10 de dezembro de 2010

DE GREVE GERAL A PARCIAL

Centro de Saúde da Sé (na foto), Segurança Social e Linha Aérea foram dos únicos a registar uma adesão à greve próxima dos 100 por cento na cidade de Bragança

A União dos Sindicatos de Bragança (USB) transmitiu um cenário de “forte e expressiva adesão” à Greve Geral de 24 de Novembro no distrito. Mas o Jornal Nordeste (JN) saiu para as ruas e constatou uma realidade bem diferente, pelo menos, na capital de distrito. A título de exemplo, a Câmara Municipal de Bragança registou uma greve de 17,28 por cento. E essa percentagem foi sintomática daquilo que se passou na cidade de Bragança. Quer em termos de saúde, serviços e transportes. Três das áreas mais expressivas no quadro grevista nacional.
Começando pela saúde, a Unidade de Bragança do Centro Hospitalar do Nordeste, viu garantidos os serviços mínimos nas Urgências, se bem que, nos restantes quadrantes, a adesão foi baixa. No entanto, de acordo com os dados avançados pela USB, a adesão dos enfermeiros no turno da noite rondou os 70 por cento, enquanto que, no turno de dia, atingiu os 80 por cento. A adesão mais expressiva foi mesmo no Centro de Saúde da Sé, atingindo quase os 100 por cento. Com 6 dos 9 médicos e 16 funcionários a aderirem à Greve, não havia um único utente no Centro de Saúde à espera de ser atendido. Já o Centro de Saúde de Santa Maria a adesão foi quase inexistente. O JN procurou números concretos, mas foi remetido para o Agrupamento de Centros de Saúde de Alto Trás-os-Montes I – Nordeste. Aqui, uma funcionária da direcção disse não estarem autorizados pela Administração Regional de Saúde do Norte a divulgar os dados da adesão, apesar de os terem em seu poder, reencaminhando o nosso interesse para o Ministério da Saúde. No Tribunal de Bragança, o JN apurou que dos 41 trabalhadores, 9 magistrados e 32 funcionários, aderiram à Greve 8 pessoas. Destas, 3 são magistrados e 5 são funcionários do tribunal.

Sindicatos falam numa adesão superior a 3 milhões de portugueses, mas Ministra do Trabalho desmente

No Centro Distrital de Solidariedade e Segurança Social de Bragança, segundo dados da USB, houve uma adesão de 100 por cento nos serviços de atendimento e tesouraria, funcionando, apenas, o serviço mínimo. Tanto assim que o JN, na hora de almoço, esteve no Centro e este estava fechado. A justificação dada por um funcionário foi que, por só estar apenas uma pessoa no atendimento e por esta ter de ir almoçar, as portas do Centro tiveram de fechar. Já durante a tarde, a fila de pessoas era interminável. “Vim aqui entregar uma declaração, mas parece que as senhas não estão a funcionar e só uma pessoa é que está no atendimento. Acho que vou embora e venho cá amanhã”, afirmou António Oliveira, estudante do Politécnico, enquanto esperava na fila.
Na Direcção Geral de Finanças, o sindicato fala de uma adesão de 60 por cento. Na Repartição de Finanças, o JN apurou que dos 28 funcionários, somente 9 entraram em greve. A Secção de Cobranças foi mesmo a única a não funcionar.
Se a greve nos transportes foi das que mais afectou as pessoas por todo o país, o mesmo não aconteceu em Bragança. Rodonorte, Expressos e Santos mantiveram todos os horários dos seus autocarros. Contudo, das três linhas de Transportes Urbanos de Bragança, duas paralisaram a 100 por cento. Também a Linha Aérea Bragança/Vila Real/Lisboa e vice-versa paralisou a 100 por cento.
O Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) de Bragança estava praticamente vazio, mas o seu responsável máximo afirmou não poder adiantar dados da adesão, remetendo o JN para os Serviços Centrais do IEFP.
Os Correios de Bragança tinham, na parte da tarde, 4 funcionários em serviço, correndo o atendimento dentro da normalidade. No entanto, a USB adiantou que na distribuição, os CTT tiveram os serviços a meio gás, cerca de 50 por cento.


“grande maturidade cívica dos portugueses”

A Ministra do Trabalho, Helena André, apesar de ter reconhecido uma elevada adesão à greve na função pública e nos transportes, sobretudo, a sul, mencionou uma “grande maturidade cívica dos portugueses”, por estes terem mantido muitos dos serviços mínimos. Acrescentou, ainda, que no sector privado da economia se registou uma fraca adesão.
Já a Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) e a União Geral de Trabalhadores (UGT) vieram a público afirmar que mais de 3 milhões de portugueses aderiram à Greve Geral. No entanto, Helena André rejeitou os números avançados pelas organizações sindicais, preferindo falar em “greve tranquila”.

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