. Finalmente, acabou o calvário, pois foi uma recuperação bastante complicada. Após a primeira cirurgia, foi submetida a uma outra, correctiva, depois teve um processo de ossificação muito longo, para passar um ano a recuperar a condição física, já que, tinha perdido muita massa muscular. Estes últimos 4 meses, teve de reaprender as técnicas de caça e mostrar que estava apta a ser libertada”, informa o veterinário.


A águia-de-asa-redonda (Buteo buteo) é uma das aves de rapina mais comuns em toda a Europa, sendo a águia mais frequente em Portugal. Apresenta dimensões médias (entre 600 a 1100g e 51-56cm de comprimento), um aspecto compacto, cabeça arredondada e cauda relativamente curta, cerradamente listrada nos adultos. A cor da sua plumagem é muito variável, desde quase branco a castanho-escuro, sendo que a zona dorsal é geralmente castanha e a zona peitoral mais clara. Distribui-se pela Europa, Ásia e algumas ilhas do Pacífico e ocupa todos os tipos de habitat onde existam árvores e terrenos abertos, sendo frequente nas orlas dos bosques.
A sua dieta baseia-se em pequenos mamíferos, principalmente ratos, mas podem complementá-la com lagomorfos (coelhos e lebres), aves, répteis, anfíbios e invertebrados, podendo também ter comportamentos necrófagos. Caçam normalmente a partir um poiso (são frequentemente observadas sobre os postes dos telefones ou de cercas) mas também em voo sobre terrenos abertos e até caminhando pelo solo. Embora seja uma espécie abundante apresenta várias ameaças, entre as quais se destacam electrocussão, abate e cativeiro ilegais, pilhagem de ninhos, incêndios florestais e atropelamento.

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