“Não encadeados pelo brilho efémero dos paraísos artificiais do sexo, da droga, do dinheiro e da futilidade das telenovelas"
Na tradicional procissão do Enterro do Senhor, em dia de Sexta Feira Santa, a população acudiu em massa ao chamamento de Cristo Ressuscitado, apesar da chuva que se fez sentir. Em época de abstinência, o bispo de Bragança-Miranda, D. António Montes Moreira, afirmou que participar nesta procissão é, simultaneamente, um acto religioso, embora não litúrgico, e uma expressão cultural da nossa região. “Encarar as formas da piedade popular da Semana Santa como simples acontecimentos culturais, seria uma visão incompleta e redutora que esqueceria o conteúdo religioso da mensagem, para considerar apenas a sua roupagem, a sua expressão cultural exterior”, sublinhou.
“Para ser cristão praticante, não basta participar em procissões, nem sequer frequentar a igreja. É preciso que os ritos celebrativos litúrgicos ou populares sejam expressão de fé pessoal e tenham incidência positiva na vida quotidiana”, defendeu D. António Montes Moreira.
Ao longo do seu discurso, frente à Igreja da Misericórdia, como, de resto, é hábito, o prelado salientou, ainda: “é louvável transportar a imagem de Cristo Morto pelas ruas da cidade, mas, para que esta procissão seja um acto religioso e não um mero acontecimento cultural ou um rito vazio de significado, é necessário levarmos em nós próprios a imagem de Cristo vivo e ressuscitado. Ou melhor, sermos nós próprios imagens vivas de Cristo Ressuscitado com uma vida coerente de cristãos empenhados”.
Uma vida sã, que toma como ponto de partida a assiduidade à missa de Domingo, “uma vida pessoal de verdade, honestidade e cumprimento do dever. Na harmonia da vida familiar, vivendo a juventude num estudo sério e divertimento sadio, com abertura em ideais nobres, não encadeados pelo brilho efémero dos paraísos artificiais do sexo, da droga, do dinheiro e da futilidade das telenovelas”, expressou D. António Montes Moreira.
No encerramento de um discurso iluminador, o bispo diocesano advogou que se deve exercer a actividade profissional no sector público e privado, “não em estilo de competição, mas em atitude de serviço e de solidariedade para com todos, particularmente, dos mais desfavorecidos”. Tudo para não sermos, “apenas cristãos de nome e, na realidade, vazios”, terminou o clérigo.
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