12 de janeiro de 2010

EXPORTAR PORTUGALIDADE


Das Terras de Miranda do Douro, vem a cultura que nos transcende a alma, invade e o corpo e nos liberta a mente


A Lérias – Associação Cultural, sedeada em Palaçoulo, foi fundada em Junho de 2008 com o objectivo de promover a cultura tradicional mirandesa, através do fomento da prática artística e pedagógica. Com cerca de 100 sócios, esta associação é constituída por uma escola de música, onde se administra o ensino de vários instrumentos, entre eles, a famosa gaita-de-foles. Conta, também, com um grupo de teatro, criado em Abril de 2009, com uma dúzia de jovens nas suas fileiras e, a face mais visível, é a musicalidade centenária dos “Anda Camino”.
“Realizamos um serviço público, fazemos animação de rua, em feiras temáticas como feiras medievais, do século XIX, gastronómicas e de artesanato. E para além de darmos bastantes concertos em Espanha, desde Madrid a Sevilha, e Portugal, sobretudo, no Norte do país”, revela a directora da Lérias, Diana Caramelo. Mais que administrativa, esta jovem é música dos “Anda Camino” e desempenha, também, o papel de produtora do grupo, recrutando músicos para certas e determinadas actuações, conforme necessidades específicas. “Depende de quem tenha disponibilidade para actuar, em dada ocasião, e de cada actuação especificamente, sendo que, num concerto, o número de músicos poderá chegar aos 7, 8 elementos”, afirma.
Tó André, o único do grupo nascido e criado em Palaçoulo, é o presidente da associação. Diana descreve-o como “multifuncional”, explicação que se deve ao facto de, não só tocar vários instrumentos, como ser também professor de Gaita-de-Foles.

“...espalhar cultura e começar a meter a “gaita” em tudo quanto é sítio.”

Já Tozé Ferreira, freelancer do grupo, toca percursão, normalmente, bombo, que é um dos instrumentos que faz parte do trio inicial, o tradifole, como música tradicional das terras de Miranda. “A nossa praça principal, o nosso mercado, é, de facto, a Espanha. Talvez, mercê do isolamento, por estarmos mais perto de Espanha do que do Porto. O panorama cultural, enfim, é o que nós sabemos, dedicado a outro tipo de músicas e só, excepcionalmente, é que se escolhe ouvir música de tradição. Mas nós continuamos e continuaremos a exportar Portugalidade”, manifesta convicto este músico de profissão.
“Para além do óbvio, de termos de sobreviver, interessa, acima de tudo, espalhar cultura e começar a meter a “gaita” em tudo quanto é sítio. Porque os nossos jovens estão ávidos de algo que lhes permita agarrar-se mais à terra e ao seu encantamento e a gaita-de-foles produz esse encantamento”, testemunha o percursionista.
Antoni Fernandes, o último elemento a compor o quarteto que actuou na I Jornada Gastronómica Micológica, em Vimioso, é um mestre na gaita-de-foles. Oriundo de Felgueiras, este músico trabalha na associação com sede em Palaçoulo, como professor do mesmo instrumento que dá gosto ouvi-lo tocar.

A Lérias – Associação Cultural aposta na inovação, diversidade e qualidade das actividades, no âmbito da criação, produção, organização e gestão de projectos artísticos e culturais, tentando sempre progredir à volta de uma evolução própria de um grupo de pessoas que faz questão de emanar tradição.
O seu grupo de teatro, criado recentemente, vai já no seu terceiro espectáculo. "O Burrico de Natal" foi a última peça elaborada e esteve em cena, para alunos, nas escolas de Miranda do Douro e Sendim, e em Palaçoulo para o púbico em geral.

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