FACTOS
Nomeado: Fernando Rodrigues Calado
Idade: 59 anos
Aniversário: 18 de Abril
Cargo: director do Centro de Formação Profissional
ENTREVISTA
1 @ Enquanto professor, ao serviço do ensino nos últimos 34 anos, como é que analisa o estado actual da educação em Portugal?
R: Todos os processos de ensino e aprendizagem são processos contínuos e, às vezes, com altos e baixos. Neste momento, chegámos a um ponto alto com todas as reformas que foram introduzidas nas escolas, com todos os equipamentos que estão a ser construídos. Acho que estamos no âmbito de uma grande maturidade. Realço, em relação ao sistema de ensino e aprendizagem português, um facto notável, em relação ao Agrupamento de Escolas do 1º Ciclo, uma vez que se tiraram imensas crianças que estavam nas escolas com um ou dois alunos para grandes agrupamentos onde têm todos os equipamentos sociais e onde são acompanhados por professores altamente qualificados. Isso é uma mais-valia em termos de aprendizagem e, sobretudo, em termos de socialização.
2 @ Quer dizer com isso que é manifestamente a favor do encerramento das escolas primárias nas aldeias, apesar da luta em contrário das populações?
R: Tenho a certeza que a história nos vai julgar pelo facto de termos mantido isoladas durante tantos anos uma ou duas crianças numa escola, sem a possibilidade de socializarem porque não tinham outros meninos com quem brincar. E nós sabemos que a socialização das crianças passa, em grande medida, pelo seu relacionamento com outras crianças, poderem jogar ou brincar. E isso era impossível! O assunto foi resolvido e as crianças de 1º Ciclo estão, agora, em grandes agrupamentos, onde têm apoio social, equipamentos a nível das novas tecnologias e onde podem fazer uma socialização adequada com outras crianças da sua idade. Algo que não vinha acontecendo no passado.
3 @ Então a revolta é exteriorizada por pais e população, mas nada significa para as crianças. Pelo contrário, elas ganham com essa mudança?
R: Precisamente! Só que temos aqui uma falácia. Costuma-se dizer que as aldeias morrem porque se lhe tiram as escolas. Mas é o contrário, a escola só encerrou porque a aldeia morreu. Ou seja, já não tem população suficiente para poder ter as suas crianças a fazer a escolaridade ao nível do 1º Ciclo na aldeia. As crianças não podem pagar pela desertificação das aldeias, não podem ser isoladas, mas sim apoiadas na sua socialização com um processo de ensino e aprendizagem adequado.
4 @ Em paralelo à docência, também já escreveu alguns livros. Fale-nos dessa sua experiência de autor?
R: A minha experiência como escritor tem sido um processo longo e, sobretudo, tem a ver com a minha participação em jornais. Aliás, eu tenho escrito em todos os orgãos de Comunicação Social regionais, com mais incidência nuns do que noutros, nomeadamente, com jornais que fundei e daí a minha paixão pela escrita. Em termos de publicação, “só” escrevi meia dúzia de livros.
5 @ E, neste momento, está com algum projecto em escrita?
R: Estou a escrever um livro que tem a ver com a gastronomia transmontana. São uma série de contos, onde, em todos eles, as suas personagens aparecem a elaborar um prato ou a falar sobre ele. “Histórias dos comeres transmontanos”, com um subtítulo de uma expressão bem transmontana: “Vou-me a comer e vou-me à cama”. É uma obra para sair em breve, pois está praticamente concluído.
6 @ Como escritor, digamos, da “velha guarda”, como é que vê a sincronização dos autores com as páginas sociais? Nomeadamente, o Facebook.
R: Descobri essa nova realidade há já algum tempo, o Facebook. Onde, efectivamente, publico, a cada passo, textos da minha autoria. O que considero uma experiência fascinante porque obtemos, logo, o feedback daquilo que estamos a dizer ou a fazer.
7 @ Foi o co-fundador do jornal “A Voz do Nordeste” e, também, o director de uma das revistas mais antigas da cidade, “Amigos de Bragança”, agora, em stand-by. Na qualidade de profissional da comunicação, como é que observa o jornalismo “made in Trás-os-Montes”?
R: A imprensa está a prestar um bom serviço à comunidade. Quem se dedica ao sacerdócio do jornalismo, de facto, tem de ter todo o apoio e contributo emotivo, financeiro, de colaboração das comunidades porque os jornais e as rádios locais são uma mais-valia para a projecção e desenvolvimento económico da região. Eles trabalham de uma forma árdua e interessante no nosso distrito. Sem dúvida! Seria uma pobreza se nós não tivéssemos uma voz permanente, activa, actuante da imprensa. Trata-se, sobretudo, de alertar o poder local, regional e nacional, das nossas carências, das nossa necessidades, mas, também, da nossa riqueza em aspectos tão diversos. É natural que gostemos mais de um em particular, pela forma como se expressa, nas todos os meios de comunicação regionais são notáveis no esforço de levar a voz daqueles que não têm voz, onde ela tem que ser ouvida.
CURIOSIDADES
Livro: “O Principezinho” de Saint-Exupéry
Banda sonora: “Love Story”
Filme: “E tudo o vento levou”
Artista: Zeca Afonso e Sérgio Godinho
Um destino: Grécia
Clube: FC Porto
Interesses: Música e escrita
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