26 de abril de 2010

TUA A PATRIMÓNIO NACIONAL

Cidadãos pretendem classificação da Linha do Tua como Património de Interesse Nacional


Um grupo de cidadãos que tem vindo a lutar pela preservação da Linha do Tua, bem como individualidades do meio cultural, artístico, académico, científico, ambientalista e político, defendem a sua classificação como Património de Interesse Nacional. Neste sentido, irão entregar no Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR), o requerimento inicial com vista à abertura do processo de classificação da Linha Ferroviária do Tua como Património de Interesse Nacional, sustentado na Lei nº 107/2001de 8 de Setembro (Lei de Bases do Património Cultural).
A Linha do Tua merece essa classificação, segundo os requerentes, não só por ser uma obra-prima da engenharia portuguesa, constituindo-se como um exemplar único do património ferroviário e industrial do nosso país, mas também devido à sua relevância histórica. Estes cidadãos consideram, ainda, que este património ostenta um elevado potencial para o desenvolvimento turístico da região.
O requerimento será entregue ao presidente do IGESPAR (Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa) na próxima sexta-feira, dia 26 de Março, pelas 11.00h, momento em que será divulgado o nome dos subscritores.
A Linha do Tua, via métrica com mais de 120 anos, foi inaugurada a 27 de Outubro de 1887, entre o Tua e Mirandela, com a locomotiva Trás-os-Montes, tripulada pelo engenheiro Dinis da Mota. Compareceram às concorridas cerimónias na estação de Mirandela D. Luís I e o Príncipe Real. A 1 de Dezembro de 1906 o comboio chegou a Bragança.
Esta obra de engenharia, assinada por Dinis da Mota, percorre 133,8 quilómetros, do Tua a Bragança. Com os sucessivos encerramentos, actualmente, funcionam 16 quilómetros, do Cachão a Carvalhais. O último troço a ser encerrado foi entre o Tua e o Cachão, depois do acidente ocorrido em Abrunhosa, a 22 de Agosto de 2008, do qual resultou um morto. A linha não será reactivada enquanto não forem apuradas as causas do acidente. Acidentes que aconteceram, de acordo com o presidente da Assembleia Municipal de Mirandela, José Manuel Pavão, por “falta de apoio, de acompanhamento e de assistência técnica a estas vias ferroviárias”. Quanto à investigação que, ainda decorre, afirma: “Somos um país que tudo adia, sobretudo, adiamos a justiça”, recriminando o Governo e a sua “atitude estratégica de habilidades reprováveis que podem conduzir ao encerramento da linha, uma vez que os cidadãos se cansem de lutar”.
O autarca de Mirandela, José Silvano, defensor da Linha, sempre colocou a hipótese dos 53 milhões de euros, que a EDP teve de pagar ao Estado para a concessão provisória da barragem projectada para a foz do Tua, servirem para a criação de um fundo de investimento para desenvolver a região. Um desenvolvimento que, na opinião do responsável, em detrimento da barragem, seria muito maior caso a linha até Bragança fosse reactivada, inclusive com uma ligação a Puebla de Sanábria, Espanha.

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