Cidadãos protestam contra o perigo que representa uma ponte que atravessam diariamente
Um grupo de 30 moradores do bairro Fundo da Veiga, em Bragança, manifestou-se, no passado dia 3, contra a falta de segurança na antiga ponte ferroviária do Fervença, onde há cerca de 2 meses se registou uma queda mortal. Esta tomada de decisão, pensada pelos dois irmãos da vítima, Maria Quintana e João Granadeiro, deve-se ao abandono da ponte e à precariedade de cada travessia. Ao utilizá-la diariamente, a população local evita uma caminhada de 3 quilómetros, distância a que se situa o acesso mais próximo para a cidade.
Sabendo de antemão que a ponte foi construída para comboios e não para peões, os habitantes temem pela sua segurança, já que, muitos ousam atravessá-la, bem como das crianças, que usam aqueles terrenos para brincar. Assim, pretendem que a REFER ou a Câmara Municipal de Bragança, efectuem obras de reparação capazes de dotar a ponte de segurança pedonal.
“A nossa intenção é fazer com que a ponte seja chapeada para que as pessoas possam atravessá-la com segurança. Os moradores continuam a passar, pois a cidade fica mais perto e deste lado não há nada, não há comércios, nem cafés”, afirma João Granadeiro.
A sua irmã, Maria Quintana, partilha da mesma opinião: “os moradores precisam de ir ao Centro de Saúde ou à farmácia, mesmo para ir buscar pão, e têm de dar uma volta enorme. A ponte faz muita falta”.
Inconformada, esta família manifesta-se revoltada contra o actual estado da ponte. “Está cheia de buracos. Se as pessoas tiverem de passar, passam, sem qualquer problema. Falo de crianças e idosos. Mesmo os mais novos brincam nestes terrenos e não queremos que aconteça o mesmo que aconteceu ao nosso irmão”, defende João Granadeiro. “Há que aproveitar a estrutura existente”, considera este habitante da freguesia de Gostei, que sustenta: “componham a ponte ou, então, que a mandem abaixo!”
A presidente da Junta de Freguesia de Gostei, Carolina Fernandes, foi convidada a estar presente, mas a sua não comparência ainda frustrou mais os manifestantes. “Estou muito desanimada com ela, pois devia estar aqui connosco. Quando foi para pedirem votos, vieram buscar o meu falecido irmão de pijama para votar, mas quando precisamos deles nunca aparecem”, protesta Maria Quintana.
“Só arranjam as coisas depois de algo acontecer. Esta ponte devia ter sido arranjada mal o comboio deixou de passar, há 19 anos atrás. Mesmo após ter havido uma vítima nada fazem. É inadmissível”, testemunha, incrédulo, João Granadeiro.
Recorde-se que José Granadeiro Torrão, cujo corpo estava desaparecido há três semanas, foi encontrado cadáver no rio Fervença, a 2 de Março, na zona da represa das hortas da Coxa, em Bragança, e terá, alegadamente, caído quando efectuava a travessia da ponte.
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